A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta Distância, primeira exposição de vídeos e filmes pensada especialmente pelo museu para os meios digitais para ser apreciada pelo público durante este período de confinamento social. É também a primeira vez que o museu realiza uma mostra apenas online. A ação inédita reúne cinco trabalhos do acervo que podem ser vistos desde a última terça-feira (12) até o dia 3 de agosto no site www.pinacoteca.org.br. A curadoria é de Ana Maria Maia.
Os selecionados são: Da janela do meu quarto (2004) de Cao Guimarães; O batedor de bolsa (2011) de Dalton Paula; Tarefa I (1982) de Leticia Parente; 9493 (2011) de Marcellvs L.; e A banda dos sete (2010) de Sara Ramo.
“Apesar de distintos em tantos aspectos, esses filmes e vídeos têm em comum o ponto de vista de sujeitos por alguma razão apartados de uma sociabilidade imediata. Longe o suficiente para não terem acesso, mas minimamente perto para observarem e comentarem essa condição”, explica Maia.
O 9493, do artista Marcellvs L., mostra um garoto dentro de uma barraca de camping centrado no videogame e totalmente indiferente ao vento forte que atinge a barraca, sem nem ligar para a natureza imponente. As imagens foram feitas na Islândia de um ponto de vista fixo. Em Da janela do meu quarto (2004) de Cao Guimarães, o autor retrata duas crianças na chuva por vezes brigando e também brincando.
Essas duas obras serão as primeiras da mostra, caracterizadas por situações de voyeurismo, na qual os movimentos de uma outra pessoa são admirados discretamente. Com as perspectivas dos artistas, é possível distinguir briga e comunhão na brincadeira das crianças e até mesmo a conexão tecnológica na solidão do menino.
Nos vídeos Tarefa I, de Letícia Aparente, e O batedor de bolsa, de Dalton Paula, o sentido de distância extrapola os limites físicos e entra no campo social. No primeiro, uma empregada doméstica negra passa roupa da artista sem tirá-la do corpo. O movimento causa estranheza e propõe uma reflexão sobre o legado da servidão. Já Dalton Paula problematiza outro estereótipo, enquanto artista negro se coloca no vídeo e persegue uma bolsa feminina com o cassetete na mão e os olhos vendados, como num jogo de cabra cega. A performance faz referência, assim como o título da obra, àqueles que cometem pequenos furtos sem que sejam percebidos. O artista expõe a associação preconceituosa de que jovens, negros e do sexo masculino é que cometem essa criminalidade.
Por último em A banda dos sete de Sara Ramo, uma fanfarra de sete músicos toca realizando um movimento repetitivo e contínuo. No entanto a cada volta, o arranjo musical se modifica. Diante da distância imposta em relação à cena, Ramo aguça o senso crítico e investigativo do público que passa a suspeitar de todo o discurso, o que possibilita até mesmo a criação de histórias.
#PINADECASA
O projeto #pinadecasa, lançado pelo museu no dia 18 de março, tem repercutido positivamente entre o público. Desde o início da campanha, a conta da Pina no instagram (@pinacotecasp) ganhou mais de 12 mil seguidores. Nas redes sociais, diariamente, uma obra da coleção do museu acompanhada de curiosidades, dados históricos e explicações dos curadores é postada. Todo sábado, às 11h, também tem live no instagram da Pina. Já rolaram conversas ao vivo com os curadores sobre a exposição os OSGEMEOS: Segredos; Hudinilson Jr.: Explícito; Marcia Pastore: contracorpo; Vanguarda brasileira dos anos 1960 – Coleção Roger Wright, sobre o Modernismo, além de um bate-papo com Guilherme Wisnik sobre a arquitetura do histórico prédio.
Além disso, é possível fazer uma visita online pelo Tour Virtual 3D da Pinacoteca de São Paulo, criado pela Startup iTeleport Vivências Virtuais, que está disponível no site do museu (http://www.pinacoteca.org. br). De janeiro a abril de 2020, as visitas à plataforma já chegam a 23 mil. Ainda pelo Google Arts and Culture (http://bit.ly/3aG3jFA), o público também pode visitar sem sair de sua residência.