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Policiais civis têm salários defasados, afirma Sindicato

ALFREDO RISK

Levantamento divulgado pelo Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo (Sin­dpesp) revela que os delegados da Polícia Civil paulista vão co­meçar 2022 recebendo o pior salário da categoria entre todos os 27 estados brasileiros. De acordo com os dados, o valor pago pelo Governo do Esta­do é de R$ 10.382,48 mensais. Como comparação, em Mato Grosso, um delegado inicia a carreira com remuneração mensal de R$ 24.940,13.

Os valores fazem parte do ranking salarial elaborado anualmente pelo Sindicato com levantamento de dados concluído na primeira sema­na de dezembro. As informa­ções salariais foram levanta­das em todos os estados da federação, com informações de portais da transparência, setores de recursos humanos das secretarias de segurança e diários oficiais.

A entidade afirma que o resultado do levantamento aponta a desvalorização da Segurança Pública paulista, em um desmonte que ocor­reria há mais de 20 anos por parte do Governo do Estado, mas se acentuou de forma vertiginosa na gestão do go­vernador João Doria.

“Durante toda a gestão do governador João Doria, a Polí­cia Civil recebeu um único au­mento salarial, de 5%, no final de 2019. No mesmo período, a inflação ficou acima de 19%. O orçamento paulista desse ano foi de mais de R$ 240 bilhões e São Paulo é disparado o estado mais rico da federação”, explica a presidente do Sindpesp, Ra­quel Kobashi Gallinati.

Os salários de investigado­res e escrivães também coloca­riam São Paulo entre os piores salários da federação, com va­lor inicial de R$ 3.931,18. Du­rante sua campanha em 2018, o então candidato Doria teria prometido que os policiais paulistas seriam os mais bem remunerados do país, compro­misso que teria sido reiterado já no cargo de governador.

“O governador joga a res­ponsabilidade da falta de valo­rização salarial sobre o Gover­no Federal, mas a legislação é clara ao apontar que, cumpri­dos critérios financeiros, ele pode conceder o aumento para os policiais”, explica Raquel. “E o próprio Doria afirma que o estado tem superávit finan­ceiro, então ele tem condições econômicas e legais de pagar melhor sua polícia e cumprir sua palavra”, completa.

Além do problema com a remuneração, o Sindicato ar­gumenta que a Polícia Civil paulista vive hoje a pior crise de efetivo da sua história. Des­de 2017, o Sindpesp divulga mensalmente uma ferramenta chamada Defasômetro (http:// www.sindpesp.org.br/defaso­metro.asp), que mostra os car­gos existentes na Polícia Civil por carreira e quantos estão efetivamente ocupados.

Em dezembro de 2021, o Defasômetro apontou o nú­mero recorde de 15.219 cargos vagos na Polícia Civil, o que re­presenta uma falta de mais de 36% do efetivo necessário, de 41.912 policiais.
Esse efetivo foi estabelecido pela Resolução SSP 105, de 12 de julho de 2013, pela Secretaria de Segurança Pública. A norma serviu de embasamento para o Ministério Público ingressar com ações na Justiça exigindo a contratação de policiais.

“Trabalhamos com recur­sos humanos muito abaixo do número ideal, o que causa so­brecarga de trabalho, estresse e reflete diretamente na qualida­de da segurança pública para o povo paulista.
Pelo descaso do Governo, a população do Esta­do de São Paulo está à mercê da criminalidade, apesar dos esforços do efetivo da Polícia Civil. Não temos condições para fazer o trabalho que a po­pulação de São Paulo merece, que é um trabalho de excelên­cia”, completou a presidente.

Confira nesta página o ranking salarial nacional com­pleto de delegados, investiga­dores e escrivães. A Secretaria de segurança Pública do Es­tado de São Paulo não res­pondeu aos questionamentos do Tribuna até o fechamento desta reportagem.

Alesp autoriza policiais civis na atividade delegada
Os deputados da Assembleia Le­gislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovaram no dia 16 de dezembro a inclusão da Polícia Civil na chamada ‘atividade delegada’, e derrubaram o veto da proposta que institui a caixa beneficente da Polícia Militar, que agiliza pagamento de salá­rio à família de policial morto.

Com a aprovação do Projeto de Lei Complementar 46/2021, de autoria do deputado Delegado Olim (PP), fica permitido que profissionais da Polícia Civil trabalhem em seus dias de folga, fardados, com viaturas e acessórios que utilizam em suas funções diárias, nas áreas de interesse da sociedade. Atual­mente, apenas profissionais da Polícia Militar podem atuar na atividade delegada.

Na justificativa do projeto, o de­putado afirmou que “é conheci­do e consagrado que o princípio da cooperação entre os entes federados permite uma melhor gestão do serviço público. Se essa cooperação se der com a possibilidade mais ampla na transferência total ou parcial de encargos, melhora e muito essa eficiência”, falou.

Ele também pontuou que “é do interesse dos municípios paulistas delegar algumas de suas competências ao Estado, sob previsão de que, em contra­partida, há uma compensação econômica em favor do agente público estadual que vê majo­rada suas atribuições origina­riamente previstas no mister e desempenho de seu cargo público”, disse.

Pensão para familiares de policiais falecidos
O Projeto de Lei Complementar 40/2019, de autoria do deputa­do Sargento Neri (SD), institui a caixa beneficente da Polícia Mi­litar e estabelece os regimes de pensão. A propositura adiciona incisos ao 2º parágrafo do artigo 9 da Lei 452/1974, que agora coloca remuneração imediata aos familiares e dependentes do policial falecido, mediante requerimento apresentado até 60 dias depois da data da morte. Antes, o prazo para pagamento era indeterminado. O valor a ser recebido, ou seja, o salário do agente falecido, só poderá ser deferido caso o solicitante comprove a dependência.

Na justificativa da proposta, o parlamentar pontuou que “o referido benefício leva determi­nado período de tempo para se iniciar, ocorrendo uma lacuna entre a data do óbito e o seu deferimento”, disse. “Na vida prática, esse prazo se torna desproporcional e excessivo se levamos em conta a grande necessidade dos dependentes do falecido, que de uma hora pra outra, se veem sem seu prove­dor”, falou.

 

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