Tribuna Ribeirão
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PM de RP vai a júri por crime em porta de boate

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) negou um pedi­do de habeas corpus impetrado pela defesa do policial militar Vinicius Fernando Seraphin, acusado de assassinar Nikson Campos Davi, de 26 anos, com um tiro na cabeça, em 15 de ju­lho de 2017, na porta da Boate Sky, no Jardim Sumaré, Zona Sul de Ribeirão Preto, e determinou que o réu seja levado a júri po­pular – a data ainda não foi de­finida pela 2ª Vara do Júri e das Execuções Criminais.

Os desembargadores a favor do réu, alegam que a justifica­tiva feita pelo advogado Diego Alvim Cardoso, de morosidade no andamento do processo, não se sustenta diante da sentença de pronúncia, datada de 28 de mar­ço. O defensor de Seraphim, que está preso no Presídio Romão Gomes, na capital paulista, diz que o disparo foi acidental. Sus­tenta que Davi partiu para cima do PM, na tentativa de tomar a arma dele. Nesse momento, os dois entraram em luta corporal e ocorreu o disparo.

Entretanto, a namorada da vítima na época, Thaís Teixeira de Oliveira, de 20 anos, reafir­mou que o policial militar atirou no rosto de Davi durante uma discussão do casal – ela não queria deixar o local com ele. A reconstituição do crime ocorreu em 26 de julho do ano passado. O crime ocorreu na saída da bo­ate, na esquina da rua Floriano Peixoto com avenida Itatiaia. Thaís Teixeira disse que discutiu com Davi e já deixavam o local quando o PM apareceu.

“Nós brigamos por ciúmes e resolvemos vir pra fora. Quando estávamos indo embora, tive­mos outra discussão. Até então já tinha resolvido. Nikson pe­gou meu celular e falava que eu ia embora com ele. Estávamos atravessando para ir para a outra calçada e o policial parou, desceu do carro e perguntou se eu queria ir embora com ele. Eu disse que não, que estava com meu ‘marido’, aí ele pegou e deu o tiro na cara do Nikson”, declarou a mulher.

Diego Alvim, advogado de defesa do PM, sustenta que o tiro foi acidental, alegando que Seraphin interveio somente para separar a briga do casal. Ele consi­derou que seu cliente “fez o papel dele, de policial militar. Viu uma agressão, parou, empunhou a arma para trás, se identificou por duas vezes e o tiro foi acidental. Não foi doloso, não foi um ho­micídio, não foi uma execução como a acusação quis impor desde o começo”, argumenta.

Imagens de uma câmera de segurança instalada em imóvel na rua Floriano Peixoto foram divulgadas pela defesa para re­forçar a tese de tiro acidental. Segundo Alvim, “as imagens da câmera já trouxeram para o processo que o tiro foi acidental, que existiu uma agressão voraz do Nikson contra a Thaís, que o Vinícius desceu do carro com a arma apontada para trás e para baixo e que o Nikson se colocou com muita disposição a tomar a arma”, ressalta.

Contradizendo o advogado de defesa, Thaís Teixeira diz que “nenhuma arma dispara sem querer, tem que puxar o gatilho. Nem deu tempo de conversar, foi muito rápido. Mesmo se es­tivéssemos brigando, ele não tinha que entrar no meio por­que a gente era um casal. Não tinha o porquê dele ir lá e ati­rar no rosto do Nikson. Por ser um policial, tinha que fazer o papel dele, de conversar, separar. Ele foi já na intenção de tirar a vida dele, na covardia”, respon­deu quando foi questionada.

A mulher afirmou ainda que a vítima e o acusado não se co­nheciam e não brigaram no inte­rior da boate. Por fim, esclareceu que estava com Nikson Campos Davi havia cinco anos e que as brigas eram motivadas por cri­ses de ciúmes dela. Segundo o promotor criminal Marcus Túlio Nicolino, do Ministério Público Estadual (MPE), o PM se aproximou e atirou na vítima sem motivo, por isso quer que o policial seja levado a júri por ho­micídio qualificado.

“O policial militar interveio em uma discussão banal de um casal, de forma despreparada, de forma abrupta. Chegou e atirou covardemente contra a cabeça da vítima. Não se tem nenhum indicativo de que o tiro tenha sido acidental e as imagens da câmera de segu­rança apresentadas só reforçam essa tese”, afirma.

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