Tribuna Ribeirão
Economia

Preço do frango pode cair no país

O embargo da União Europeia ao frango brasileiro poderá tornar o produto mais barato no Brasil, de acordo com a Associação Bra­sileira de Proteína Animal (ABPA). A expectativa é que o produto que seria exportado para a Europa seja comercializado no mercado interno, aumentando a oferta e fazendo com que o preço caia, so­bretudo nos locais onde estão as unidades de produção proibidas de vender para o bloco.

“A gente deverá ter um impac­to negativo no mercado interno por força de um excesso de oferta, em um primeiro momento. Mas é im­portante que se diga que essa ofer­ta não será muito grande porque o Brasil já vinha diminuindo as vendas para a Europa em um processo gra­dativo por conta dos critérios equi­vocadamente usados pelo bloco”, diz o vice-presidente de Mercado da ABPA, Ricardo Santin.

A União Europeia anunciou na quinta-feira (18) que vai descreden­ciar 20 plantas exportadoras da lista de empresas brasileiras autorizadas a vender carne de frango e outros produtos para os países que com­põem o bloco econômico formado por 28 países. Ao todo, unidades de nove empresas serão afetadas, de acordo com a ABPA. A lista oficial ainda não foi divulgada e, segundo a associação, o relatório da decisão deve vir a público em 15 dias.

Além de uma maior oferta no mercado interno, a decisão, segun­do Santin, deverá gerar demissões e afetar o trabalhador. “Vai haver uma adequação das empresas que não vão produzir se não tiverem mercado”, diz. Santin ressalta que, atualmente, os trabalhadores de quatro plantas, sendo três três da BRF – dona da Sadia e Perdigão – e uma da Aurora, estão de férias co­letivas. “São cinco mil trabalhadores que não estão trabalhando”, diz.

A decisão da União Europeia ocorreu após a terceira etapa da Operação Carne Fraca, deflagrada em 2017, pela Polícia Federal para investigar denúncias de fraudes co­metidas por fiscais agropecuários federais e empresários. A chamada Operação Trapaça, deflagrada em 5 de março, teve como alvo a BRF. O grupo é investigado por fraudar resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactéria Salmonella pullorum. Em nota, a BRF negou risco à saúde para população.

Ainda não há confirmação oficial, mas segundo o ministro da Agricul­tura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, a BRF deverá ser a empresa mais impactada, com as nove plantas autorizadas a exportar atualmente para o bloco suspen­sas. Maggi diz que a decisão da UE é apenas comercial e que irá acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). A data para que isso ocorra ainda não está definida. O assunto já foi, segundo a pasta, levado ao pre­sidente, Michel Temer, e os estudos para a solicitação do painel junto a organização estão em andamento.

Santin ressalta que o frango não oferece riscos à saúde e que os bra­sileiros podem comprá-lo sem pre­ocupação. “O frango é a carne mais consumida no Brasil e a mais barata. Não há nenhum risco nesse caso, trata-se de um problema comercial.” Ele explica que as salmonellas pre­sentes na carne “são aquelas que morrem com cozimento, em tem­peratura acima de 70 graus Celsius. A água ferve a 100 graus, ou seja, qualquer processo de cozimento já inativa a bactéria. Ela [a bactéria] está presente em todo o mundo”.

De acordo com a ABPA, o Bra­sil é o maior exportador de carne de frango do mundo. Ao longo de quatro décadas, o país embarcou mais de 60 milhões de toneladas de carne de frango, em mais de 2,4 milhões de contêineres para 203 países. As vendas para a UE, no en­tanto, têm apresentado quedas. Em 2017, o Brasil, de acordo com o go­verno, exportou 201 mil toneladas para o bloco. Em 2007, chegou a exportar 417 mil toneladas. O em­bargo da União Europeia ao frango brasileiro deverá gerar, neste ano, perda de 30% sobre o total do pro­duto exportado pelo Brasil para o bloco, que é composto por 28 paí­ses, conforme projeção da ABPA.

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