Tribuna Ribeirão
Saúde

Pfizer cobra decisão do Brasil sobre vacina

DADO RUVIC/REUTERS

O Ministério da Saúde tem só “alguns dias” para decidir sobre a compra da vacina da covid da ameri­cana Pfizer. O prazo é dado pela farmacêutica, que relata 95% de eficácia do produto em testes. O governo resiste diante do preço, da oferta de poucas doses, e da necessi­dade de armazenar a menos 70ºC. Grande parte dos espe­cialistas diz que poderia ser a alternativa, ao menos em grandes cidades, com bons refrigeradores.

Após acordo com Estados Unidos e União Europeia, a Pfizer já negociou 54,3 milhões de doses com Peru, México e Chile. A farmacêutica, que atua em parceria com a alemã BioNTech, diz que o prazo da proposta ao governo está pro­tegido por acordo de confiden­cialidade, mas a reportagem apurou que é de sete dias e termina semana que vem. A Pfizer diz, em nota, aguardar “posicionamento oficial do ministério em resposta à pro­posta” da companhia, “que expira em alguns dias”. A em­presa já fechou venda para mais de 30 nações.

Os países da América Latina com quem a Pfizer já fechou negócio preveem ini­ciar a vacinação este mês ou no início de 2021, conforme o aval dos órgãos regulatórios locais. O Reino Unido vacina a partir da próxima sema­na – cada pessoa deve tomar duas doses. O número de do­ses disponíveis para o Brasil também está sob sigilo.

A empresa diz que seria “capaz de imunizar milhões de brasileiros já no primei­ro semestre” de 2021. Para este ano, ela produzirá 50 milhões de doses; em 2021, será 1,3 bilhão. As doses são reservadas a “países que fe­charam acordos antecipados” No Brasil, a Pfizer iniciou o processo de registro semana passada. São previstos até 60 dias para análise, mas o prazo pode diminuir por causa de novas regras da Agência Na­cional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aceita pedidos para uso emergencial.

O governo Jair Bolsonaro aposta na vacina da Univer­sidade de Oxford. A Fiocruz trabalha para incorporar a tecnologia e produzir as próprias doses desse imuni­zante. Mas os pesquisadores responsáveis pelo estudo de Oxford já reconheceram er­ros nos testes iniciais e a ne­cessidade de ampliar ensaios clínicos para medir a eficácia, o que deve atrasar o registro.

Além disso, a pasta espera receber doses para 10% da po­pulação brasileira por meio da Covax Facility, consórcio in­ternacional liderado pela Or­ganização Mundial da Saúde (OMS). O secretário nacional de Vigilância Sanitária, Arnal­do Medeiros, disse na quin­ta-feira que há interesse em comprar diferentes vacinas, mas vinculou qualquer aqui­sição ao registro na Anvisa.

A postura reticente se agravou após Bolsonaro blo­quear a compra da Corona­Vac, desenvolvida em parce­ria entre São Paulo e grupo chinês Sinovac. O ministro Eduardo Pazuello já disse a auxiliares que, para evitar novo “fato político’, só volta a tratar disso após registro da Anvisa. Além disso, manifes­tou publicamente que pro­postas de outras fabricantes de vacinas não agradaram.

O ministério também tem sinalizado que as tempera­turas de armazenamento de vacinas da Pfizer e da Moder­na, -70°C e -20°C, respecti­vamente, são barreiras. Me­deiros disse que o ministério tem investido para moderni­zar os cerca de 40 mil postos de vacinação do Sistema Úni­co de Saúde (SUS). A Pfizer diz ter plano para transporte e armazenamento das doses ao SUS – uma embalagem para cinco mil doses, com temperatura controlada, que usa gelo seco. A vacina dura­ria 15 dias.

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