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Preço de teste custa até R$ 400

MYKE SENA/MS

A alta procura por testes de covid-19, registrada com o espalhamento da Ômicron pelo Brasil, tem levado agora a uma série de denúncias por parte de pacientes, que além de dificuldade para realizar o exame, também estão verifi­cando preços elevados.

Para investigar as denún­cias, a Fundação Procon de São Paulo (Procon-SP) – ór­gão ligado à Secretaria de Es­tado de Justiça e Cidadania – realiza a “Operação Teste Covid-19 – Sem Abusos”, como o Tribuna anunciou na sexta-feira, 14 de janeiro.

O objetivo é fiscalizar a conduta abusiva de farmácias e laboratórios, que sem ne­nhuma razão, estão aumen­tando de maneira exagerada os preços dos testes. O Pro­con-SP fiscalizou 88 farmá­cias e laboratórios desde o início da operação.

Nesta segunda-feira (17) e na sexta-feira (14), as equipes visitaram 48 locais no interior e 40 na capital. Na cidade de São Paulo, 32 estabelecimentos foram autuados por deixar de informar os preços dos testes ao consumidor. Foram constatados os preços mínimos de R$ 178 e máximos de R$ 385 para o exa­me PCR. No interior foram en­contrados produtos mais caros.

“Testes que iam de R$ 50 a R$ 90 pularam para R$ 350 a R$ 400. Desta maneira, aquela população que está combali­da economicamente, por for­ça dos efeitos econômicos da pandemia, não tem condições de fazer toda hora testes de covid, pois o preço explodiu e sem nenhuma razão para isso”, afirma o diretor execu­tivo do Procon-SP, Fernando Capez, em entrevista nesta segunda-feira, 17 de janeiro.

A entidade verifica se está havendo falta de estoque ou se os estabelecimentos estão es­condendo os testes para ques­tões especulativas. E em se­gundo lugar, por qual motivo estão exageradamente prati­cando os preços abusivos. “Va­mos fiscalizar em laboratórios e farmácias o preço dos testes de covid-19”, diz Capez.

“Verificando que houve au­mento exagerado da margem de lucro, a empresa será autuada por prática abusiva, com multa podendo chegar até R$ 11 mi­lhões”, detalhou o diretor execu­tivo da entidade. Caso o consu­midor encontre preços abusivos, deve comunicar os órgãos de defesa do consumidor.

“Em plena pandemia, quan­do existe uma necessidade da população por exames, não se pode admitir que a empresa pratique de forma especulativa o aumento exagerado dos pre­ços”, diz Capez. O Procon-SP vai apurar ainda o tempo mé­dio de espera para o paciente realizar o agendamento dos testes de covid-19.

Desde o fim do ano, o avanço da Ômicron no Bra­sil tem levado a uma corrida por testes para detectar o co­ronavírus. Nas farmácias, as dificuldades de agendamen­to e a falta de estoque são os principais gargalos. Dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Dro­garias (Abrafarma) apontam que 283,8 mil testagens foram feitas entre 27 de dezembro e 2 de janeiro: 50% superior ao de 20 a 26 de dezembro.

Já o volume de resultados positivos para covid pulou de 22,3 mil (11,8% do total) para 94,5 mil (33,3%). Recen­temente, a Associação Brasi­leira de Medicina Diagnós­tica (Abramed) alertou para a possibilidade de falta de testes de antígeno e PCR (o molecular, tipo mais preciso), se estoques de insumos ne­cessários para a realização de exames laboratoriais para o diagnóstico da covid-19 não forem repostos rapidamente.

A entidade disse não sa­ber até quando os laborató­rios conseguirão atender a demanda por exames, que cresceu principalmente por causa da alta transmissibili­dade da variante Ômicron, e recomendou parar de testar casos leves da doença.

Para muitos pacientes com suspeita de contamina­ção pela doença, o teste se tornou sinônimo de resiliên­cia nas longas filas do serviço público, ou de custo adicional para aqueles que recorrem aos grandes laboratórios pri­vados, que, por sua vez, tam­bém estão com alta demanda de agendamentos.

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