Tribuna Ribeirão
Política

Prefeito arquiva a revisão do ‘IPTU’

JF PIMENTA-ARQUIVO

A prefeitura de Ribeirão Preto desistiu de revisar a Plan­ta Genérica de Valores (PGV) neste ano, que alteraria o valor venal dos imóveis com reflexo no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de 2020. Em entrevista a um programa de televisão, o prefeito Duarte No­gueira Júnior (PSDB) disse que desistiu de enviar o projeto para a Câmara de Vereadores.

A PGV também não deve ser revisada em 2020. Duarte Nogueira não pretende discutir o assunto novamente. “Cumpri minha obrigação de enviar a re­visão (da Planta Genérica) para a Câmara, que rejeitou. Dessa forma, não vou entrar nessa dis­cussão. Até o fim do meu man­dato, não haverá um novo pro­jeto”, disse no programa de TV. O tucano deve ser candidato à reeleição no ano que vem.

Em 8 de outubro, a prefeitura de Ribeirão Preto também retirou da pauta de votações da Câma­ra o projeto que elevaria, de 2% para 3%, a alíquota do Imposto de Transmissão “Intervivos” de Bens Imóveis (ITBI). Durante a cam­panha eleitoral de 2016, Duarte Nogueira disse que não pretendia elevar impostos e que a crise fi­nanceira seria superada por meio de outras alternativas.

No ano passado, a prefeitura tentou revisar a Planta Gené­rica de Valores, mas, em 13 de dezembro, em sessão extraordi­nária, a Câmara de Vereadores rejeitou a proposta do Executi­vo. Com a decisão, a Secretaria Municipal da Fazenda teve que reajustar o IPTU em 4%, com base no Índice Nacional de Pre­ços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente à inflação acumulada entre novem­bro de 2017 a outubro de 2018 – o mesmo que foi usado para corri­gir as taxas do município e o Im­posto Sobre Serviços (ISS).

Porém, donos de chácaras reclamaram que alguns boletos chegaram com reajuste de até 1.500%. Neste ano foram emi­tidos 313.878 carnês. Em 2017, após muita polêmica, o Execu­tivo desistiu da atualização da PGV e corrigiu o tributo em 1,83%, baseado no INPC. A pro­posta da Secretaria Municipal da Fazenda era emplacar reajuste de até 100% – 50% no ano pas­sado, mais 25% em 2019 e 25% em 2020. Em 2017, o aumento foi de 8,5% com base no INPC – no período anterior (2016) havia sido de 10,33%.

Durante a última semana, o Tribuna questionou a prefeitura sobre o que o governo pretende fazer em relação ao IPTU do próximo ano, mas a Coordena­doria de Comunicação Social (CCS) não recebeu, dos setores responsáveis, as respostas aos questionamentos feitos. A re­portagem apurou, entretanto, que uma proposta de revisão da PGV está pronta e foi encami­nhada ao Palácio do Rio Branco.

Também existe um estudo elaborado com alternativas que poderão ser adotadas pela ad­ministração municipal, caso a revisão da Planta Genérica de Valores, como garante o prefeito Duarte Nogueira, efetivamen­te não saia do papel. De acordo com o presidente da Comissão de Finanças, Orçamento, Fis­calização, Controle e Tributária da Câmara, vereador Alessando Maraca (MDB), a demora para o envio pelo governo de proposta relacionada à PGV já se tornou recorrente em Ribeirão Preto.

Ele explica que sem um pra­zo maior para que as comissões e os vereadores analisem o as­sunto fica impossível aprovar qualquer mudança, por mais que possa ser justificável. “Te­mos que ter tempo para anali­sar o projeto, pois isso tem que ser feito caso a caso, bairro a bairro. Esta análise passa pela verificação da valorização ou desvalorização que cada bairro teve ao longo dos anos”, afirma o parlamentar. Para ele, neste ano não será mais possível analisar a eventual revisão da Planta Ge­nérica de Valores.

No ano passado, a maioria dos vereadores argumentou que o projeto barrado onerava a popu­lação mais pobre em detrimento a regiões consideradas nobres da cidade. Afirmaram ainda que a proposta deveria ter sido envia­da ao Legislativo com um prazo mais amplo para ser analisada e discutida pela Câmara.

O projeto votado foi um subs­titutivo do Executivo, já que a proposta original recebeu parecer contrário da Comissão de Cons­tituição, Justiça e Redação (CCJ). Previa elevação do valor venal de imóveis em regiões como a Norte e a Oeste, de 300% em média. Já a segunda estabelecia um reajuste médio do IPTU de 28% – o teto “extraoficial” seria de 40%.

A Planta Genérica não passa por mudanças desde 2012 – o projeto aprovado começou a va­ler em 2013, com um limitador de 130% aprovado pela Câmara, mas muitos contribuintes rece­beram carnês com aumentos su­periores a 500%. Pela estimativa da administração, com a nova PGV a arrecadação em 2019 au­mentaria 30,3%, com acréscimo de R$ 120 milhões.

Ou seja, passaria de R$ 396 milhões previstos para este ano para R$ 516 milhões. Para 2020 a previsão de arrecadação do imposto estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA) em análise na Câmara é de R$ 390,51 milhões, ou seja, quase o mesmo valor deste ano, indicativo de que a revisão da PGV foi engavetada.

Em 2018 a administração municipal alegou que o proje­to corrigia distorções do valor venal dos imóveis por causa da dinâmica e heterogeneidade do mercado imobiliário. Isso porque, segundo o governo, a atual avaliação dos imóveis prediais se encontra absoluta­mente defasada, ocasionando, por conseqüência, injustiças no lançamento do IPTU, com evi­dentes alterações nas caracterís­ticas físicas da cidade e notórias variações nos preços de casas, apartamentos e afins.

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