Por: Adalberto Luque
A Divisão Especializada em Investigações Criminais (DEIC) de Ribeirão Preto divulgou a relação de armas, munições e acessórios apreendidas nesta quarta-feira (11), após a intensa troca de tiros que resultou na morte do Sargento Márcio Ribeiro, do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), em ferimentos graves em um caminhoneiro que estava na linha de tiro e na morte dos três criminosos.
De acordo com o responsável pela DEIC, delegado Kleber de Oliveira Granja, o trabalho é feito em conjunto entre a DEIC, a Delegacia de Altinópolis e a Delegacia Seccional de Ribeirão Preto. O inquérito foi instaurado pela Delegacia de Homicídios da DEIC. As investigações a respeito da tentativa de assalto ao carro-forte, ocorrida entre Restinga e Batatais na noite desta segunda-feira (9) corre pela Delegacia Seccional de Franca e haverá troca de informações entre os setores. Os três teriam sido identificados com base nos documentos que portavam. Um deles é Fernando de Carvalho Pereira, de 49 anos. Ele é suspeito de participar ao assalto ao prédio do Banco Central, em Fortaleza, no ano de 2005. Os outros dois foram identificados como sendo Edvan Peixoto Soares, de 48 anos, natural de Itabuna (BA) e Robson Cardoso Salles, que não teve a idade confirmada. Esses dois, todavia, ainda dependem de confirmação, pois há suspeita de que as identidades possam ser falsas.
De acordo com Granja, foram apreendidos os seguintes equipamentos com os criminosos:
– 02 pistolas Glock, 9mm
– 32 carregadores calibre .762
– 02 cunhetes metálicos para munição
– 04 conjuntos de placas balísticax (frontal e costal)
– 01 metralhadora, calibre .50 marca Barrett
– 03 fuzis, calibre 762
– 528 munições calibre 762
– 38 cartuchos de munição calibre .50
O delegado observou que as munições foram submetidas a perícia para constatar se havia impressões digitais. “A perícia ditito-papilar [foi feita] pelo Laboratório Afis da DEIC sendo constatado que os criminosos fizeram uso de luvas para manipulação do acervo”. O delegado também informou que os três corpos não foram identificados no local dos fatos e seguiram para o Instituto Médico Legal (IML) de Ribeirão Preto, para trabalho de identificação.
A Polícia Técnico-Científica também esteve no local da intensa troca de tiros e realizou o trabalho de perícia. Centenas de cápsulas de projéteis deflagrados foram encontradas e recolhidas pelos peritos, que vão reconstituir a dinâmica do enfrentamento.
O confronto
Por volta de 15h00, três equipes do Baep faziam patrulhamento pela Rodovia Altino Arantes (SP-351) em busca do grupo que atacou um carro-forte na Rodovia Cândido Portinari (SP-334) entre Restinga e Batatais. A tentativa de assalto ocorreu na noite de segunda-feira (9) e os criminosos conseguiram fugir, trocando tiros em vários trechos e ferindo um PM, três vigilantes e o funcionário de uma usina que passava próximo onde ocorreu uma das trocas de tiros. Os cinco feridos não correm risco de morte.
A PM acreditava que o grupo estivesse escondido esperando para fugir em segurança. Durante o patrulhamento na Rodovia Altino Arantes, as três equipes avistaram um Mitsubishi Outlander Comforte marrom e deram sinal de parada. O condutor do veículo não obedeceu e começou a fuga.
As viaturas perseguiram o carro, que acessou a Rodovia Joaquim Ferreira (SP-338). Um grande número de viaturas foi até o local e a rodovia foi fechada pela Polícia Militar Rodoviária (PMRv) em um trecho de 26 quilômetros, entre o km 311 e o km 337.
Próximo ao entroncamento da SP-338 com a Rodovia Abrão Assed (SP-333), em Cajuru, começou o confronto. Os bandidos desceram do carro e passaram a disparar rajadas de tiros contra os policiais, que se defenderam.
Depois de muita troca de tiros, o Sargento Márcio Ribeiro, do Baep, foi ferido na cabeça. Levado para um hospital em Altinópolis, morreu enquanto era atendido. Um caminhoneiro também foi ferido na cabeça e levado em estado grave para o Hospital das Clínicas – Unidade de Emergência (HC-UE), onde passou por cirurgia. Seu estado, de acordo com a Polícia Civil, seguia grave.
Os três bandidos, que usavam até colete à prova de balas, morreram no confronto. A PM fez buscas na região, pois havia a informação que o restante do grupo estaria em um VW TCross HL TSI cinza com placas de Niterói, mas o veículo não foi encontrado. O helicóptero Águia, da PM, auxiliou nas buscas.
Durante o tiroteio, dezenas de motoristas buscaram se abrigar, por conta da interdição das rodovias. Houve muito pânico entre os motoristas. As buscas pelo restante da quadrilha prosseguem.
Suspeito preso
Um homem suspeito de ter participado da tentativa de assalto ao carro-forte foi preso, na noite de terça-feira (10), em Valinhos, região de Campinas. Ele teria ido até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade dizendo ter se ferido com um vergalhão em obra de construção civil.
Os médicos constataram que o ferimento no pé do homem havia sido feito por tiro de fuzil. Acionaram a PM. Assim que os policiais entraram na sala de sutura, mesmo sendo suturado, o homem se apressou e conseguiu ressetar os dois celulares que carregava, apagando todas as informações.
Ele passou o suposto endereço da obra e disse que chegou até a UPA em uma caminhonete branca, conduzida por um homem. No endereço não havia nenhuma obra. Em imagens de câmeras de segurança, constataram que ele foi deixado por uma mulher que conduzia um Jeep Renegade.
Ao ser transferido para a Santa Casa de Valinhos, teria apresentado documento falso. Descobriram seu nome verdadeiro é Roberto Marques Trovão Lafaeff, que tem extensa ficha criminal, já tendo sido em fragrante em razão de porte de fuzis e munições. A última prisão ocorreu em dezembro do ano passado, quando foi flagrado com um arsenal de guerra em sua casa, na cidade de Jundiaí, onde mora e se apresenta como empresário.
Ele ficou preso com escolta. Ao receber alta, nesta quarta-feira (11), foi trazido para Franca. Foi encaminhado para uma unidade prisional e será interrogado nos próximos dias pelo delegado que cuida do inquérito do ataque ao carro-forte.