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Polícia fez operação gigantesca contra bando que atacou carro-forte em Restinga

Um suspeito morreu e 14 foram presos em ação que mobilizou 400 policiais civis e militares, além de policiais federais e membros do Gaeco

Mandados foram cumpridos em 17 cidades do Estado de São Paulo (Foto: DEIC/Divulgação)

Por: Adalberto Luque

A Polícia Civil realizou, na manhã desta segunda-feira (16), uma grande operação para prender envolvidos no ataque ao carro-forte ocorrido em 9 de setembro deste ano, na Rodovia Cândido Portinari (SP-334), na cidade de Restinga.

A ação foi realizada em conjunto pela Polícia Civil, Polícia Militar, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e Delegacia da Polícia Federal em Campinas. Foram empregados cerca de 400 agentes operacionais, dos quais 38 delegados, 163 agentes da Polícia Civil e 200 policiais militares, além dos promotores de Justiça. Eles ocuparam 102 viaturas, com apoio aéreo dos helicópteros Águia (PM) e Pelicano (Polícia Civil).

Armas, celulares, drogas, diversos objetos e até uma máscara foram apreendidos (Foto: DEIC/Divulgação)

A ação foi coordenada pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Ribeirão Preto, Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Franca, Gaeco de Franca e Grupo de Repressão a Roubos de Cargas e Caminhões da Delegacia de Polícia Federal em Campinas.

O objetivo foi cumprir mandados em 17 cidades do Estado: Ribeirão Preto, Franca, Serra Azul, São Paulo, Santo André, São Caetano do Sul, Taboão da Serra, Guarulhos, São José dos Campos, Jacareí, Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Atibaia, Mongaguá, Cosmópolis, Santa Bárbara do Oeste e Americana.

Quase R$ 1 milhão em espécie foram localizados com os alvos da operação (Foto: DEIC/Divulgação)

As investigações começaram após o ataque ao carro-forte, seguido de troca de tiros que resultaram na morte de um PM integrante do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), de um motorista de caminhão e três criminosos. Durante as investigações, levadas a cabo pela DEIC de Ribeirão Preto, pela DIG de Franca e MP, a Polícia Federal também passou a integrar os trabalhos através de uma delegacia especializada em Campinas.

Prisões, morte e muitas apreensões

Esta segunda fase da Operação Carcará tinha por objetivo cumprir 15 mandados de prisão e 48 de busca e apreensão contra os investigados. Todos os mandados foram cumpridos. No total, 14 pessoas foram presas, 11 por cumprimento de mandados de prisão temporária e 3 em flagrante.

Um dos investigados na cidade de Guarulhos reagiu ao perceber a aproximação dos policiais e trocou tiros. Ele acabou sendo ferido. Levado para um hospital, não resistiu e morreu enquanto recebia atendimento.

No total, os agentes apreenderam mais de R$ 900 mil em cédulas, meio quilo de maconha, 9 veículos (avaliados em R$ 1,03 milhão), 2 computadores, 21 aparelhos celulares, 5 armas de fogo, 100 munições de alto calibre, 1 casa de fuzil e 1 máscara de personagem da série espanhola La Casa de Papel.

Os agentes apreenderam veículos avaliados em mais de R$ 1 milhão (Foto: DEIC/Divulgação)

Os agentes também conseguiram o bloqueio judicial de um apartamento avaliado em R$ 800 mil. As prisões ocorreram nas cidades de Ribeirão Preto, Franca, Serra Azul, São Paulo, Santa Bárbara D’Oeste, Santo André, Mogi Mirim, Guarulhos e Valinhos.

Carro-forte

As investigações começaram após uma série de crimes graves ocorridos na região de Ribeirão Preto. No dia 9 de setembro deste ano, cerca de 15 homens fortemente armados atacaram um carro-forte na Rodovia Cândido Portinari, altura do km 384, em Restinga. O carro-forte seguia de Franca para Ribeirão Preto, quando foi interceptado pelo grupo.

Investigações começaram após ataque a carro-forte (Foto: Redes Sociais)

Houve troca de tiros e os bandidos explodiram o carro-forte, mas o cofre pegou fogo e eles fugiram sem levar nada. Na fuga, houve ao menos três confrontos entre o grupo e policiais, sendo que cinco pessoas ficaram feridas – um PM, três vigias e um engenheiro de uma usina que passava no local onde houve tiroteio.

UPA de Valinhos

No dia seguinte ao confronto, um homem deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade de Valinhos. Alegou ter ferido o pé com um vergalhão, numa obra. Disse ter chegado até lá de caminhonete.

Os atendentes desconfiaram que o ferimento fosse de fuzil e acionaram a PM. Assim que os policiais chegaram ao local, pediram o local da obra e constataram que não havia nada em construção. Depois notaram que o homem usava documento falso. Constataram que ele era, na verdade, Ricardo Marques Trovão Lafaeff, que reside em Jundiaí e se apresentava como empresário.

Com a prisão de Lafaeff em Valinhos, investigações se aprofundaram (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

No final de 2023, Lafaeff havia sido preso com um arsenal semelhante ao usado pelos bandidos no ataque ao carro-forte em Restinga. Um delegado de Franca foi a Valinhos e prendeu o suspeito em flagrante. A partir daí começaram a surgir os nomes de envolvidos. Ele foi denunciado pelo MPSP.

Mortes em Cajuru

No dia 11 de setembro, uma viatura do BAEP fazia patrulhamento pela Rodovia Altino Arantes (SP-351), quando se deparou com um Mitsubishi Outlander Comforte marrom, que fugiu ao ver os PMs. Houve perseguição e eles entraram na Rodovia Joaquim Ferreira (SP-338), que liga Santo Antônio da Alegria e Cajuru.

Estradas foram bloqueadas para evitar que motoristas passassem pela zona de tiro (Foto: Redes Sociais)

A PM organizou um cerco próximo ao trevo da Rodovia Abrão Assed (SP-333), em Cajuru. Os criminosos reagiram. Houve um grande tiroteio. O Sargento Márcio Ribeiro, do Baep, foi ferido na cabeça. Levado para um hospital em Altinópolis, morreu enquanto era atendido. Um caminhoneiro também foi ferido na cabeça e morreu algumas semanas depois, no Hospital das Clínicas Unidade de Emergência, em Ribeirão Preto.

Os três homens que atiraram contra os PMs foram mortos em confronto. Com eles, um grande arsenal foi apreendido.

Operação Carcará 1ª Fase

No dia 4 de outubro, a Polícia Civil realizou a primeira fase da Operação Carcará. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na comunidade de Paraisópolis, Capital e na cidade de Praia Grande. Um dos investigados reagiu à aproximação dos policiais e foi morto em confronto. O outro foi preso.

Policiais percorreram as ruas da favela Paraisópolis, na Capital e foram recebidos a tiros por um dos alvos, que morreu no confronto (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

Fechando o cerco

Com as prisões e o aprofundamento nas investigações, a Polícia Civil conseguiu identificar membros que participaram do ataque ao carro-forte e outros que atuaram na logística ou em outras situações. Além de Lafaeff, já preso, os policiais prenderam Denis da Costa Oliveira, de 31 anos e Luiz Carlos Oliveira, de 48 anos. A dupla foi presa em Franca.

Eles seriam responsáveis por ceder o veículo que levou Lafaeff para Valinhos, onde receberia atendimento médico. A única mulher presa na operação é Cleusa Aparecida Duarte Ribeiro, que teria levado Lafaeff até a porta da UPA de Valinhos. Também foi preso o gestor da UPA de Valinhos, Marcus Vinícius Cavalcante Pereira. Ele é acusado de ter usado seu cargo para evitar que Lafaeff fosse identificado e preso durante o atendimento médico.

Ação começou nas primeiras horas do dia e mirou integrantes de quadrilha que atacou carro-forte (Foto: DEIC/Divulgação)

Todos os presos na operação, com exceção dos dois de Franca, seriam trazidos para a DEIC de Ribeirão Preto, onde seriam interrogados. Depois seguiriam para Franca, onde seriam apresentados para a Justiça. De acordo com a DEIC, a organização possui diversas células e núcleos interligados.

A operação foi batizada de Carcará porque esse era o apelido do Sargento Márcio Ribeiro, do BAEP, morto em confronto no dia 11 de setembro. Não há informações sobre a defesa dos presos. As investigações prosseguem.

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