Por Guilherme Sobota
Fã do Brasil, a cantora sueca Tove Lo voltou aos palcos brasileiros na tarde de sexta-feira, 15, como uma das atrações do Popload Festival 2019, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
Com seu pop mal comportado, derivado de Madonna e Amy Winehouse, mas com um tipo de pegada mais “mundo real”, Lo explora regiões do pop do house e se aproximando do hip hop, com canções na carteira com Kylie Minogue e, também, com MC Zaac, o funkeiro paulista com quem ela divide uma das músicas de “Sunshine Kitty”, disco que lançou este ano.
Zaac, aliás, participa do show com um tipo de contribuição que apenas um artista brasileiro poderia dar – “hãs” e “huns” naturais do funk, que Tove Lo teve a sabedoria de acrescentar a uma criação sua e de seus produtores, “Are U Gonna Tell Her?”.
“Mesmo quando você gosta de algo, é agridoce, porque existe um medo de que vá embora, é assim que eu me sinto sobre a vida”, diz, mas para complementar: “mas ver vocês aqui comigo me deixa feliz”. As músicas são uma afirmação do poder feminino em um mundo que, fora do festival, não costuma gostar da atitude firme que a cantora e compositora traz ao palco.
Estrela de calibre internacional, Tove Lo mantém a identidade indie que o Popload construiu, mesmo caminhando pela trilha pop
Khruagbin: rock instrumental chill out
“Chill out”. Se houvesse uma definição musical para a expressão em inglês, seria o som do Khruagbin, banda americana de Houston, Texas, que se apresentou na tarde de sexta-feira no Popload Festival. Amado pela crítica indie da América, o trio leva a formação clássica de guitarra-baixo-bateria para uma viagem psicodélica que vai de um Led Zeppelin suave (dada a vibe Jimmy Page do guitarrista), passa pelo dub – um reggae cheio de eco e reverb – a um tipo específico de indie moderno, pelo baixo groovado e pela bateria comportada.
É curioso notar a existência com tanta repercussão de uma banda americana atenta não apenas ao sons de seu país, mas com um misto de world music. “É um privilégio estar aqui com vocês esta noite”, diz o guitarrista, Mark Speer, com um carregado sotaque do sul dos Estados Unidos. “Se alguém tiver uma dica de restaurante fale agora”, brinca. Indiscutivelmente cool, a banda abre caminho para os atos mais roqueiros e dançantes do dia.
Little Simz: rap britânico, do grime ao soul
Toda de branco, a rapper britânica Little Simz provou no início da tarde porque em 2019 se tornou uma das estrelas mais jovens do hip hop de língua inglesa ao apresentar as canções do novo “Grey Area”, seu disco praticamente perfeito de 2019. Um flow que varia com naturalidade entre a suavidade do R&B e as rimas rápidas, com três músicos de apoio construindo entre bateria, baixo e programações eletrônicas a cama de neosoul e hip hop em que ela desfila seus versos inteligentes.
Modelo de afirmação e apesar da idade pouca já com três álbuns no seu nome, a rapper natural do norte de Londres também traz o estilo típico da Inglaterra: o grime, de batidas minimalistas e com os graves carregados.
Antes de “Flowers”, uma das canções do novo disco, ela a dedica para os seus grandes ídolos: Amy Winehouse, Jimi Hendrix, Kurt Cobain, Tupac e Notorious BIG – “sem eles eu não estaria aqui fazendo isso”.
O show tem até solo de bateria, mas a fundação no hip hop nunca se perde de vista. “É incrível para mim que a minha música tenha viajado tanto e chegado até aqui”, completa.