Considero-me alguém bastante generalista. Desde moleque, sempre me interessei por todo tipo de coisa. Gastava horas assistindo Discovery Channel, desmontando meus brinquedos e fazendo perguntas nada convencionais. Era fascinado por entender como as coisas funcionavam. Conforme fui crescendo, fui descobrindo que um jeito interessante de decifrar o funcionamento do mundo era saber mais sobre organizações.
Primeiro, tentaram me dizer que as organizações eram como máquinas. Eu não me adaptei a essa perspectiva. Larguei no terceiro ano um curso de Engenharia de Produção numa universidade cinco estrelas e fui em busca de uma formação que me fosse mais aberta à compreensão de fatores humanos e intersubjetivos. Já tinha o cheiro de que o que fazem as empresas são pessoas. Mal sabia o quanto isso seria relevante para noção de funcionamento das organizações que eu formei nos últimos três anos e meio, trabalhando em uma consultoria de branding. E escrevo aqui para tentar dividir a base lógica que permite à minha empresa avançar do marketing em direção à gestão de negócios pensando em histórias.
Antes de falar de negócios, vou invocar algumas noções fundamentais para essa conversa. Um dos livros mais importantes da minha jornada é Sapiens, do Y. Harari. Nele, propõe-se algo muito interessante: cooperamos uns com os outros porque somos capazes de imaginar coletivamente coisas que não existem. Dinheiro, estado, nações, empresas são todos mitos compartilhados, ou seja, sucessões de histórias contadas que direcionam a cooperação entre os seres humanos que nelas acreditam.
As empresas, por essa perspectiva, são narrativas que constroem relações de cooperação entre as pessoas. Algumas com um propósito definido para isso, outras mais à deriva, na direção de onde o lucro as levar. Nessa toada, aqui vai uma série de perguntas que ilustram meu dia a dia: quais são os elementos que compõem a narrativa de uma organização ? Como se podem gerir esses elementos para ampliar e estreitar a cooperação? Como emitir mensagens simétricas com inúmeros elementos de construção narrativas e públicos múltiplos? Como racionalizar o funcionamento de uma empresa através das conexões que ela estabelece?
Essas perguntas são minhas companheiras e, tendo convivido um tempo com elas, posso dizer que, a chave para respondê-las não mora perto da escrita de um posicionamento. Mais longe ainda da criação de uma identidade visual. Gerir com branding é sobre compor narrativas com estruturas de negócios, com canais de vendas, com produtos. É sobre ter consciência que é possível direcionar o crescimento de um negócio olhando pra pessoas e para suas relações de um jeito pragmático. É entender que a história que você conta tem a ver com quem você é.
Qual a narrativa da tua empresa?