Nas duas crônicas anteriores desta trilogia fiz, como ambientalista, comentários a respeito da qualidade da água e do solo, não apenas preso ao município de Ribeirão Preto, isto sim levando em conta uma situação regional.
Nesta terceira crônica, estou tomando a liberdade de comentar um dos maiores flagelos ambientais de nosso Estado de São Paulo, que tem, talvez, a região de Ribeirão Preto, como foco central do problema: as queimadas rurais e urbanas, em que pese a combustão de combustíveis fósseis, como derivados do petróleo, ainda se constituam um flagelo para a humanidade; porém isto será objeto de outra estória!
Tanto por parte das autoridades municipais como das estaduais e das federais, o processo cultural de queimadas para a preparação do solo ao plantio, principalmente da cana-de-açúcar, deveria estar com seus dias contados. Acontece que estes dias estão demorando a chegar e, mesmo que seja proibida a sua utilização em um município, os fumos de uma queimada são transportados pelas correntes aéreas, podendo se precipitar em outro.
Além do mal-estar causado pela sujeira gerada, há um sério problema a ser analisado. O picumã (nome indígena da fuligem), gerado no processo de queima, carrega consigo uma variedade muito grande de substâncias voláteis produzidas no processo de pirólise da matéria orgânica quando da queimada. Como a cultura canavieira exige a presença de agrotóxicos e fertilizantes no seu desenvolvimento, é comum serem encontrados compostos clorados aderidos ao picumã, entre eles dioxinas e furanos, agentes carcinogênicos de alto risco.
Micropartículas desta fuligem penetram em nossas vias respiratórias superiores, atingindo os pulmões, onde tais substâncias são liberadas… Não há mais nada a dizer!
Com relação às queimadas urbanas, ao que parece o morador de Ribeirão Preto é piromaníaco! Qualquer terreno que tenha algum roçado ou madeira jogada é objeto de um “foguinho”!
Além do risco comentado nos parágrafos anteriores, ocorrem outros resultantes da presença de toda sorte de resíduos contendo substâncias químicas, tais como móveis pintados, latas vazias de tinta etc. Não se sabe, com as elevadas temperaturas existentes, que coquetel de substâncias voláteis será produzido e se incorporarão na atmosfera. É o ar altamente poluido que respiramos…
Algum dia comentei neste TRIBUNA que “com Educação há saúde, com Educação há segurança e com Educação há Educação…” Basta para tal que o poder público alimente a idéia de Educação; basta que a população queira ter Educação e basta, também, que o setor empresarial, no caso desta crônica, seja menos ganancioso e o planetinha irá agradecer.
Utilizando-me mais uma vez de frases feitas, aqui vai mais uma: “Deus perdoa sempre; o homem às vezes; a natureza nunca – vamos respeitá-la”.
Com a palavra, nós todos que temos responsabilidade para com a sustentabilidade do planeta e, consequentemente, da sobrevivência das futuras gerações.