O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) a pedido da Associação Paulista de Supermercados (Apas), registrou 1,75% de inflação em fevereiro, acumulando alta de 12,57% nos últimos doze meses.
O índice mensal revela que o mês de fevereiro foi o último do ano sem os impactos da guerra na Ucrânia na economia. O efeito será conhecido a partir de março. Os preços em fevereiro são resultado de pressões especulativas sobre commodities, estoques, entre outras variáveis, que vinham ocorrendo desde o começo do ano.
É o caso do trigo, cuja cotação já apresentava volatilidade desde janeiro. Os preços internacionais do grão e a depreciação cambial do real respondem pela inflação de 2,30% na cesta de produtos panificados de fevereiro. O acumulado nos últimos doze meses chegou a 12,50%.
O Brasil consome aproximadamente 12,5 milhões de toneladas anuais do grão. Como Rússia e Ucrânia representam 30% de todo o trigo negociado no mundo, a oferta do produto sofrerá um choque por causa da guerra, mesmo com as estimativas de que a produção local será 23% maior em relação à safra passada.
Os hortifrutigranjeiros apresentaram inflação de 9,07% em fevereiro e 17,97% no acumulado dos últimos doze meses. A alta também é reflexo do elevado custo que já existia nos fertilizantes somado às alterações climáticas no Brasil, com diferentes regiões produtoras sofrendo pelo excesso ou falta de chuva, comprometendo lavouras e safras.
Na contramão das demais proteínas animais, a suína apresentou deflação de 7,21% nos últimos doze meses. A redução nos preços é resultado do aumento de produção de 2021, que cresceu 4,86% em relação ao mesmo período do ano anterior. Para o economista da Apas, Diego Pereira, essa é uma ótima opção para o consumidor.
“Em fevereiro, os principais cortes apresentaram deflação e a tendência é que esse cenário se repita ao longo do primeiro semestre de 2022”, aponta Pereira. “Apesar do custo de produção voltar a preocupar os produtores, a oferta de proteína suína tende a se manter maior do que a demanda em virtude dos problemas logísticos que a Rússia deve enfrentar para adquirir o produto brasileiro”, explica o economista.
Os preços das bebidas alcoólicas registraram em fevereiro inflação de 1,54%, e 4,78% nos últimos doze meses. O destaque é a cerveja, que apresenta o maior peso entre os outros produtos do grupo e inflacionou 1,65% no mês. “Em 2021, muitas empresas conseguiram absorver a elevação dos fretes marítimos, mas, com a alta do barril do petróleo, esses custos começaram a ser repassados”, explica Pereira.
As bebidas não alcoólicas apresentaram inflação de 0,84% em fevereiro e 8,28% nos últimos doze meses. A cesta de produtos de limpeza subiu 1,47% em fevereiro e acumulou 14,82% nos últimos doze meses. E os artigos de higiene e beleza apontaram inflação de 0,24% em fevereiro e 11,37% nos últimos doze meses. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em seis categorias.
Sobre a Apas
Com 50 anos de tradição, a Associação Paulista de Supermercados representa o essencial setor supermercadista no Estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abastecimento com a sociedade. A entidade possui três distritais na cidade de São Paulo e 13 regionais distribuídas estrategicamente pelo estado.
Conta hoje com 1.505 supermercados associados que somam 4.315 lojas. A Regional Ribeirão Preto emprega cerca de 31 mil pessoas que trabalham em 325 supermercados nesta região. É composta por 78 cidades e possui 121 associados em toda sua área de cobertura. O empresário Rodrigo Canesin, do Supermercado Canesin, é o atual diretor regional da entidade.
Responde por 4,10% do faturamento do setor supermercadista no Estado de São Paulo, o que equivale a mais de R$ 1,9 bilhão. No último ano, foram criados mais de 480 novos postos de trabalho. Atualmente, o essencial setor supermercadista emprega mais de dez mil pessoas somente na cidade de Ribeirão Preto.