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Por que as flores não são perenes?

Nestes últimos dias do outono, é muito agradável cami­nhar pelo condomínio onde moro e ser surpreendido pelas cores que a natureza faz explodir, colorindo o verde com flores de vários matizes. São os ipês, com suas bolas de um rosa clarinho até um roxo forte. São as primaveras, que desdobram seus galhos sobre os portões, muros e supor­tes, mostrando sua brácteas de várias cores, que escondem suas pequenas e simples flores brancas. São as bauínias, com seu tom de branco, que se transmuda em rosa. São as plumérias, que despidas, coroam seus galhos com flores delicadas e perfumadas. São as flores-de-São João, com seu laranja subindo nas árvores.

É o mistério da natureza, que sempre nos surpreende, atraindo nossa vista para um espetáculo renovado a cada ano. Não nos cansamos de ver, de observar deslumbrados, mar­cando nossa retina e nossa memória. Na paz e tranquilidade que a caminhada nos traz, sobra tempo para divagar por que as flores não são perenes, não permanecem nos encantando em definitivo, mas se renovam anualmente e duram pouco tempo. Não seria belo se a natureza sempre se apresentasse florida e a Terra se transformasse num gigantesco jardim?

Ledo sonho. Na realidade, tudo que existe obedece a ci­clos. O primeiro deles são o dia e a noite, a luz e a escuridão, um ciclo pequeno de 24 horas, em permanente renovação. Acordamos com o sol, nascemos um pouco a cada dia, dor­mimos com a noite, afastamo-nos da vida durante o período do sono. É de curta duração, mas nos acompanha durante a vida toda. As estações do ano, mais diferenciadas no hemis­fério norte, são outros ciclos que vivenciamos, mostrando como a natureza se apresenta, conforme a órbita da Terra a coloca num ângulo ou em outro em relação ao Sol. O maior ciclo é a nossa vida: nascemos indefesos, nossos pais nos preparam para o mundo, estudamos, trabalhamos, cumpri­mos nossa missão de dar continuidade à espécie, construímos obras que ficarão e, depois morremos.

Os vegetais, que compõem mais de 80% dos seres viventes no planeta também se evoluem por ciclos: de um pequena semente surge um vegetal, uma árvore, que crescem. Num determinado período do ano florescem, suas flores são fecundadas pelos insetos, várias sementes se formam, são espalhadas pelo vento e vão perpetuar a espé­cie. Tão forte é este ciclo que mesmo o Evangelho dele se utiliza para ensinar que nem todas as sementes germinam: “Parte caiu à beira do caminho, foi pisoteada e as aves do céu a comeram. Parte delas caiu sobre as pedras e quando germinaram as plantas secaram, pois não havia umidade. Outra parte caiu entre espinhos que cresceram com ela e as sufocaram. Outra ainda caiu em terra boa, cresceu e deu boa colheita, cem por um”. (Lucas 8: 5 a 15)

Esta diversidade é que dá prazer em viver, pois a maioria dos ciclos que vivenciamos nem sempre é igual. Durante o intenso calor ribeirão-pretano, sonhamos com os dias mais amenos e mais frios do outono e do inverno. Se este é mais intenso, ansiamos pelo calor do verão. O tempo seco do outono-inverno, com sua baixa umidade, nos faz lembrar dos dias mais agradáveis do período de chuva. E, assim, vamos vivendo, levando nossos dias. Se tentamos viver o presente, estamos sempre esperando que algo melhor venha no futuro.

A natureza é muito bem feita e esta sucessão de ciclos é que dá beleza e alegria à vida, que seria monótona se não se renovasse.

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