Tribuna Ribeirão
Economia

Preços devem esfriar as vendas na Páscoa

© Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Páscoa do brasileiro nes­te ano será mais salgada. Além dos produtos da cesta básica em alta, o preço do chocolate teve o maior aumento desde 2016, enquanto o bacalhau su­biu, em dólar, 86%. Por causa desse movimento, as receitas do setor não devem superar o faturamento do período ante­rior à pandemia.

A expectativa é de que as vendas cresçam 2,8% neste ano em relação ao mesmo período de 2022. Na Páscoa deste ano, a previsão é de que o comércio fature R$ 2,49 bilhões, segundo projeções da Confederação Na­cional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em 2019, antes da pandemia, o nú­mero chegou a R$ 2,56 bilhões.

De acordo com o econo­mista-chefe da CNC e respon­sável pelas projeções, Fabio Bentes, o fato de a inflação brasileira estar concentrada em alimentos e combustíveis explica o fraco desempenho esperado para as vendas neste ano. “A população consome menos itens de Páscoa para fa­zer frente aos gastos essenciais.”

Menor apelo
Bentes lembra que a infla­ção de alimentos acumulada em 12 meses está acima de 10% e a inflação dos combus­tíveis está voltando com o fim das isenções tributárias. Além disso, a data não tem um ape­lo tão forte de vendas como o Natal e o Dia das Mães, por exemplo. É apenas a sexta data mais importante para o varejo. Desemprego e inadimplência elevada das famílias também esfriam o consumo.

Reajustes
Nas contas da CNC, con­siderando a variação do Índi­ce de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (que é a prévia da inflação oficial apurada pelo IBGE) nos últimos 12 meses, a cesta de produtos de Páscoa deste ano deve ficar 8,1,% mais cara. Esse resultado supera a inflação média geral do perío­do, que foi de 5,5%.

“Se a projeção for confir­mada, essa será a maior varia­ção da cesta de Páscoa desde 2016”, afirma Bentes. Naquele ano, a alta havia sido de 10,3%. Bolos (alta de 15,9%) e choco­lates (13,9% mais caros) são os focos de inflação da cesta de Páscoa deste ano. A cesta é composta por oito itens mais consumidos na data.

O economista observa que a inflação global elevada também deve ter impactos no desempe­nho da Páscoa. As importações de bacalhau, por exemplo, um produto que costumava ser o carro-chefe das compras no exterior ao lado do chocolate, caíram 32,7% em quantidade na comparação com a Páscoa de 2022, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Ex­terior. No caso do chocolate, houve aumento das importa­ções – de 6,5% em relação ao ano passado – sem, no entanto, igualar os volumes de 2020, de três mil toneladas.

Tanto o chocolate quanto o bacalhau importados tiveram alta em dólar – de 10,9% e 86%, respectivamente – no período. Isso explica, segundo Bentes, a baixa predisposição do comér­cio para ampliar as importações desses itens. “A aposta do vare­jo é no produto mais popular”, afirma o economista, destacan­do que os importados carregam inflação em dólar.

Abras
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) afirma que a Páscoa deste ano deve ele­var em 15% o volume de ven­das do setor, em relação ao que foi visto no mesmo período de 2022. Vai ter os ovos de choco­late com pesos, preços e marcas variados para atender todos os consumidores, aponta.

Segundo os supermerca­distas, em média 20% das en­comendas foram distribuídas para ovos de 100g a 521 gramas, além de ovos com brinquedos ou brindes. Já os mini-ovos, coelhos, barras de 60 gramas até 101 gramas devem repre­sentar 25,1% do volume e os bombons, de 77g a 250 gramas, 26,7% do volume.

Outros itens que devem impulsionar o consumo em volume no período são colom­ba pascal de chocolate (14,4%) e colomba pascoal de frutas cristalizadas (23,8%). Segundo a Abras, a maior demanda pe­los produtos se dá na semana que antecede a Páscoa, com aumento de 50%.

Para o almoço, os destaques da categoria são peixes em ge­ral (19,6%), bacalhau (18,9%), ovos de galinha (17,3%), batata (15,4%), azeitona (14,4%), azei­te (14,3%). Na cesta de bebidas, o consumo deve ser puxado por cerveja (23,7%), vinho im­portado (20,6%), suco (19,3%), refrigerante (18,7%) e vinho nacional (17.7%). Quanto ao preço médio, os ovos de cho­colate e as bebidas devem ficar, em média, 13% a 18% mais al­tos e os alimentos 17%.

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