A Polícia Civil pediu ao Instituto Médico Legal (IML) nesta segunda-feira, 19 de fevereiro, a exumação do corpo da menina Isabella da Costa Domiciano, de um ano, que morreu no início de fevereiro no Hospital Maternidade Sinhá Junqueira, em Ribeirão Preto. O procedimento pode ser realizado nesta terça-feira (20). Os pais acreditam que a filha foi vítima de erro médico, já que não foi feita a necropsia, mesmo com o exame autorizado pela família.
Responsável pela investigação, a delegada Silvia Ruivo Valério Mendonça, do 2º Distrito de Polícia, nos Campos Elíseos, espera que a exumação aponte elementos que identifiquem a causa da morte da criança. No entanto, ela lembra que já passaram 15 dias desde o óbito e que os exames podem ser inconclusivos. Apesar de ressaltar que o procedimento deveria ter sido feito no dia da morte, em 6 de fevereiro, a delegada espera encontrar pistas para identificar o que aconteceu com a criança.
Segundo os pais, o atestado de óbito consta que Isabella foi vítima de choque séptico. A mãe Silvana Costa Domiciano diz que o drama de Isabella começou no início de fevereiro, quando ela foi levada com febre ao hospital. A médica que a atendeu solicitou um hemograma e um exame de raio-X, que apontou a suspeita de pneumonia.
A profissional receitou amoxicilina após a mãe afirmar que não tinha conhecimento sobre o fato de a filha ter alergia a qualquer tipo de medicamento. A menina foi liberada, mas em vez de melhorar, começou a vomitar em casa. Os pais levaram Isabella de volta ao hospital Sinhá Junqueira, onde ela passou por novo raio-X. Segundo a mãe, a menina recebeu alta após receber medicamento para cortar o vômito, mas a situação voltou a piorar no dia seguinte.
De acordo com Silvana, ao retornar pela terceira vez ao hospital, Isabella foi atendida por outra médica que demonstrou preocupação. Os pais perceberam a barriga da menina inchada e rígida, e a especialista receitou um antigases. Como não respondeu ao soro, Isabella foi levada pela equipe médica à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde foi entubada e submetida a exame de sangue. Segundo a mãe, os médicos também descartaram a hipótese de meningite, mas o estado de saúde do bebê piorou e ela não resistiu.
Isabella foi enterrada no dia 7 de fevereiro, um dia após a morte. Segundo os pais, o corpo deveria ter passado por necropsia, mas o exame não foi feito a pedido do hospital. Silvana acredita que o medicamento receitado no primeiro atendimento desencadeou o quadro que levou a filha à morte. Para a mãe, a menina recebeu o medicamento errado.
Ela diz que alguma composição do medicamento agravou a situação. “Ela entrou com febre e saiu morta. Eu não acredito que estou vivendo isso. A investigação está acontecendo justamente por isso”, disse à EPTV. Em nota, o hospital informou ter seguido o protocolo padrão de atendimento, mas não divulgou a causa da morte, alegando questão de sigilo. Acrescentou, no entanto, que essa informação está à disposição da família no prontuário médico.
A direção comunicou ainda que enviou o corpo ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), mas que a necropsia não foi feita por orientação do próprio serviço, em razão da causa da morte estar fundamentada na documentação médica enviada pelo hospital. O SVO, por sua vez, confirmou dispensar a necropsia em casos em que a causa da morte é esclarecida por documento assinado por médico, e que só realiza o exame caso haja um pedido por parte da família, que procurou a unidade após a liberação do corpo.