Preço do etanol começa a subir  

A Central de Monitoramento da Associação Núcleo Postos Ribeirão Preto aponta tendência de alta no preço do etanol, para as próximas semanas. O preço já está mais caro nas distribuidoras. A alta foi constatada na segunda-feira, 26 de agosto, com média de 3%. Caso essa tendência continue, deve aumentar nas bombas também. 
 
Segundo Fernando Roca, presidente da associação que reúne cerca de 90 postos de combustíveis da cidade e região, essa alta do preço é consequência direta dos incêndios que atingiram grandes extensões de canaviais nos últimos dias, em especial no Estado de São Paulo. 
 
“Com isso, as usinas anunciaram que vão antecipar a entressafra da cana-de-açúcar o que mudará todo o planejamento operacional e ainda mexerá com os estoques reguladores de etanol”, explica. Ainda segundo Roca, “o preço da gasolina também deve ser impactado, uma vez que esse combustível possui uma adição de 27% de etanol em sua composição”, explica. 
 
Segundo análise do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o Estado de São Paulo registrou, entre os dias 22 e 24 de agosto, cerca de 2.600 focos de calor sendo que 81,29% deles foram em locais usados pela indústria agropecuária, como áreas de pastagem ou plantação de cana-de-açúcar. 
 
“Além do risco à vida, à saúde das pessoas e dos animais, e ao meio ambiente, os incêndios também trouxeram graves consequências socioeconômicas para diversos setores da cadeia produtiva. É preciso que se apure com rigor e que se punam os eventuais responsáveis por isso”, complementa Roca. 
 
A orientação ao consumidor é para que pesquise os preços, “Sempre de olho naquela conta de paridade. Se o preço do litro do etanol equivaler a até 70% do preço do litro da gasolina, será mais vantajoso abastecer com etanol. Também é importante abastecer em um posto de confiança”, finaliza o presidente da Associação Núcleo Postos RP. 
 
 Entre sexta-feira (23) e sábado (24), a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) – que conta, atualmente, com 33 associações de fornecedores e representa mais de doze mil produtores de cana-de-açúcar – identificou mais de 2,3 mil focos de incêndios, que resultaram em cerca de 80 mil hectares queimados e um prejuízo estimado de R$ 500 milhões.  
 
O CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira, reforça que o prejuízo foi muito grande na cana em produção, na cana em pé e também na cana que estava em processo de brotação, que queimou a palhada. “Percebemos uma redução na produtividade na ordem de 50%, até por essa perda de biomassa que acabou sendo incendiada”, dize.  
 
“Com isso, já temos impactos diretos nos preços do etanol e do açúcar e no canavial do próximo ciclo”, afirma. O valor médio do litro da gasolina vendida nos postos de Ribeirão Preto supera R$ 6,00 desde 14 de julho. O do etanol continua acima de R$ 4,00 no mesmo período.  
 
São cinco semanas seguidas, segundo o levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apesar da tendência de estabilidade até antes dos incêndios. Em 13 de julho, o derivado de petróleo custava, em média, R$ 5,94, e o de cana-de-açúcar saía por R$ 3,92.  
 
Em Ribeirão Preto, segundo a pesquisa mais recente da ANP, realizada entre 11 e 17 de agosto, o litro da gasolina vendida em Ribeirão Preto custa, em média, R$ 6,08 (mínimo de R$ 5,85 e máximo de R$ 6,39), contra R$ 6,11 (piso de R$ 5,85 e máximo de R$ 6,49) da semana anterior, queda de 0,49% e desconto de R$ 0,03.  
 
O litro do etanol custa, em média, R$ 4,02 (mínimo de R$ 3,89 e máximo de R$ 4,19), contra R$ 4,05 (piso de R$ 3,89 e teto de R$ 4,39) do levantamento realizado entre 4 e 10 de agosto, recuo de 0,74% e abatimento de R$ 0,03, aponta a ANP. 
 
Usinas – Na sexta-feira, 23 de agosto, o preço do álcool combustível caiu nas usinas paulistas pela segunda semana seguida. O valor do hidratado está abaixo de R$ 2,55, mas “encostou” nos R$ 3,90 no final de 2021. Recuou de R$ 2,5977 para R$ 2,5438 por litro, queda de 2,07%.  
 
Já o valor do anidro – adicionado à gasolina em até 27% – recuou 0,44% no período, de R$ 2,9473 o litro para R$ 2,9342, em média. Os dados foram divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).