O ano de 2022 promete novidades em vários campos. No cinema será lançado o aguardado live-action “Pinóquio” da Disney, com direção de Robert Zemeckis, o mesmo de “Forrest Gump”, que repetirá a parceria com Tom Hanks, desta vez no papel de Geppetto. O velhinho solitário criou um boneco de madeira que sonhava se transformar em humano e se tornou o mentiroso mais conhecido de todos os tempos.
A mentira está em nosso cotidiano e começa na infância, onde inúmeras vezes nos deparamos com situações onde crianças mentem com naturalidade. Isso ocorre principalmente até os cinco anos de idade quando elas, ainda, têm dificuldade de diferenciar a fantasia da realidade. Ao atingir os sete, já adquiriram noções de valores sociais, sabendo diferenciar verdade e mentira.
Também sabem o quanto a mentira pode prejudicar alguém. Segundo os especialistas, as cinco principais razões pelas quais as crianças mentem são: para não decepcionar alguém; fugir de responsabilidades; chamar atenção; evitar castigos e impressionar. Muitas pessoas continuam mentindo na fase adulta e com tamanha frequência que adotam as falsas histórias como meio de sobrevivência ou estilo de vida.
A ciência faz classificação dos mentirosos. Uma delas é a pseudolalia, quando a pessoa mente sem um objetivo específico, mente por mentir. Já na mitomania a compulsão por mentir geralmente é para suprir alguma necessidade básica, características semelhantes a um transtorno de personalidade.
Quem sofre de mitomania mente tanto que cria desde fatos pequenos e aparentemente inofensivos até histórias mirabolantes extremamente elaboradas e ricas em detalhes. Seus relatos não são inteiramente improváveis e até contêm referências à realidade. O cardápio de aventuras é bem variado e geralmente o mentiroso se coloca como herói. Não podemos confundir com a hipocrisia, que é o ato ou efeito de fingir, dissimular sua verdadeira personalidade, intenções ou sentimentos e que em geral é motivada pela busca de alcançar a realização de vantagens pessoais ou por medo de assumir a sua real identidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 12% da população brasileira ou 25 milhões de pessoas, sofrem com males mentais, sendo os mais conhecidos o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), bipolaridade, síndrome do pânico, hipocondria, depressão, ansiedade e esquizofrenia. A família tem um papel fundamental no relacionamento com essas pessoas, zelando, protegendo, dando compreensão e afeto. No caso dos mitômanos os cuidados devem ser redobrados, pois suas mentiras podem trazer consequências desastrosas.
Certos indivíduos elegem inimigos imaginários para atacar ou se fazer de vítima, uma forma hábil de ocultar as próprias falhas, medos, incertezas ou incompetência. O interessante é que muitas vezes falam com tanta habilidade que acabam convencendo seus interlocutores. Eles não têm limites e reproduzem suas fábulas em atividades familiares, profissionais, religiosas, políticas ou mesmo diante de grandes públicos.
A boa notícia é que existem tratamentos que podem ser feitos por psicólogos, porém alguns requerem a psiquiatria clínica com o uso de medicamentos. Embora a literatura médica indique que não se trata de uma doença contagiosa, existem relatos de milhares de pessoas que acabam envolvidas, enganadas e iludidas de tal forma que possuem dificuldade em diferenciar a mentira da realidade e acreditam nos mitômanos, passando a viver no mesmo universo paralelo.
A nova versão do filme da Disney promete muitas novidades, efeitos especiais e computação gráfica, mas as lições da história original devem ser preservadas, entre elas a de que mentira tem perna curta e se arrepender de um erro traz recompensas positivas. Que venha 2022.