Os preços dos combustíveis vão subir nas bombas de Ribeirão Preto até o início da próxima semana. Nesta sexta-feira, 8 de março, o Núcleo de Postos da Associação Comercial e Industrial (Acirp), que reúne 50% dos revendedores da cidade – 85 estabelecimentos –, emitiu comunicado informando que não há mais condições de segurar o repasse ao consumidor devido aos seguidos reajustes nas unidades produtoras, com reflexo nas distribuidoras.
O núcleo informa que “os aumentos frequentes realizados nos últimos dias pela Petrobras e, consequentemente, pelas distribuidoras, dificultam aos postos revendedores absorver os repasses. Diante deste cenário, os preços do etanol, gasolina e diesel poderão sofrer reajustes a partir deste final de semana”, diz. “As usinas seguraram os estoques por mais tempo, por isso o aumento do custo está mais intenso do que o ano passado”, diz Silvio Capelão, integrante do grupo.
“Em fevereiro, o etanol subiu mais de 20% nas usinas. Os postos não repassaram todo este aumento para o consumidor”, diz Capelão. O percentual de reajuste será definido por cada estabelecimento de acordo com a despesa de cada um – aluguel, mão de obra, manutenção de equipamentos, insumos etc.
O Tribuna apurou junto a comerciantes que as distribuidoras estão reajustando os produtos no mesmo dia em que o aumento é anunciado nas usinas de açúcar e álcool e nas refinarias da Petrobras. Em contrapartida, os postos seguram os preços para evitar repasses mais elevados ao consumidor. O resultado é que muitos revendedores estão trabalhando no “vermelho” ou com uma margem de lucro muito baixa.
Segundo o professor Marcos Fava Neves, pós-doutor em planejamento e estratégia no agronegócio e docente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA/RP), ligada à Universidade de São Paulo (USP), o preço do etanol subiu porque houve um aumento de consumo ao longo de 2018, tendência que vem se mantendo.
Além disso, este é o período de entressafra, momento em que as usinas interrompem a produção de etanol e trabalham apenas com os estoques remanescentes. “Maior procura com menor oferta resulta em preços maiores. Quando a safra 2019 for iniciada, a tendência é de que o preço caia”, explica.
Segundo o último levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado nos dias 24 de fevereiro e 2 de março, em 108 cidades paulistas, o etanol ribeirão-pretano custa, em média, R$ 2,723, alta de 7,4% em relação ao valor cobrado até dia 23, de R$ 2,536, aporte de R$ 0,187. A reguladora também constatou reajuste de 3,5% no litro da gasolina, que saltou R$ 3,967 para R$ 4,105 no mesmo período, acréscimo de R$ 0,138. O óleo diesel ficou 5,8% mais caro, variando de R$ 3,242 para R$ 3,432, aporte de R$ 0,190.
Até a noite desta sexta-feira (8), nos postos de Ribeirão Preto, o litro do etanol custava, em média, R$ 2,60 (R$ 2,597) nos sem-bandeira e R$ 2,90 (R$ 2,897) nos bandeirados – alguns independentes cobram R$ 2,50 (R$ 2,499), outros R$ 2,56 (R$ 2,559), enquanto parte dos franqueados vende a R$ 2,80 (R$ 2,797). O reajuste ficou entre 10,1% e 16%.
A gasolina custava, em média, R$ 3,95 (R$ 3,949) nos sem -bandeira e R$ 4,20 (R$ 4,198) nos bandeirados, mas há independentes cobrando o preço antigo, de R$ 3,76 (R$ 3,759), e franqueados que vendem o litro do derivado de petróleo por R$ 4,30 (R$ 4,299) e R$ 4,40 (R$ 4,399). Alguns postos oferecem desconto para pagamento à vista. O reajuste ficou em cerca de 5%.
Considerando os valores médios de R$ 2,90 para o etanol e R$ 4,20 para gasolina nos bandeirados e de R$ 2,60 e R$ 3,95 nos sem-bandeira, respectivamente, ainda é mais vantajoso abastecer com álcool, já que a paridade está entre 69% e 65,8% – deixa de ser vantagem encher o tanque com o derivado da cana-de-açúcar a relação chega a 70%.
Se a base for os preços da ANP, de R$ 2,723 para o etanol e R$ 4,105 para a gasolina, a paridade está em 66,3%. O preço do óleo diesel também subiu entre 2,85% e 7,6%. Nos sem-bandeira a média é de R$ 3,20 (R$ 3,197), mas há locais onde custa R$ 3,40 (R$ 3,399). Nos bandeirados, o litro é vendido a R$ 3,60 (ou R$ 3,599). O consumidor deve pesquisar.