A Polícia Federal abriu a Operação Spoofing nesta terça-feira, 23 de julho, e prendeu quatro suspeitos de invadir o celular do ministro da Justiça, Sergio Moro. A ação foi determinada pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.
Além de Moro, procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná foram hackeados. Supostos diálogos mantidos no auge da investigação entre eles e o então juiz Sergio Moro foram vazados e publicados pelo site The Intercept. Moro e os procuradores não reconhecem a autenticidade das mensagens a eles atribuídas.
A PF cumpriu quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão em Ribeirão Preto, Araraquara e São Paulo. Os mandados foram cumpridos pelo delegado da PF Luiz Flávio Zampronha, que investigou o escândalo do Mensalão. “As investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados”, informou a PF.
Spoofing, segundo a Federal, é um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é. A operação mira uma “organização criminosa que praticava crimes cibernéticos”.
Moro teve o aparelho celular desativado em 4 de junho, após perceber que havia sido alvo de ataque virtual. O celular do ministro foi invadido por volta das 18h. Ele só percebeu após receber três telefonemas do seu próprio número. O ex-juiz, então, acionou investigadores da Polícia Federal, informando da suspeita de clonagem. O último acesso de Moro ao aparelho foi registrado no WhatsApp às 18h23 daquele dia.
A PF também vai investigar a suposta invasão de hackers nos aparelhos celulares do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP). A parlamentar disse que teve seu telefone celular clonado na madrugada de domingo (21). Já o celular do ministro teria sido hackeado na noite desta segunda-feira (22).
A apuração sobre o caso envolvendo a deputada Joice está mais avançada. Assim que tomou conhecimento da invasão, na segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, determinou que a Polícia Federal abrisse uma investigação para apurar o caso. A denúncia feita pela deputada foi encaminhada à corregedoria da PF, que decidiu abrir um inquérito para apurar a invasão.
Sobre a possível invasão do celular de Guedes, a assessoria do Ministério da Economia disse que, na noite de segunda-feira, 22, o celular do ministro havia sido hackeado. Em mensagem distribuída a jornalistas, a assessoria pediu que mensagens vindas do número de Guedes e de outras pessoas do gabinete fossem desconsideradas.
Nesta terça-feira, em outra mensagem divulgada à imprensa, a assessoria de Guedes disse que está sendo apurada a possível invasão do telefone do ministro e informou que um ofício seria enviado ao ministro Sergio Moro pedindo que o caso fosse investigado pela PF.
As constantes invasões de aparelhos celulares têm assustado membros do governo e do Congresso Nacional nos últimos meses. O próprio ministro Sergio Moro afirmou ter sido alvo. Diálogos atribuídos a Moro e ao procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, passaram a ser divulgados pelo site Intercept, desde o dia 9 de junho.
Segundo a publicação, os diálogos indicariam suposta conduta irregular do então juiz da Lava Jato e consequente comprometimento das decisões dos processos julgados na 13ª Vara Criminal, em especial no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que está preso e condenado por corrupção desde 8 de maio de 2018.
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Ag.Br.