Desde que assumiu a presidência do Botafogo Futebol Clube, em meados de janeiro deste ano, Osvaldo Festucci vem costurando um acordo entre o principal investidor da BFSA, Adalberto Baptista, e o BFC. A proposta está sendo finalizada e em breve será apresentada ao Conselho Deliberativo do Pantera.
Ao que tudo indica, o BFC deve ceder 9% dos 60% que tem da Botafogo S/A a Trexx Sports. Em contrapartida, a empresa, que é capitaneada Baptista, deve assumir as dívidas do Botafogo Futebol Clube, que segundo Festucci, giram entorno de R$ 30 milhões. Sendo assim, a composição da sociedade ficaria estipulada da seguinte maneira: BFC 51% e Trexx Sports 49%.
“De fato essa dívida do BFC que beira a casa dos R$ 30 milhões é verdadeira e ainda não constam nesses valores alguns empréstimos que outros diretores fizeram ao clube, para você ver a situação negativa que se encontra. No caso da S/A existe um déficit e estou me inteirando sobre isso, visto que agora nomeamos quatro membros para o conselho fiscal. Agora venho conversando muito com os membros do conselho de diferentes alas e não consigo enxergar uma solução a curto e em médio prazo, que não seja um ajuste no contrato feito com o investidor Adalberto Baptista. Seria um aditivo para que ele possa assumir todas as dívidas do Botafogo e em troca disso levaria 9% das ações e passaria a ter 49%. O BFC sairia de 60% e iria para 51%. A meu ver, o Botafogo ficaria com sua dívida financeira praticamente equacionada”, afirmou Festucci em entrevista ao site globoesporte.com.
Oposição Botafoguense
Em entrevista ao Tribuna, Daniel Pitta Marques, que é fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, membro do Conselho de Ética do BFC e um dos líderes do movimento “Sempre Botafogo”, que se tornou uma das oposições a S/A, questionou alguns pontos da proposta que será apresentada ao Conselho.
“Acredito que nenhum botafoguense seja definitivamente contra qualquer acordo do tipo. Ele se faz necessário não apenas para a saúde financeira do BFC, mas também do BFSA, de maneira a equacionar os fluxos de caixa do grupo econômico e passar uma imagem mais favorável ao mercado. Por outro lado, temos que questionar o porquê de termos chegado a esse ponto. O MOU (Memorando de entendimentos/ intenções), que foi devidamente aprovado por todos os órgãos e poderes do BFC, estabelecia como condição para a efetivação do negócio (criação da SA) a geração de uma receita regular que permitisse ao BFC o pagamento de seus débitos trabalhistas, fiscais e tributários, devidamente mapeados na ocasião por uma auditoria”, afirmou Pitta Marques.
“Nada nesse sentido aconteceu posteriormente. Pelo contrário. Foram firmados acordos e contratos que não obedeceram aos ritos estatutários do BFC e colocaram a associação nessa situação. Os chamados “Acordo de investimento” e “Direito de Uso de Superfície” compreenderam, respectivamente, renúncia de receitas líquidas e certas por parte da SA e o repasse para o BFC de um valor largamente insuficiente para o cumprimento de suas obrigações financeiras”, concluiu.
Segundo Pitta Marques, um bom acordo entre as partes necessitaria de uma renegociação nos termos dos itens “Acordo de investimento” e “Direito de Uso de Superfície” e uma compensação pelas perdas impostas ao BFC.
“Se aquilo que os órgãos e poderes do BFC devidamente aprovaram estivesse sido cumprido, não haveria necessidade de maior perda de ativos. Assim, acreditamos que uma proposta de acordo minimamente justa e correta abrangeria uma renegociação desses dois acordos/contratos, ou ao menos uma compensação pelas perdas impostas ao BFC por aqueles que os firmaram. Qualquer coisa diferente disso apenas prejudicaria mais ainda a imagem do negócio como um todo”, disse.
Outro ponto questionado por Pitta Marques é o fato de que a negociação não envolva a dívida completa do BFC. Segundo ele, aproximadamente apenas 20% do montante faria parte da negociação dos 9% com a Trexx Sports.
“Os 30 milhões não devem ser apenas em troca dos 9%. De acordo com informações preliminares, esse montante de ações serviria para abater apenas uma parte do total, aproximadamente 20%. O resto seria corrigido e pago futuramente por meio de receitas que o BFC abriria mão. Por conta dessas notícias que vem sendo gerada uma resistência frente a eventual proposta de acordo. Nossa situação continuaria complicada e os problemas dos acordos anteriores não seriam solucionados”, finalizou.
Sobre os detalhes do acordo questionados pelo conselheiro, Osvaldo Festucci não quis falar sobre o assunto e afirmou preferir discutir o tema no âmbito do Conselho do clube.
“Me reservo o direito de não responder, pois quero tratar isto no âmbito do conselho do clube, somente. Mas é óbvio que este é um montante enorme para apenas 9% de ações, então ficará saldo a pagar a longo prazo”, afirmou.