Por Luiz Carlos Merten
Ator desde 2002, Justice Smith surgiu em Pequenos Grandes Astros e depois foi ganhando espaço com participações cada vez maiores em Lutador de Rua, Cidades de Papel, Todo Dia e Jurassic World – Reino Ameaçado. Com Pokémon – Detetive Pikachu, que estreou na quinta, 9, ganha finalmente um papel de protagonista. Em dezembro, o garoto esteve na cidade, trazido pela Warner para abrilhantar seu painel na CCXP. Falou de peito aberto – “Desde criança, eu queria saber como os pokémons seriam no mundo real, com pelos e escamas. Foi uma grande oportunidade fazer esse filme.” Fã do anime, jura que ainda guarda cartas e o jogo (Pokémon Go). Na época, levantou o público da São Paulo Expo e confessou: “No começo, só eu o entendo e consigo falar com ele.
Na sua terceira semana – que começa nesta sexta-feira -, Vingadores – Ultimato pode continuar ditando as regras no mercado, mas já abre espaço para outros lançamentos. Entram novos filmes de gênero – o nacional Mormaço, de Marina Meliande, e o terrorífico Cemitério Maldito, de Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, baseado na história mais assustadora de Stephen King, assim considerada pelo próprio autor. E entra Detetive Pikachu, que deve atrair velhos fãs (nem tão velhos assim) da franquia de caçar monstrinhos e também novas plateias, porque o mais amado dos pokémons ficou uma fofura na sua nova versão. Serão 919 telas de 584 cinemas. Quem dirige é Rob Letterman, com vasta experiência como roteirista, animador e diretor da DreamWorks, onde ligou seu nome a Os Gringos, O Espanta Tubarões, Monstros Vs. Aliens e As Viagens de Gulliver, com Jack Black. Ei-lo que assina agora Pokémon – Detetive Pikachu, e a história se reveste de algumas características especiais.
De cara, Justice Smith, como Tim Goodman, é cooptado por um amigo a caçar seu pokémon, mas a criaturinha, que precisa se deixar seduzir pelo parceiro, não é nem um pouco solidária. Filho de policial, mas vivendo afastado do pai, Tim recebe a notícia de que ele morreu. Vai buscar seus pertences em Ryme City, verdadeiro paraíso em que humanos e pokémons vivem em harmonia, sem a necessidade da relação de treinamento dos monstrinhos, tão popular nos jogos. Tim encontra o pokémon que pertencia a seu pai, mas Pikachu perdeu a memória. É ajudado pela garota, assistente de produção e reportagem na TV local. Desenha-se um duplo conflito familiar. De um lado a conflituosa relação de Tim com a memória do pai, e de outro o choque de poder entre o cientista Bill Nighy, confinado a uma cadeira de rodas, e seu filho. Desconfie das aparências – Nighy aparece como o homem que aproximou humanos e pokémons e seu filho como um experimentador cruel, que parece querer destruir o legado do pai.
Por mais que pareça bobagem falar num universo canônico dos pokémons, a verdade é que, para os fãs de carteirinha, ele existe. Rob Letterman só respeita a tradição em parte. Cria o próprio cânone. A sua versão não elimina apenas treinamentos e batalhas, até as pokébolas dos jogos são reduzidas ao mínimo, só para lembrar que existem. O pokémon da garota, Psyduck, fica responsável pela maioria das tiradas cômicas e o vilão Mewtwo volta mais poderoso, numa espécie de piscar de olhos cúmplice com o público familiarizado com o universo. De resto, Letterman inova, ou reinventa. Se a chave dramática é a busca do pai, faz todo sentido que Ryan Reynolds seja o dublador de Pikachu (no original). No Brasil, onde o filme entra 90% dublado, Philippe Maia fornece a voz e transforma Pikachu num malandro carioca repleto de gírias. O final – olha o spoiler – desmistifica um conflito familiar e resolve o outro. O afeto que cresce entre Pikachu e Tim tem algo de pai e filho. A jornada de autoconhecimento e superação de Tim completa-se. E o amarelinho – Pikachu -, com aqueles olhos, conquista a plateia. Nas pré-estreias, as crianças vibraram, mas em matéria de pokémon a idade é o que menos importa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.