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Justiça

Pinóquio – Bolsonaro diz que só soube de joias em 2022

© Getty

Weslley Galzo e Adriana Fernandes
(Agência Estado)

Num depoimento de três horas à Polícia Federal, o ex­-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu, pela primeira vez, expli­cações oficiais sobre a tentati­va de esconder do fisco caixas com joias e diamantes presen­teadas pelo regime da Arábia Saudita. Segundo a defesa, o ex-presidente disse que só sou­be um ano depois da existência das joias que tinham sido apre­endidas pela Receita Federal em outubro de 2021.

A declaração de Bolsona­ro, na quarta-feira, 5 de abril, se choca, no entanto, com os documentos do seu próprio governo. Como mostrou o Estadão, foram feitas pelo me­nos oito tentativas para retirar as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões do cofre da Receita Federal no Aeroporto de Gua­rulhos. Três tentativas ocor­reram ainda em 2021, sendo que uma delas partiu do gabi­nete presidencial.

Bolsonaro recebeu três caixas que estão avaliadas em cerca de R$ 18 milhões. Duas caixas foram trazidas da Ará­bia Saudita para o Brasil pela comitiva do então ministro de Minas e Energia Bento Albu­querque em outubro de 2021. Uma delas continha colar de diamantes destinado à primei­ra-dama Michelle Bolsonaro e foi apreendida pelos fiscais da Receita no aeroporto de Gua­rulhos. A caixa estava na mo­chila de um assessor de Bento Albuquerque.

Outra caixa, com relógio, anel e abotoaduras entrou no País sem ser notada. A ter­ceira caixa fora recebida pelo próprio Bolsonaro em 2019, quando visitou o governo sau­dita. Logo após a apreensão, ainda em outubro de 2021, o gabinete de Bolsonaro enviou um ofício ao ministério de Bento falando da necessidade de destinação das joias para o acervo pessoal ou da Pre­sidência. Até o Itamaraty foi acionado para tentar liberar as joias naquele ano.

As três caixas
Bolsonaro recebeu três cai­xas de joias. A primeira, com colar de diamantes, seria para Michelle Bolsonaro. Acabou apreendida pela Receita Fede­ral em outubro. As outras duas estavam com o próprio ex-pre­sidente. Uma tinha entrado no País naquele mesmo mês sem ser vista pela Receita Federal. Estava escondida na bagagem de mão da comitiva do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque.

Ela continha um jogo de relógio, anel e abotoaduras. Uma terceira caixa havia sido recebida pelo próprio Bolsona­ro quando visitou aquele País em 2019. O ex-presidente só admitiu estar com as joias de­pois que a existência delas foi noticiada pelo Estadão.

As duas caixas que esta­vam em seu poder tinham sido guardadas numa fazen­da do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet em Brasília. Foi para lá que Bolsonaro despachou caixas com pre­sentes que julgou ser parte de seu patrimônio pessoal.

O Tribunal de Contas da União (TCU) tem entendi­mento diferente. Considera que as peças são um presente dado pelo regime da Arábia Saudita ao representante do governo brasileiro e fazem parte do acervo público da Presidência da República. Não podem ser vendidas, nem ficar para uso pessoal do ex-presidente.

O TCU mandou Bolsonaro devolver todas as caixas que es­tavam em seu poder. A terceira caixa foi entregue na véspera do depoimento. Ao final do testemunho, o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, Fabio Wanjgarten, usou sua rede social para dizer que o ex­-presidente respondeu a todas as perguntas feitas pela PF, mas não deu mais detalhes.

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