No Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça-feira, 8 de março, o Podemos acatou o pedido de desfiliação do deputado estadual Arthur do Val, após a divulgação de áudios sexistas em que diz que mulheres ucranianas são “fáceis porque são pobres”.
“A legenda recebe e acata a desfiliação do deputado estadual Arthur do Val (SP), diante da abertura do processo disciplinar que poderia resultar em cassação do parlamentar. Ele estava filiado ao partido há cerca de 30 dias”, afirma o Podemos em nota.
Na segunda-feira (7), o partido abriu um procedimento disciplinar interno para avaliar um pedido de expulsão do deputado protocolado pelas presidentes do Podemos Mulher Nacional e estadual de São Paulo, respectivamente, Márcia Pinheiro e Alessandra Algarin.
Na ocasião, do Val disse que não tinha pensado sobre o processo de expulsão, mas que não pretendia pressionar a legenda a aceitá-lo. “Não quero que o partido seja forçado a me aceitar lá dentro, se o partido não me quiser, eu saio”, disse o deputado, conhecido como “Mamãe Falei”.
O deputado já havia retirado a pré-candidatura ao governo de São Paulo. Ele migrou ao Podemos no começo do ano junto a lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL), como forma de impulsionar o nome do presidenciável do partido, Sergio Moro, na corrida presidencial.
Após a divulgação dos áudios, contudo, o ex-juiz foi bastante criticado pela aliança com do Val e divulgou nota de repúdio às declarações. Na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado enfrenta ainda nove representações individuais e três coletivas que pedem sua cassação por quebra de decoro. Ao menos 38 parlamentares já solicitaram sua punição formalmente.
Arthur do Val apelou aos parlamentares da Alesp para que não perca o mandato. Em carta enviada nesta terça-feira, também afirmou que este é seu “último ano” na Casa de Leis, e que não vai se candidatar a deputado estadual neste ano. Também pede desculpas pelos áudios, afirma ter sido “machista, desrespeitoso e imaturo” e diz aceitar sofrer uma punição, mas discorda que mereça ter o mandato cassado por quebra de decoro.
Exemplo
Em “live” na segunda-feira, Renan Santos, coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), se revoltou com a possibilidade de cassação do mandato de Arthur do Val e, usando palavras de baixo calão, fez um apelo para que a militância do movimento de renovação impeça a perda de mandato do deputado estadual.
Exaltado, o ativista defendeu que o MBL deixe de lamentar o ocorrido, disse estar preocupado com o futuro de outros parlamentares ligados ao movimento e chegou a arremessar uma caneca em direção à câmera. “Já deu o luto. Já deu o ‘ai, olha só, desculpa’. Vai deixar ele ser cassado? Amanhã é o Kim (Kataguiri, deputado federal), depois é o Rubinho (Nunes, vereador de São Paulo)!”, afirmou.
Renan Santos também disse que, segundo ele, não seria suficiente a substituição de Arthur do Val, conhecido como “Mamãe Falei”, por outro integrante do grupo para disputar o governo de São Paulo. Em meio a xingamentos, ele afirmou não se importar com as eleições e que não pretende disputar um mandato em um “país de gente covarde”.
“Tour de blonde”
Sob a justificativa de ajudar refugiados ucranianos, Renan esteve com o deputado na fronteira do país europeu na semana passada e foi mencionado nos áudios do parlamentar, vazados na última sexta-feira (4), com conteúdo sexista. Ao falar das mulheres ucranianas, Arthur do Val disse que o coordenador do MBL viaja ao Leste Europeu todos os anos para fazer um “tour de blonde” – em outras palavras, para tentar ter relações com mulheres loiras.