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Plantio de palmeiras é alvo de denúncia

ALFREDO RISK

O vereador Marcos Papa (Rede) acionou o Ministério Pú­blico Estadual (MPE), por meio da Promotoria da Habitação e Urbanismo, para que investi­gue e responsabilize, caso seja comprovada omissão ou irre­gularidade, a empresa e os agen­tes públicos que executaram a obra antienchentes na avenida Jerônimo Gonçalves, no Cen­tro Velho de Ribeirão Preto, e que teriam replantado de maneira indevida as palmei­ras imperiais no local. Na re­presentação, o parlamentar argumenta que, por causa do tamanho das covas feitas para o plantio, as árvores sofrem com o estrangulamento na base e, além de danificar o patrimô­nio, correm o risco de queda.

As palmeiras foram plan­tadas em quase todo o canteiro central da avenida, às margens do ribeirão Preto, na região conhecida como Baixada. De acordo com o vereador, o proje­to técnico da Divisão de Praças e Parques Públicos elaborado na época do plantio estabelecia que as covas das árvores deve­riam ter 1,60 metro de diâmetro. Porém, o serviço de paisagis­mo foi recebido pela Secretaria Municipal de Obras Públicas, no governo da ex-prefeita Dár­cy Vera (sem partido), com 90 centímetros. “As palmeiras nem cresceram muito ainda e estão sendo estranguladas por uma cova estreita. Da forma como as covas estão prejudicam o cresci­mento das árvores, que apresen­tam risco de queda. Agora o que nós queremos saber é: quem vai pagar por isso?”, questiona Mar­cos Papa.

Na representação, o vereador pede que a prefeitura seja oficia­da para esclarecer como foi feita a entrega do plantio pela empre­sa responsável e que o município entregue ao MPE cópia de todos os procedimentos relativos a este processo. Também solicita que, caso comprovada a omissão dos agentes públicos da época, que sejam obrigados a indeni­zar o município pelos recursos financeiros a serem gastos para a abertura de covas na medida estabelecida pelo projeto origi­nal. O parlamentar pede ainda que a empresa também seja res­ponsabilizada.

Em resposta ao parlamentar, antes da representação judicial, a Secretaria Municipal de Obras Públicas afirmou que foi aber­to um expediente interno para “estudo e ampliação do cantei­ro das palmeiras”. Já a Divisão de Praças e Parques Públicos, vinculada à Coordenadoria de Limpeza Urbana (CLU), afir­mou que, em 2008, elaborou um “projeto de distribuição de plantio das palmeiras na Jerô­nimo Gonçalves, baseando-se em planta baixa apresentada pela Secretaria de Planejamen­toe Gestão Pública, que previa canteiro contínuo ao longo de toda a avenida com espaço li­vre para plantio com largura de 1,60 m, suficiente para o de­senvolvimento desta espécie”.

Como foi o replantio
Dividido em quatro etapas, entre 2008 e 2014, o projeto das obras antienchentes em Ribei­rão Preto custou R$ 117 milhões aos cofres públicos. As interven­ções ocorreram no córrego Re­tiro Saudoso, na avenida Doutor Francisco Junqueira, e no ribei­rão Preto, nas avenidas Jerôni­mo Gonçalves e Fábio Barreto. O governo federal investiu R$ 99 milhões – R$ 52 milhões via financiamento com recur­sos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), R$ 30 milhões de emendas parla­mentares e R$ 17 milhões a fun­do perdido.

O estadual aplicou R$ 3 mi­lhões – via Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Polui­ção (Fecop), da Companhia de Tecnologia Ambiental de São Paulo (Cetesb) –, a prefeitura en­trou com R$ 10 milhões e a Câ­mara de Vereadores com mais R$ 5 milhões. Em todas as ações de combate às enchentes foi executado um extenso plano de compensação ambiental com o replantio das 128 palmeiras im­periais e o plantio de oito mil es­pécies arbóreas na região e pela bacia do ribeirão Preto, com­preendida pelo Parque Maurílio Biagi, tornando estas áreas mais protegidas e permeáveis.

Em julho de 2009, as 128 pal­meiras reais e imperiais da Jerô­nimo Gonçalves foram extraídas para possibilitar o alargamento do canal do ribeirão Preto. Por exigência do Departamento Estadual de Proteção de Re­cursos Naturais (DEPRN), as árvores com menos de 14 me­tros foram replantadas no Par­que Maurílio Biagi, ao lado da Câmara. Pelo acordo da época, fechado entre prefeitura e o DEPRN, a avenida recebeu 128 palmeiras no local onde ficavam as que foram retiradas.

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