Uma pesquisa realizada pela Associação de Bares e Restaurantes de Ribeirão Preto e Região (Abrasel) aponta para um colapso no setor caso o Estado não tome providências imediatas a respeito da proibição abrupta do funcionamento deste tipo de estabelecimento na cidade.
Desde segunda-feira, 25 de janeiro, e até 7 de fevereiro, Ribeirão Preto e as outras 25 cidades da área de atuação do 13º Departamento Regional de Saúde (DRS-XIII) está em uma fase híbrida do Plano São Paulo – laranja de segunda à sexta-feira, das 6 às 20 horas, e vermelha das 20 às seis horas e aos finais de semana.
Nesta etapa a abertura de bares não é permitida, a não ser que os estabelecimentos funcionem em sistema semelhante ao dos restaurantes, servindo refeição em mesas e com distanciamento de ao menos 1,5 metro. Não é permitida a presença de clientes em pé ou no balcão.
Os restaurantes também não podem atender aos finais de semana e após as 20 horas de segunda à sexta-feira, mas os sistemas de “delivery” (entrega em domicílio), “drive thru” (o cliente pega o produto sem descer do carro” e “take out” (pegue e leve) estão liberados.
O levantamento da Abrasel mostra que 62% dos bares de Ribeirão Preto devem fechar suas portas definitivamente nos próximos dois meses e 17% encerrarão as atividades nos próximos dias se a abertura ao público continuar impedida. Segundo Renato Munhoz, presidente da associação, o setor está sendo penalizado por uma situação que eles mesmos ajudaram a controlar – o aumento dos números da covid-19 na cidade.
“Quando se vai a um restaurante, as pessoas se sentam distantes umas das outras, elas têm a temperatura tomada, têm álcool em gel. Há uma limpeza constante de todos os equipamentos”, afirma Munhoz. Ele ressalta que o setor está pagando uma conta que deve ser debitada ao período eleitoral e às festas clandestinas organizadas, principalmente, pela falta de opções de lazer para a população.
“Os bares e restaurantes estão seguindo todos os protocolos de segurança e, por isso, não são os causadores da maior incidência da doença, pelo contrário, ajudamos a controlar”, destaca. O levantamento da Abrasel também mostra números do endividamento do setor. Mais de 80% das empresas deixaram de pagar seus impostos em 2020 para honrar a folha de pagamento dos funcionários e 47% estão sem pagar fornecedores.
Quase 100% destes estabelecimentos têm planos de dispensar pelo menos 10% do quadro de funcionários – 25% devem demitir um quarto e 21% pretendem diminuir pela metade a quantidade de colaboradores. “Estamos segurando nas costas um setor que está em declínio e que pode transformar-se em terra arrasada em poucas semanas se nada for feito”, reclama Munhoz.
De acordo com a associação, não há ajuda do governo (em todas as esferas) e a maioria das e empresas ainda segue atrelada ao plano de evitar demissões, lançado no começo da pandemia, que impede a deposição de funcionários afastados pelo acordo com o governo federal.
Os empresários reclamam que não houve planejamento do governo de São Paulo em relação ao comércio e também no atendimento à saúde, já que boa parte dos leitos para pacientes com covid-19 foi desativada na cidade. De acordo com a pesquisa, 58,3% dos bares e restaurantes de Ribeirão Preto não obtiveram lucro nenhum em 2020 e não sabem como farão para pagar as contas.
“Ninguém pensou na bomba-relógio que estava preparada com a segunda onda do novo coronavírus, executaram medidas paliativas e depois trataram de se preocupar só com as eleições. E o comércio, em geral, ficou com a conta na mão”, desabafa Munhoz.
A associação prepara documentos para provocar o Ministério Público de São Paulo (MPSP) a investigar a responsabilidade pela redução de leitos de atendimento à covid-19 na cidade. Até às 18h30 desta quinta-feira (28), segundo a plataforma leitoscovid.org, havia pacientes internados em 142 das 167 vagas de terapia intensiva disponibilizadas pelos onze hospitais da cidade. Na enfermaria, a taxa era de 59,7% no mesmo horário, com 105 dos 176 leitos ocupados.