Ricardo Jimenez*
Ribeirão Preto é uma cidade conhecida por sua riqueza e prosperidade, mas também por sua flagrante desigualdade e exclusão social. A grandeza do seu PIB (Produto Interno Bruto), um dos maiores do Brasil, não reflete em seu cenário urbano e social, principalmente nas periferias.
Para transformar Ribeirão Preto em uma cidade mais justa, democrática e inclusiva, é necessário implementar um novo projeto político que leve em consideração os anseios e necessidades de todos os moradores. Um dos primeiros passos para isso é criar um instrumento de escuta nos bairros, onde a população possa expressar suas demandas e participar ativamente das decisões políticas.
Quem mais conhece Ribeirão é a sua população.
Fortalecer os conselhos da sociedade civil também é fundamental para uma cidade democrática. Esses conselhos devem ser espaços de diálogo e debate, nos quais os cidadãos possam contribuir com suas ideias e propostas e que elas sejam efetivadas.
Outro aspecto essencial em Ribeirão Preto é a questão da moradia. Instrumento fundamental de inclusão e desenvolvimento social. É necessário criar uma Secretaria de Habitação que seja responsável por planejar e executar políticas públicas voltadas para esse tema, implementando um programa de moradia popular, incluindo a regularização fundiária urbana e lotes urbanizados no modelo de autogestão.
Descentralizar a administração pública. O poder público deve estar presente em todas as regiões, promovendo o desenvolvimento local e atendendo às demandas específicas de cada bairro. Isso inclui investimentos em infraestrutura, educação, saúde e segurança articulados com o instrumento de orçamento participativo.
Uma cidade verdadeiramente justa e democrática também precisa ter uma política consolidada de meio ambiente, parques municipais e gestão adequada dos resíduos sólidos. É importante incentivar a criação de cooperativas populares que atuem na coleta seletiva e reciclagem desses resíduos, gerando emprego e renda para a população local e preservando o meio ambiente.
Além disso, é preciso investir no desenvolvimento econômico das diferentes regiões da cidade. Isso pode ser feito através da qualificação do comércio, serviços e fomento à economia solidária. Dessa forma, será possível gerar empregos mais qualificados e reduzir as desigualdades sociais existentes.
Ribeirão Preto não pode crescer apenas em um trecho da zona sul e ficar o restante da cidade em abandono.
A cultura também deve ser valorizada como um elemento fundamental na construção de uma cidade mais inclusiva. É necessário criar um ambiente cultural diversificado onde artistas locais possam expor seu trabalho e eventos culturais sejam realizados regularmente, com garantia de fomento.
Por fim, mas não menos importante, é essencial proteger os jovens e idosos em Ribeirão Preto. Isso significa implementar políticas públicas voltadas especialmente para esses grupos na área da educação, capacitação profissional, serviços socioassistenciais, dentre outros aspectos necessários ao pleno exercício dos direitos humanos e potencialidades dessas faixas etárias.
A vinda de um Instituto Federal para Ribeirão Preto dialoga com a abertura de oportunidades aos jovens.
Associar a mobilidade urbana com o desenvolvimento local nos bairros também faz parte do projeto de transformação dessa cidade desigual em uma cidade mais justa. O transporte público deve ser acessível à população, e iniciativas como ciclovias, passeios públicos bem estruturados, sinalização adequada são algumas das soluções nesse sentido. Vale destacar ainda que incentivar o uso dos espaços urbanos para lazer, promovendo atividades físicas, recreativas, momentos coletivos familiares são fundamentais nesse contexto.
Para termos uma Ribeirão Preto rica, justa e democrática, precisamos de um projeto político diferente daquele que está aí e daqueles que serão apresentados pelos que hoje dominam a Câmara Municipal. Um projeto diferente e transformador de cidade precisa ser apresentado à população por forças políticas comprometidas com a garantia de direitos sociais e com o desenvolvimento econômico com inclusão e participação popular.
* Ricardo Jimenez – Professor do IFSP, Jornalista editor do Blog O Calçadão e Presidente da ABARCOESTE (Associação de Bairros do Complexo Oeste)
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