Gil Almeida *
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Novos tempos pedem novos conceitos de espaços e de trabalho. Em um mundo acelerado, onde o tempo para interações pessoais é cada vez mais escasso, a volta ao trabalho presencial coloca em destaque a necessidade de espaços de convivência corporativos que também atendam às novas demandas para o ambiente de trabalho.
As tendências de valorização do bem-estar, integração tecnológica e sustentabilidade fazem parte da cultura organizacional de praticamente todas as empresas na atualidade. E na arquitetura corporativa, buscamos traduzir estas tendências em espaços abertos, integrados e flexíveis, refletindo a dinâmica do trabalho híbrido e permitindo a interação fluída entre quem está na empresa e os que estão fora dela.
As áreas comuns mais descontraídas – como as salas de café e de jogos – e os pontos de descompressão tornaram-se essenciais para o relaxamento e a renovação de energias, fortalecendo assim o trabalho colaborativo em espaços mais saudáveis. Com isso, a sustentabilidade corporativa ganha força através da adoção de práticas e materiais ecológicos que refletem os valores da marca e seu impacto no meio ambiente. Nesse contexto, o uso de móveis coloridos e funcionais, inspirados no ‘fun design’, contribui para um ambiente mais leve e estimulante.
A presença de elementos naturais, seguindo o conceito do design biofílico, cria uma conexão maior com a natureza, trazendo tranquilidade e melhorando o bem-estar emocional dos funcionários. A ênfase na higiene e saúde, especialmente em um contexto póspandemia, se faz notar na valorização de espaços arejados e na ventilação natural, práticas que também se alinham à sustentabilidade. Esta ênfase no exterior, com a criação de espaços ao ar livre, proporcionam uma oportunidade de escapada da rotina e um momento de relaxamento em meio à natureza.
Em meio a esses espaços abertos, a privacidade e o silêncio são assegurados por meio de soluções como cabines acústicas que permitem reuniões confidenciais e foco na concentração. Outro aspecto fundamental da atualidade é a inclusão, com a criação de espaços que acomodem as diversas necessidades dos colaboradores, garantindo acessibilidade e conforto para todos.
Essa abordagem holística na concepção de espaços corporativos reflete uma grande mudança de antigos paradigmas sobre o ambiente de trabalho e a preocupação crescente com o bem-estar e a qualidade de vida, demonstrando que a arquitetura pode e deve ser um reflexo da cultura organizacional e das necessidades dos colaboradores, em um mundo cada vez mais dinâmico e conectado.
* Arquiteta com mais de 20 anos de experiência: é fundadora e CEO da Montot Design (projetos corporativos) e da Minis (decoração para interiores)