A Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Ribeirão Preto deflagrou na manhã desta segunda-feira, 4 de junho, a Operação Espártaco e desmantelou, segundo o delegado Diógenes Santiago Netto, três organizações criminosas que agiam nas zonas Norte e Leste da cidade e também comandavam o tráfico em Jardinópolis, Orlândia, Pradópolis e Dumont. Segundo estimativa da Polícia Civil, os grupos movimentavam cerca de R$ 900 mil por mês com a venda de entorpecentes (veja nesta página) – aproximadamente R$ 10,8 milhões por ano.
Santiago Netto esclarece que desde fevereiro deste ano, as investigações apontavam para 30 suspeitos de integrar os grupos nos bairros Jardim Salgado Filho e Vila Carvalho, na Zona Norte, e Parque São Sebastião, na Zona Leste de Ribeirão Preto. A Polícia Civil mergulhou no submundo do tráfico depois que dez pessoas foram presas em fevereiro. A partir daí, a Operação Espártaco começou a identificar as facções.
A operação contou com a participação das Delegacias Seccionais de Sertãozinho, Araraquara, São Carlos, Franca e Barretos. Cerca de 100 policiais e 30 viaturas deixaram o prédio da Central de Polícia Judiciária (CPJ) ainda na madrugada desta segunda-feira para cumprir 20 mandados de busca e apreensão e 18 de prisões temporárias, expedidas pela 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto. Dois mandados foram cumpridos em Jardinópolis, onde o “braço” de uma das organizações criminosas atuava.
Doze integrantes das organizações criminosas já estavam presos ou cumprindo penas por outros crimes, segundo o delegado Santiago Netto. Os policiais prenderam ontem onze homens e três mulheres. De acordo com organogramas preparados pelo Setor de Inteligência da delegacia especializada, foram apontados como líderes das quadrilhas Rafael Alves dos Santos, também conhecido como “PC”, no Salgado Filho, e Anderson Danilo Vieira, vulgo “Lemão”, e Luís Márcio Barbosa Rodrigues, o “Lu”, na região da Vila Carvalho. Já Alisson Gabriel da Silva, o “Café”, é descrito como o “dono” da boca no Parque São Sebastião, mas ele já cumpre pena por homicídio.
São considerados foragidos os acusados Jocenildo Bezerra Justos, o “Chiquinho”, e Dalila Cristina Apolinário, do Salgado Filho, além de Luís Márcio Barbosa Rodrigues, o “Lu”, e Lucas Santiago Campos, o “Lino”, da Vila Carvalho. As investigações começaram depois que um dos líderes foi identificado, diz o delegado Santiago Netto. “Autuamos algumas pessoas em flagrante delito quando estavam transportando ou armazenando drogas”, explica. O grupo do Salgado Filho atuava em Jardinópolis e o da Vila Carvalho “operava” em Orlândia, Pradópolis e Dumont. O grupo do Parque São Sebastião traficava em vários pontos da rua Pedro Barbieri, a principal via pública do bairro.
Segundo o delgado Santiago Netto “com a prisão dos líderes nós conseguimos desarticular três organizações criminosas. O balanço é positivo, uma grande quantidade de drogas apreendidas e pessoas de importância para o tráfico foram presas hoje”. Não foi descartada a possibilidade de envolvimento entre os grupos nas atividades criminosas. Durante as investigações foi detectado que o grupo do Parque São Sebastião fez contato com integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) para estabelecer limites na venda de um ponto de tráfico.
Uma segunda fase da operação vai “esmiuçar” a movimentação financeira das organizações criminosas, ainda sem data para divulgação. Os suspeitos foram indiciados por tráfico de drogas, associação ao tráfico de drogas e organização criminosa. A pena para o crime de tráfico é de três a 15 anos de reclusão. O nome escolhido para a operação – “Espártaco” – é homenagem aos policiais mortos na atividade profissional, como a história do gladiador que morreu por um ideal.
Bandos faturavam R$ 900 mil por mês
Segundo o delegado Diógenes Santiago Netto, da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Ribeirão Preto, a Operação Espártaco descobriu que as três quadrilhas desmanteladas nesta segunda-feira, 4 de junho, movimentavam quase de R$ 900 mil por mês (R$ 880 mil) e atuavam de maneira distinta.
A Polícia Civil vai deflagrar uma segunda fase para apurar a movimentação financeira dos grupos e se há ligação entre as facções. Durante a Operação Espártaco foram apreendidos 800 gramas de cocaína pura, quatro quilos da droga “batizada”, 38 quilos de maconha, 200 gramas de haxixe, material para embalar a droga e um revólver calibre 38 com seis munições intactas.
Segundo a contabilidade da Polícia Civil, o bando do Jardim Salgado Filho atuava também em Jardinópolis e vendia diariamente cerca de duas mil cápsulas de cocaína. Arrecadava aproximadamente R$ 20 mil por dia, ou R$ 600 mil por mês.
A quadrilha da Vila Carvalho movimentava 50 quilos de maconha, cocaína, haxixe e crack por semana, 200 quilos por mês, com arrecadação de R$ 50 mil por semana e R$ 200 mil por mês. Já o grupo do Parque São Sebastião era o que faturava menos com o comércio caseiro: vendia cerca de 20 quilos de entorpecentes por semana, 80 quilos por mês e faturava R$ 20 mil a cada sete dias, R$ 80 mil mensais.