A história humana é como uma onda que se abate na areia e volta para o mar. Entre fluxos e refluxos se debate a humanidade. (G.Vico) Como nunca na história, nosso mundo é fustigado pelas ondas de um mar revolto. Só o equilíbrio, o bom senso e o diálogo poderão nos levar para a calmaria, necessária para o progresso.
No Brasil nosso mandatário iniciou o governo anunciando querer destruir a oposição e tudo parece seguir esse seu projeto de confronto que está levando a pátria amada para o caos.
Fiéis adeptos do discurso do ódio aplaudem a todas a manifestações de ignorância e de embate para destruir as instituições democráticas que, bem ou mal, regem o país.
Na onda do fanatismo baseado em fake news entra também parte do clero que já se distinguiu pela cultura humanística e teológica, que hoje, para muitos, está relegada nas bibliotecas.
Qual seria a razão da polarização que leva a humanidade às lutas e guerras?
A direita quer destruir a esquerda e vice versa, as duas, porém, são vertentes necessárias que, quando baseadas no equilíbrio, geram progresso.
Esquerda e direita encontram suas raízes na própria natureza humana. A criança nasce com instinto da conservação. Chora para defender sua existência. Aos poucos surge nela o instinto do relacionamento e do altruísmo. Assim a pessoa humana defende o próprio ser e se expande no altruísmo. Somos indivíduos indivisíveis, porém abertos para o outro. Somos seres dominados pelo ego e pela necessidade do relacionamento.
Esquerda e direita surgem da essência ontológica, inatas do ser humano. Ambas são necessárias para a proteção do individuo, de seu relacionamento e expansão.
Até o começo do século passado comia-se frango no só Natal, com o capitalismo, muitos podem comer frangos todos os dias.
O capitalismo, porém, sozinho torna-se selvagem e ao fechar-se em si mesmo, abre as portas para uma minoria sempre mais minuta de grandes ricaços com a exclusão da maioria da população.
A esquerda sozinha, por sua vez, ao bradar pela igualdade, tenta eliminar o capitalismo e torna-se, muitas vezes, ditadura, onde os governantes viram donos do capital e o povo fica a chupar dedo.
Neste conflito, que parece não ter fim, levantasse a voz do evangelho que através do Papa Francisco chama o mundo para reflexão, o equilíbrio e a paz. O Espírito de Deus que não é monopólio nem do Vaticano e nem de Igreja alguma, paira também no coração de muitas pessoas do bem e até daqueles que rejeitam qualquer religião. Inspira movimentos humanos e políticas sociais para conciliar direita e esquerda. Assim algumas nações do norte da Europa, que também passaram por crises de extrema pobreza, estão conciliando direita e esquerda, capitalismo e socialismo.
Temos também singelos exemplos de políticos como da chanceler Angela Merkel e de José Mujica. Angela lava sua própria roupa e o ex-presidente do Uruguai dirige seu velho fusca. Estes mostram caminhos a ser seguidos, mesmo sem precisar que o presidente da república deva necessariamente lavar suas roupas.
Hoje nações, como Noruega e Suécia, onde há mais paz social, baseada em justa distribuição da riqueza, poderiam ser imitadas para construir um mundo, pacificado entre direita e esquerda, capitalismo e socialismo, sem necessidade de lutas e de um querer destruir o outro, ou de insuflar cidadãos a comprar fuzis para guerra civil.