Em seu terceiro mandato como vereador em Ribeirão Preto, Marcos Papa (Cidadania) saltou da oitava colocação entre os vereadores mais votados nas eleições de 2012, para a segunda posição nas eleições de 2016 e 2020. Em 2012 ele teve 4.941 votos, nas de 2016 obteve 7.124 e no ano passado 4.837 votos.
No atual mandato, além de continuar lutando por antigas propostas como a que nomina de “transporte coletivo de qualidade para a população”, o parlamentar quer articular esforços com várias entidades e implementar uma agenda pró-desenvolvimento econômico para Ribeirão Preto e sua Região Metropolitana.
Tribuna Ribeirão – O senhor está em seu terceiro mandato parlamentar. Como avalia sua reeleição nas eleições municipais do ano passado?
Marcos Papa – A população reconheceu o valor do nosso trabalho por um transporte público de qualidade, coleta de lixo ambientalmente adequada e econômica, pelo combate à corrupção e estímulo à transparência, pela proteção animal e de nossos cursos d’água, pelas ciclovias interligadas como modal de mobilidade seguro, dentre outros. Uma vez mais fui o segundo vereador mais votado e isso me orgulha muito.
Tribuna Ribeirão – A pandemia do coronavírus mudou o jeito de se fazer campanha em função do distanciamento social. Como o senhor fez para chegar ao seu eleitorado e se tornar pela segunda eleição consecutiva o segundo vereador mais votado da cidade?
Marcos Papa – Mudou muito. Quase não fui às ruas com sempre fiz. O dia a dia do nosso mandato é sempre muito intenso, assim como o contato com as pessoas. Nossa comunicação foi competente em comunicar os frutos desse trabalho à cidade toda e, no período eleitoral, contou com o ótimo trabalho online, agência de mídias digitais, assessorada também pela Paola Miorim, consultora na área, que acompanha nosso trabalho desde 2007.
Tribuna Ribeirão – A pandemia tem atrapalhado seu atual trabalho parlamentar?
Marcos Papa – Muito. Tivemos que aprender a produzir de modo remoto. O atendimento digital da Prefeitura é precário. A Coderp ainda sofre com a devastação criminosa que sofreu e não consegue atender a Administração na velocidade e na qualidade necessárias, apesar do quadro qualificado de servidores. O prefeito precisa resolver isso com urgência, do contrário nossa cidade continuará desatendida e isso é inaceitável porque pagamos impostos. Mesmo com a pandemia arrecadamos mais e a inadimplência foi pequena.
Tribuna Ribeirão – Um dos setores que o senhor sempre criticou e que já levou à Justiça é o do transporte coletivo. O senhor considera o contrato da Prefeitura com o PróUrbano lesivo para a cidade?
Marcos Papa – Sim. O Tribunal de Contas do Estado concorda comigo ao condenar o contrato e sua licitação. O Consórcio PróUrbano não cumpre cláusulas contratuais, como a que manda pagar 2% do faturamento, a título de taxa de gerenciamento, para a Transerp ter recursos de fiscalização. O Consórcio não construiu o Terminal Central alegando que já fez todo o investimento previsto e a Prefeitura não contesta. Isso provoca uma série de gambiarras em pontos de ônibus, expondo os usuários e os motoristas a sofrimentos totalmente desnecessários e até cruéis, como a falta de banco, cobertura e iluminação. O sistema de transporte público, que já era hostil aos usuários, tornou-se perigoso no momento da pandemia, sendo constantes as aglomerações nos horários de pico. A Prefeitura precisa determinar a circulação de mais ônibus para acabar com esses gargalos. O sistema de reclamações para usuários precisa sair das mãos da concessionária e ficar sob controle da Transerp.
Tribuna Ribeirão – Quais serão as suas prioridades neste mandato?
Marcos Papa – Além de dar continuidade a tudo que temos feito, implementar uma agenda pró desenvolvimento econômico. Vamos criar o ciclo de estudos para o enfrentamento do custo Ribeirão e da Região Metropolitana. Iniciamos diálogos com o Sincovarp para a formação do Conselho Intersetorial de Desenvolvimento Econômico e vamos ampliá-lo conversando com mais entidades. O deputado federal Arnaldo Jardim já está cooperando nesse processo. Relatou e aprovou a lei de pagamentos por serviços ambientais, o Fiagro e a Lei do Gás, legislações que impactarão positivamente em toda a nossa região. Nossa burocracia e legislação não podem ser tão impeditivas ao investimento e à criação de empregos. Temos que enfrentar isso juntos, notadamente na retomada pós-pandemia. Ribeirão Preto é uma cidade próspera e pode ser mais justa e mais humana.
Tribuna Ribeirão – O que é a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade da qual o senhor é líder?
Marcos Papa – É uma organização criada em 2012 com a missão de contribuir para o aprimoramento da democracia e do processo político brasileiro, por meio da formação, apoio e desenvolvimento de lideranças políticas comprometidas com a transformação do país, estimulando a atuação em rede. Seu compromisso é apoiar líderes políticos eleitos, de diferentes partidos e posições no espectro ideológico, para que compreendam e incorporem os princípios da sustentabilidade em suas ações, por meio de uma agenda técnica e temática, e também de uma atuação que potencialize a própria forma de fazer política, baseada na ética, na integridade, na transparência e na inovação. Somos pessoas em momentos distintos da política institucional e de diversos partidos, dispostas a colocar as diferenças de lado para dialogar e trabalhar em conjunto por um País mais justo, com mais oportunidades, melhor qualidade de vida para todos e respeito aos recursos naturais disponíveis.
Tribuna Ribeirão – Que avaliação o senhor faz da Administração Municipal na gestão da pandemia do coronavírus?
Marcos Papa – Regular. Falta dialogar melhor com a sociedade antes de tomar decisões e tomar providências mais enérgicas em alguns casos. Demorou demais para punir festas clandestinas e principalmente lotações nos ônibus.
Tribuna Ribeirão – E que avaliação o senhor faz do presidente Bolsonaro e do governador João Doria na condução das ações contra ao coronavírus?
Marcos Papa – O morticínio, que infelizmente estamos vivendo, é a evidência do fracasso de Bolsonaro. Boicotou a compra das vacinas, conspirou contra todas as medidas sanitárias recomendadas pelas autoridades em Saúde e contaminou a sociedade com desinformações sobre os benefícios da vacina. Até aqui está faturando eleitoralmente em sua base eleitoral ao custo desse caos e de um sistema de Saúde à beira do colapso. A Lei de Causa e Efeito é implacável. Governadores e prefeitos fazem o que podem para mitigar os efeitos deletérios dessa desordem criada pelo presidente. É inegável o apoio de Doria ao Instituto Butantan para o desenvolvimento da Coronavac, vacina que está salvando vidas.
Tribuna Ribeirão – Se o senhor fosse presidente da Câmara quais seriam suas prioridades?
Marcos Papa – Transformaria a Câmara em 100% digital, agilizando os trabalhos, economizando insumos e horas trabalhadas. Doaria a frota de veículos para a Prefeitura e faria uma licitação para locação de veículos para uso quando necessário pelo vereador que, quando usasse, teria o gasto somado no seu centro de custos. A economia seria imensa sem prejudicar o atendimento à população. Faria concurso para um auditor fiscal e contábil a fim de auditar os contratos e a aplicação dos orçamentos da Administração Direta e Indireta. Hoje professores da nossa USP me ajudam a fazer isso. Faria uma reforma da infraestrutura elétrica e de internet no prédio antigo do Legislativo para a população usá-lo mais, através dos mandatos.
Tribuna Ribeirão – O senhor almeja ser prefeito de Ribeirão Preto?
Marcos Papa – Sim. Ribeirão Preto é uma cidade boa para se viver, mas eu quero que seja boa para todos. Trabalho dia e noite para melhorar nossa cidade. Foram 22 anos na iniciativa privada, 12 no campo da política e durante todo esse tempo atuando como empreendedor social no terceiro setor. A gente não para de aprender, mas já me sinto qualificado para esse desafio.