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Planalto diz que não vai isolar servidores

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

Questionado sobre orien­tações para quem teve contato com o presidente Jair Bolso­naro, que testou positivo para covid-19 na terça-feira, 7 de ju­lho, o Ministério da Saúde afir­mou que a recomendação em situações deste tipo é buscar atendimento médico. “A nossa orientação é a de que qualquer pessoa que tenha contato com caso confirmado, deva pro­curar uma unidade de saúde”, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (8).

“Se for o caso, (o médico) vai prescrever medida de distancia­mento, medidas terapêuticas, farmacológicas ou não, e com pleno consentimento do pa­ciente”, completou o secretário. Para o infectologista Julio Cro­da, ex-diretor do Departamen­to de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde e pesquisador da Fiocruz, quem teve contato com o pre­sidente Bolsonaro até dois dias antes de ele começar a apresen­tar sintomas deve isolar-se por ao menos uma semana.

O Palácio do Planalto, no entanto, não recomenda qua­rentena de pessoas que tiveram “simples contato” com o presi­dente. Em nota, o governo afir­ma que não há protocolo sobre isolar pessoa que estiveram com doentes. “A orientação que da­mos aos servidores é procurar assistência médica quando apre­sentarem sintomas relacionados à covid-19, para avaliar neces­sidade de testagem. Nos casos considerados suspeitos, os servi­dores são orientados a ficar em casa até o resultado do exame”, afirma o Planalto.

Na mesma nota, o governo informou que 108 dos 3.400 servidores do Palácio do Pla­nalto testaram positivo para co­vid-19 até 3 de julho. “Não hou­ve mortes e mais de 90% desses casos foram assintomáticos ou apresentaram apenas sintomas leves.” A Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, afirma que é recomendável ficar em casa caso more com alguém infectado ou esteve a menos de um metro de um paciente com a doença.

Imagens da agenda oficial de Bolsonaro mostram o presi­dente sem máscara em almoço na casa do embaixador dos Es­tados Unidos, no domingo (5), e durante encontro com repre­sentantes da Federação das In­dústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na sexta-feira (3). A re­comendação do Ministério da Saúde é menos rígida. Em do­cumento de abril, a pasta reco­menda isolamento de 14 dias de casos suspeitos ou confirmados.

Os casos suspeitos, para o governo brasileiro, no entanto, são aqueles que tiveram contato próximo de um confirmado e, além disso, apresentam febre ou pelo menos um sintoma respira­tório, como tosse ou dificulda­de para respirar. No começo da pandemia, o ministério chegou a recomendar o isolamento para todas as pessoas que voltavam do exterior. A orientação foi derrubada, segundo fontes da pasta, por pressão do Palácio do Planalto para reduzir impactos sobre a economia e no funcio­namento da máquina pública.

O serviço de teleatendimen­to do Ministério da Saúde sobre a covid-19, acessado por meio do número 136, por sua vez, orienta isolamento de 14 dias para pessoas que tiveram con­tato com casos confirmados da doença, situação idêntica ao do presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro sentiu os primei­ros sintomas da covid-19 no do­mingo. “Não se sabe quem vai desenvolver sintoma. É melhor que se fique isolado”, afirma o infectologista Croda. Se neces­sário, o teste do tipo RT-PCR, que detecta a presença do ví­rus, deve ser feito por volta de cinco dias após o contato com Bolsonaro. “Tem gente que já está fazendo exame. Mas, se der negativo, pode ser um resultado falso. Tem de refazer lá na fren­te”, afirmou o infectologista.

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