Cientistas dizem que o calor recorde no período não foi totalmente surpreendente por causa do forte El Niño, fenômeno climático que aquece a área central do Pacífico e muda os padrões climáticos globais.
Combinação
“Mas sua combinação com as ondas de calor marinhas não naturais tornou esses recordes muito impressionantes,” disse a cientista Jennifer Francis, do Woodwell Climate Research Center. Com o El Niño diminuindo, as margens pelas quais as temperaturas médias globais são superadas a cada mês devem entrar em queda, afirmou ela.
A previsão é de que ele dê lugar, a partir do segundo semestre, ao fenômeno inverso, La Niña, que costumar baixar o calor global Cientistas, porém, atribuem a maior parte do calor recorde à ação do homem, com emissões de dióxido de carbono e metano produzidas pela queima de carvão, petróleo e gás natural.
“A trajetória não mudará até que as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera parem de subir”, disse Francis, “o que significa que devemos parar de queimar combustíveis fósseis, parar o desmatamento e cultivar nossa comida de forma mais sustentável o mais rápido possível.”
Sob o Acordo de Paris, de 2015, foi estabelecida a meta de manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC na comparação com os níveis pré-industriais. Os dados da Copernicus são mensais e usam um sistema de medição diferente do limiar de Paris, calculado em duas ou três décadas.
Margens maiores
Segundo Samantha Burgess, diretora adjunta da Copernicus, a temperatura recorde de março não foi tão excepcional quanto as de alguns outros meses do último ano, que tiveram recordes por margens maiores. Ela cita os meses de fevereiro de 2024 e setembro de 2023. Mas a “trajetória não está na direção certa”, afirmou.
O globo agora experimentou 12 meses com temperaturas médias mensais 1,58ºC acima do limiar de Paris, ainda de acordo com os dados da Copernicus.
Em março, a temperatura média da superfície do mar global foi de 21,07ºC, o valor mensal mais alto já registrado e ligeiramente superior ao relatado durante o mês de fevereiro. “Precisamos de ação global mais ambiciosa para garantir que possamos chegar a zero emissões líquidas o mais rápido possível”, disse Burgess.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.