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Poeta, poetinha camarada!

O nosso querido Poetinha, como era chamado pelos amigos, sempre foi um poeta apaixonado e apaixonante. Vinicius de Moraes escreveu poemas e canções que embalaram e fizeram sonhar gera­ções. Teve grandes parceiros, muitos amigos e amores.

Vinicius chegou ao mundo junto com o temporal que varreu a madrugada de 19 de outubro de 1913. Morreu aos 66 em 1980 não como o maior poeta brasileiro, mas como o mais amado. “Com o ar de quem conversa ocasionalmente, Vinicius vai transformando tudo em estilo, um espaço poético vasto e arejado. E criando alguns dos poemas mais belos e necessários do nosso tempo”, disse ninguém menos que Antonio Candido, o mais importante e respeitado estu­dioso de literatura do país.

Escreveu o primeiro poema aos 9 anos, dedicado a uma menina chamada Cacy. “O Caminho para a Distância”, seu primeiro livro, foi lançado quando Vinicius contava 20 anos de idade. Estudou língua e literatura inglesa na Universidade de Oxford durante a década de 1930.

Vinicius chegou a estudar cinema (detalhe: em Los Angeles, a capi­tal mundial do cinema) com ninguém menos que Orson Welles, diretor do clássico “Cidadão Kane”. Especialista na sétima arte, o poetinha chegou a trabalhar durante muito tempo como crítico de cinema.

Vinicius já estava no terceiro casamento, gravou o disco “Canção do amor demais”, com músicas dele e de Jobim. Nesse disco ouvia-se, pela primeira vez, a batida da bossa-nova no violão de João Gilberto, acompanhando a cantora Elizete Cardoso na música “Chega de sauda­de”, marco inicial do movimento.

Sua música mais famosa é, sem dúvida, “Garota de Ipanema”, composta em parceria com Tom Jobim. “Garota de Ipanema” é considerada a segunda música mais tocada no mundo, perdendo apenas para “Yesterday”, dos Beatles. Foi cantada até por Madon­na e Amy Winehouse.

Acredite se quiser, mas existem mais de 170 versões de “Garota de Ipanema”. O nome original de “Garota de Ipanema” era “Menina que Passa”. De início, ninguém sabia quem era a inspiração para “Garota de Ipanema”. Só anos depois do lançamento da música que Vinicius revelou ser Helô Pinheiro, mãe da apresentadora Ticiane Pinheiro, a verdadeira inspiração.

Vinicius tinha mania de ler, escrever e fazer composições senta­do numa banheira. Para não molhar os papéis, colocava uma tábua sobre as bordas da banheira e sobre ela trabalhava por horas a fio. O lugar preferido de sua casa era justamente o banheiro. Nele, Vinicius trabalhou, produziu e criou obras geniais. Contra o calor do verão carioca, ele tinha mania de tomar água gelada enquanto chupava um drops. Vinicius foi amigo de grandes nomes da literatura brasileira (Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Manuel Bandeira, Otto Lara Resende, Rubem Braga etc) e estrangeira (Gabriela Mistral, Pablo Neruda etc).

Toquinho fez uma grande homenagem ao poetinha em vida, a música “Samba pra Vinicius”:

Poeta, meu poeta camarada
Poeta da pesada,
Do pagode e do perdão
Perdoa essa canção improvisada
Em tua inspiração
De todo o coração,
Da moça e do violão, do fundo,
Poeta, poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer,
A vida é pra levar,
Vinicius, velho, sarava
Poeta, poetinha vagabundo
Virado, viramundo,
Vira e mexe, paga e vê
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer
A vida é pra levar
Vinicius, velho, sarava
A vida é pra valer
A vida é pra levar
Vinicius, velho, sarava

Salve Vinicius de Moraes, poeta, escritor, compositor e grande ser humano, que levava a sério o princípio do carpe diem e sua pai­xão pela vida e tudo que ela lhe proporcionava.

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