Tribuna Ribeirão
Política

PGR recorre contra decisão de Fachin

RICARDO STUCKERT

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta sexta-feira, 12 de mar­ço, recurso contra a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou as conde­nações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para o Ministério Públi­co Federal, a competência da 13ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná deve ser mantida para processar quatro ações penais contra o ex-presidente – triplex do Guarujá (SP), sítio de Atibaia (SP), sede do Instituto Lula e “doações ao Instituto Lula”.

Segundo a Procuradoria­-Geral da República, as con­denações e os processos contra o ex-presidente petista devem ser mantidos, “com base na jurisprudência do Supremo, e com vistas a preservar a estabi­lidade processual e a segurança jurídica”. O recurso é assinado pela a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo.

Edson Fachin já enviou o caso ontem mesmo ao plená­rio da Corte Suprema. Após prazo para a defesa se mani­festar, caberá ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, esco­lher a data do julgamento em plenário, composto pelos onze ministros. A PGR pede que a competência da 13ª Vara Fe­deral de Curitiba seja mantida.

Subsidiariamente, a PGR solicita que a decisão passe a ter efeitos daqui para a frente, de modo que o Supremo Tri­bunal Federal “possa decidir pela preservação de todos os atos processuais instrutórios e decisórios anteriormente praticados pelo Juízo da 13ª Vara de Curitiba”.

Caso tal pedido for acata­do, só seriam remetidas a ou­tra vara as duas ações ainda não sentenciadas – as relacio­nadas ao Instituto Lula –, diz o órgão. Na hipótese de não acolhimento de nenhum dos pedidos anteriores, Lindôra requisita que os processos contra Lula sejam enviados à Justiça Federal de São Paulo.

“Na medida em que os ca­sos em questão abrangem fatos e valores relativos a imóveis e instituto sediados naquele Es­tado”, completa. A PGR enten­de que, “por terem por objeto crimes praticados no âmbito do esquema criminoso que vi­timou a Petrobras, todos os processos estão inseridos no contexto da chamada Opera­ção Lava Jato, e, por tal razão, com acerto, tramitaram peran­te o Juízo da 13ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná”.

Ressalta ainda “que a com­petência da 13ª Vara de Curiti­ba perdurou por um longo pe­ríodo de cerca de cinco anos”, registrou a instituição em nota.

m seu primeiro pronuncia­mento público após a anulação de suas condenações no âm­bito da Operação Lava Jato, o ex-presidente Lula afirmou, na quarta-feira (10), que foi víti­ma da “maior mentira jurídica contada em 500 anos de histó­ria” do Brasil.

Ex-juiz da Lava Jato, Sér­gio Moro usou as redes so­ciais nesta sexta-feira defen­der o ministro Edson Fachin dos ataques sofridos desde que anulou os processos e condenações do ex-presiden­te Lula em uma tentativa de blindar as demais ações aber­tas na esteira da operação. O ministro foi alvo de xinga­mentos de manifestantes.

Essas pessoas promove­ram buzinaços perto do prédio onde ele mora no Jardim So­cial, bairro nobre de Curitiba (PR). Depois disso, o STF re­forçou sua segurança. “Repu­dio ofensas e ataques pessoais ao Ministro Edson Fachin do STF, magistrado técnico e com atuação destacada na Operação Lava Jato. Qualquer discordância quanto à decisão deve ser objeto de recurso, não de perseguição”, escreveu Moro no Twitter.

A suspeição do ex-juiz está sendo discutida na Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal. Até o momento, o único voto certo em seu favor parece ser o de Fachin. Na ses­são de terça-feira (9), quando o julgamento sobre a conduta de Moro foi retomado, até mes­mo a ministra Cármen Lúcia deu sinais de que pode mu­dar o posicionamento e votar para declarar a suspeição na ação do triplex do Guarujá, que condenou Lula.

Fachin ainda tentou im­pedir a análise dos recursos do ex-presidente. O ministro queria considerar a discussão sobre a conduta de Moro já encerrada em razão da decisão proferida por ele para anular todas as condenações do petis­ta na Lava Jato. Ao ver o clima desfavorável na Segunda Tur­ma, chegou a pedir, sem suces­so, o adiamento do caso.

O advogado Cristiano Za­nin Martins, defensor de Lula, também repudiou os ataques a Fachin. “É inaceitável qualquer ataque feito ao ministro Edson Fachin, a exemplo de outros já realizados contra outros ministros do Supremo Tribu­nal Federal e também contra advogados. Esses ataques bus­cam comprometer a indepen­dência da Justiça e da atuação dos profissionais do Direito, o que é uma agressão ao Estado Democrático de Direito”, disse.

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