Um em cada cinco pais brasileiros jamais conversa com os filhos sobre dinheiro e finanças pessoais, indica pesquisa divulgada pela Serasa. Entre os pais que abordam o tema com as crianças, 24% iniciam o diálogo a partir dos 5 anos de idade e 23% na faixa de 6 a 8 anos. Os dados foram coletados pelo Opinion Box.
Para Felipe Schepers, COO do instituto e responsável técnico pela pesquisa, o silêncio se explica na reprodução de comportamentos familiares. Afinal, 56% dos adultos disseram não ter tido educação financeira na infância. “E, infelizmente, 18% dos adultos entrevistados só colocam a pauta das finanças na família quando o filho já é um adolescente, a partir dos 12 anos de idade”, afirma.
Segundo o especialista o melhor momento para introduzir essa conversa dentro de casa envolve a percepção dos filhos em relação ao mundo. “A idade ideal pode ser em torno dos 3 a 5 anos, começando com conceitos simples, como a espera pela gratificação e o valor das coisas, progredindo para ideias mais complexas conforme a criança cresce”, explica. “Importante sempre ter em mente que a melhor educação financeira é sempre o exemplo do pai, da mãe ou mesmo de um irmão mais velho”.
Questão de hábito
O controle periódico das próprias finanças é um hábito consolidado entre os consumidores com Serasa Score na classificação “Excelente”, cuja pontuação de crédito vai de 701 a 1.000 pontos. A tendência foi capturada em pesquisa realizada com 3.025 pessoas, divididas conforme a classificação: Baixa, Regular, Bom e Excelente.
Quanto mais frequentes os hábitos de controle das finanças, maior o Serasa Score: 90% dos consumidores que alcançaram pontuação “Excelente” mantêm vigilância sobre suas despesas, e invariavelmente levam em consideração a renda mensal, respeitando os limites de seu orçamento. Na pontuação Baixa, esse cuidado cai para 68%.
Pelo menos 9 em cada 10 dos que têm Serasa Score “Baixo” ou “Regular” já se endividaram, e ainda estão com dificuldades de pagar as contas. Já entre os de Serasa Score “Excelente”, o índice de endividamento cai para 66%, com apenas 15% endividados atualmente.
Entre os que organizam as finanças, os públicos com Score “Baixo” ou “Regular” usam preferencialmente o papel – 47% e 49%, respectivamente. Os que têm a pontuação de crédito “Excelente” fazem uso de recursos digitais no controle das finanças, como o acompanhamento online de extrato (47%), verificando a fatura do cartão (46%) e planilhas (43%).
Como dar dicas financeiras para crianças
– A partir dos 3 anos, ensinar o verdadeiro valor do dinheiro e a importância de a criança aprender a esperar para obter algo desejado, como um brinquedo ou um passeio especial. Isso pode ser feito por meio de jogos, brincadeiras de faz de conta com notas fictícias ou pequenas tarefas que podem render recompensas.
– Aprenda a dizer “não” para alguns desejos dos pequenos. O dinheiro deve ser associado a um esforço, não como um recurso ilimitado – uma oportunidade de ensinar sobre escolhas e prioridades. Explicar o motivo do “não” ajuda a criança a desenvolver o entendimento sobre limitações financeiras.
– A mesada é uma excelente ferramenta para ensinar sobre orçamento: o valor pode ser definido com base nas necessidades e capacidade financeira da família.
– É importante ser consistente e claro sobre o que se espera que seja coberto com o dinheiro da mesada.
Como dar dicas financeiras adolescentes
– A partir dos 10 ou 11 anos, os filhos já possuem maior compreensão a respeito do seu entorno: caso a educação financeira não tenha sido introduzida na infância, comece com o básico e ajuste o diálogo ao nível de maturidade do filho.
– Dê responsabilidades financeiras e estimule a participação em decisões familiares sobre orçamento.
– Introduza noções de planejamento financeiro e economia para objetivos a médio e longo prazos: estratégias podem incluir jogos de simulação financeira, aplicativos de orçamento e debates sobre notícias financeiras.
– Adolescentes acima de 12 anos já podem abrir uma conta bancária, sob supervisão dos pais.
– Monitore a conta do filho e ensine-o a usar cartão de forma consciente. Esse também é um bom momento para dialogar sobre fraudes e segurança online.