Na tarde desta segunda-feira, 8 de janeiro, a Polícia Federal (PF) concluiu a remoção dos veículos apreendidos de pessoas investigadas na Operação Sevandija e que ainda estavam no pátio da corporação, na avenida Maurílio Biagi, no bairro City Ribeirão, na Zona Sul. Os oito carros e uma motocicleta restantes foram levados para a capital paulista. Em 19 de dezembro, seis automóveis já haviam sido levados para São Paulo. No total, 15 unidades serão levadas a leilão e a expectativa é arrecadar R$ 2 milhões com o certame.
A transferência foi feita pela empresa responsável pelo leilão judicial dos 15 veículos. Eles foram removidos por causa da depreciação – sob sol e chuva, perderam valor de mercado. Em São Paulo, serão sumetidos a nova avaliação por parte de peritos antes de serem leiloados. Os bens estavam no pátio da PF há cerca de um ano e meio, desde a deflagração da Operação Sevandija, em 1º de setembro de 2016. As baterias chegaram a “arriar”.
Caminhões “cegonha” efetuaram o transporte dos carros apreendidos. A transferência começou por volta das 13 horas de ontem, com escolta de agentes da PF. O leilão foi autorizado pelo juiz Lúcio Alberto Enéas da Silva Ferreira, da 4ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, em dezembro. A Operação Sevandija foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e pela PF.
O magistrado definiu que na primeira sessão a venda seja feita pelo valor da avaliação ou acima e que, na segunda, por quantias não inferiores a 80% da avaliação. Apesar de a empresa responsável pelo leilão, que será via internet, já estar definida, as datas para os lances ainda não foram marcadas. A moto e os 14 automóveis que serão alienados têm fabricação que variam de 2012 a 2017 e, somados, representam um total de R$ 2 milhões, se levadas as cotações da tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
A decisão foi tomada com base em um pedido do Ministério Público Estadual (MPE), que atuou, com a PF, nas investigações sobre as supostas fraudes na prefeitura de Ribeirão Preto que podem ter desviado mais de R$ 203 milhões dos cofres públicos. A alienação ficou mais urgente para as autoridades depois que uma árvore caiu sobre um dos veículos apreendidos, no pátio da PF.
Entre os bens que vão a leilão estão três automóveis do ex-presidente da Câmara, Walter Gomes (PTB), e dois do ex-superintendente da Companhia de Desenvolvimento Econômico (Coderp) e do Departamento de Água e Esgotos (Daerp) e ex-secretário municipal da Administração, Marco Antônio dos Santos.
Também há três veículos do empresário Marcelo Plastino, sócio da Atmosphera Construções e Empreendimentos que cometeu suicídio em novembro de 2016, além de um do ex-secretário de Educação, Ângelo Invernizzi Lopes. Da lista de 16 bens que seriam colocados à venda, a Justiça excluiu em um primeiro momento uma BMW pertencente ao ex-diretor técnico do Daerp, Luiz Alberto Mantilla, “até consolidação da colaboração premiada” firmada com a Justiça.
Todos os investigados negam a prática dos crimes de associação criminosa, fraude em licitações e corrupção ativa e passiva e dizem que vão provar inocência. Se os veículos forem vendidos, o dinheiro ficará em uma conta judicial. Em caso de condenação dos proprietários, o valor arrecadado será devolvido ao governo municipal. Ou então voltará para os suspeitos, em caso de absolvição.
O Palácio Rio Branco entrou com ações na Justiça e cobra o ressarcimento de R$ 220 milhões e o bloqueio de bens de 26 dos 34 indiciados na Sevandija. Já foram bloqueados R$ 33 milhões de contas correntes dos acusados, 68 imóveis e 66 veículos.