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PM proíbe manifestações políticas

GOVERNO DE SÃO PAULO

A Polícia Militar (PM) de São Paulo decidiu enquadrar os policiais que usam redes sociais para manifestações po­lítico-partidárias, monetizam contas particulares e exploram imagens de símbolos, fardas e armas da corporação como forma de autopromoção. Di­retriz assinada pelo coman­dante-geral, coronel Fernando Alencar Medeiros, proíbe o uso desse tipo de imagem e es­tabelece punições em caso de descumprimento.

A menos de um ano das elei­ções de 2022, a direção da PM quer impedir que se repita o fe­nômeno observado nos pleitos anteriores e durante as mani­festações a favor e contra o pre­sidente Jair Bolsonaro (PL). O documento foi publicado qua­tro meses depois que o coronel Aleksander Lacerda foi afastado da chefia do policiamento da re­gião de Sorocaba.

Ele foi punido após convocar amigos para um ato de apoio a Bolsonaro e classificar o gover­nador João Doria (PSDB) de “cepa indiana”. Diante de uma nova disputa eleitoral, o deba­te político deve esquentar nos próximos meses. Já em 2018, o total de policiais e militares elei­tos bateu recorde, superando 70 deputados federais, estaduais e distritais e senadores eleitos – quatro vezes mais que em 2014.

Os PMs têm 20 dias – con­tados a partir de 29 de dezem­bro – para adequar seus perfis em redes sociais antes de serem alvo de ações disciplinares. As punições vão desde sanções pre­vistas no regimento interno da corporação, como advertência e suspensão, até penas dispostas no Código Penal Militar.

Os termos da diretriz da PM de São Paulo vão além daqueles da primeira portaria desse gê­nero, editada pelo comando do Exército, em junho de 2019, a fim de enquadrar manifestações políticas de militares da ativa e o uso de redes pelos integran­tes da Força. No caso da PM, o documento se refere não só aos militares da ativa, mas também aos da reserva.

A justificativa da decisão é que “a investidura policial-mi­litar impõe à pessoa (…) uma gama de responsabilidades e de­veres, inclusive na condução de sua vida particular, o que, mais uma vez, repercute na criação e compartilhamento de conteú­dos e mensagens de comunica­ção digital”.

O objetivo é “disciplinar o uso das mídias sociais e aplica­tivos mensageiros por policiais militares naquilo que tiver cor­respondência direta ou indire­ta com a Instituição ou com a condição de militar do Estado”. Todas as unidades da PM de­verão fiscalizar o cumprimen­to da diretriz.

O 3º Comando de Policia­mento do Interior (CPI-3) tem sete batalhões territoriais, se­diados nas Zonas Sul e Norte de Ribeirão Preto, Araraquara, Franca, Barretos, São Carlos e Sertãozinho. A área de cober­tura abrange 93 municípios e 39 distritos no total.

A população é estimada em 3,83 milhões de pessoas. São quatro mil policiais militares que, diariamente, levam mil viaturas às ruas em toda a re­gião. Já o 11º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep) tem cerca de 270 PMs e cinco grupos de canil distribuídos nas cidades de Ribeirão Preto, Araraquara, Franca, Barretos e Sertãozinho, somando cerca de 50 cães.

A medida da Polícia Militar paulista atinge quaisquer redes sociais existentes, públicas ou fechadas. E afeta em cheio os PMs youtubers que procuram seguidores explorando a ima­gem da corporação. A primeira das proibições veda aos PMs a “criação, edição, postagem ou compartilhamento de conteú­dos que se relacionem direta ou indiretamente com a PM, como vídeos, áudio, textos, mensagens ou links” que não tenham sido aprovados pelo setor de comu­nicação social da corporação.

Também fica proibida a monetização desses conteúdos, uso de nomes de organizações militares, brasões, símbolos, cargos ou funções e endereços de unidades nas redes sociais particulares. São vetadas gra­vações nos quartéis, como as feitas por bolsonaristas, ou que façam menção à farda, a armas ou a equipamentos, além da publicação de dados de ocor­rências. O comando visa ainda PMs que divulguem conteú­dos falsos, de procedimentos operacionais, sobre doutrina, exames ou concursos.

Policiais ficam proibidos de fazer “considerações sobre atos de superiores, de caráter reivindi­catório e de cunho político-par­tidário, ou depreciativos a outros órgãos públicos, autoridades e demais militares do Estado”. Até a foto de perfil na rede social é disciplinada, com a proibição de que ela se relacione “com a con­dição de militar do Estado”.

As únicas exceções serão os PMs candidatos em outubro, que poderão utilizar “suas desig­nações hierárquicas para fins de divulgação”, e os casos de ima­gens de formatura de policiais, casamentos com o uso de uni­forme em campanhas humani­tárias ou filantrópicas.

“Militares do Estado de­vem estar cientes de que seus comportamentos no ambiente digital, principalmente nas re­des sociais, podem afetar a cre­dibilidade de seus trabalhos, da instituição e do Estado”, diz o comandante-geral ao justificar as novas regras.

“O PM não pode utilizar o ambiente virtual como alterna­tiva para aquilo que não se deva praticar no ambiente real.” Ele destaca ainda que irregulari­dades serão punidas de acordo com o regulamento disciplinar, Código Penal e Código Penal Militar, conforme o caso.

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