Em meio ao início da tramitação na Câmara da denúncia contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), o Planalto pressiona líderes na Casa para que fechem orientação de bancada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e em plenário.
Assim, será possível visualizar quais deputados votarão com o governo, identificar os chamados “rebeldes” e trocar os que tendem a votar a favor da denúncia. A mesma tática foi utilizada na primeira denúncia e, ao final, mais de 17 membros foram substituídos na CCJ.
No penúltimo dia no cargo, em 14 de setembro, o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou nova denúncia contra Temer por obstrução de Justiça e organização criminosa. Já os ministros foram denunciados somente por organização criminosa. A peça tem como bases principais as delações premiadas de executivos da JBS e do corretor de valores Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB.
O Planalto espera que, com a orientação de bancada, os partidos declarem abertamente o apoio a Temer e, dessa forma, os discursos dos deputados aliados se juntem aos dos advogados. A ideia é aliviar a pressão em cima das acusações de obstrução de Justiça e organização criminosa feitas aos denunciados.
A vontade do Planalto é que todos os partidos já definissem o posicionamento até o final desta semana para não ter de trocar deputados em cima da votação do caso na CCJ. Um dos partidos criticados por assessores do Planalto, inclusive, é o próprio PMDB, sigla dos três acusados. Segundo auxiliares, o PMDB já deveria ter saído na frente para “dar o exemplo”.
Repetindo a estratégia utilizada quando o presidente Michel Temer (PMDB) foi denunciado pela primeira vez, o Palácio do Planalto voltou a acelerar o empenho de emendas para parlamentares ao longo de setembro. O objetivo agora é barrar a segunda denúncia, que começou a tramitar na Câmara na semana passada.
O Planalto autorizou o empenho de 80,6% das emendas em setembro após a apresentação da segunda denúncia contra Temer pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Ao todo, foram empenhados R$ 272,7 milhões em emendas parlamentares impositivas no mês passado. Os dados são da Comissão Mista de Orçamento.