Com a falta de investimentos e de recursos, muitos locais públicos de lazer e esporte estão sem o devido cuidado. As praças de Ribeirão Preto são exemplos reais desta situação. Em alguns casos, no entanto, onde não há a atuação dos órgãos responsáveis, a população abraça e defende seu espaço. Um exemplo está na Zona Sul, na praça localizada na rua do Professor, no Jardim Irajá. Há alguns meses o local era popularmente conhecido como a “Praça da Maconha”, mas com a ação dos moradores passou a ser chamada de “Praça dos Cachorros”.
Foi justamente o comércio e uso de drogas que incomodou os moradores das imediações. “Aqui era só mato alto e escuridão. O pessoal que usa drogas aproveitou e ocupou o espaço. Era impossível uma senhora passear com filhos e netos aqui. Dava medo”, diz o dentista Álvaro Antônio Lania, que reside bem próximo à praça.
Ele conta que deu o “pontapé inicial” para reverter a situação. O primeiro ato era cortar o mato alto. Segundo ele, alguns moradores se uniram e arrecadaram dinheiro para alugar uma máquina de cortar grama. No início, os próprios vizinhos do espaço fariam o serviço. “Mas percebemos, que apesar da boa vontade, era preciso alguém que soubesse fazer o serviço render. A gente tentou, mas não era a nossa praia”, brinca Lania.
O dentista diz que resolveu fazer uma rifa de uma cafeteira importada. Os moradores compraram os números e com o dinheiro arrecadado foi adquirida uma máquina de cortar grama. “Depois, graças a uma moradora, a Ana Paula Souza, demos outro passo”, explica. Ela percorreu os condomínios e prédios nas imediações e propôs que cada um contribuísse mensalmente para que um jardineiro fosse contratado para fazer o serviço com regularidade.
“Ela conseguiu o apoio de doze condomínios, cada um ajudando com R$ 120. Se você dividir por número de apartamentos, é muito pouco. Deu certo e o rapaz vem a cada 30 dias aparar a grama. Os moradores cuidam no dia a dia”, conta Lania.
Com a praça limpa, o passo seguinte era a ocupação dos moradores. Para isso, teriam de convencer os usuários de drogas a deixar o local. “A Polícia Militar foi fundamental. O capitão Jerônimo entendeu a situação e houve um trabalho ostensivo. Isso afastou quem vendia e quem usava. Aí as pessoas começaram a passear. Muitas crianças e muitos cachorros, a praça que era da maconha ficou como sendo a dos cachorros”, relata o dentista.
Lania diz que outra ação foi a proibição de estacionamento de carros no período noturno no perímetro da praça. “À noite tínhamos muitos carros suspeitos estacionados. O capitão Jerônimo foi fundamental nisso também”, completa.
Lania acredita que a ação pode ser aplicada em outras praças, desde que haja união dos moradores. “Tem que haver ação, iniciativa e gerenciamento. Há outras praças com mesmos problemas. Aqui não houve nenhuma ajuda da Prefeitura e deu certo. Pode dar certo em outros pontos”, ressalta.
O dentista conta ainda que o processo foi rápido, algo em torno de dois meses. O próximo passo segundo ele é colocar um parque infantil. “A Ana Paula já está correndo atrás disso e acredito que em breve teremos mais essa melhoria”, finaliza.
Prefeitura busca parceiros – O prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB) baixou o decreto nº 313, publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de quarta-feira, 23 de novembro, que regulamenta a celebração de parcerias entre a administração e entidades privadas ou de associações da sociedade civil organizada com o objetivo de implantar, conservar e recuperar áreas verdes, parques, praças públicas, jardins e canteiros centrais de avenidas de Ribeirão Preto. Ribeirão Preto tem 209 praças.