Tribuna Ribeirão
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PF apura crimes contra os Yanomami

A Polícia Federal (PF) instau­rou inquérito, por determinação do ministro da Justiça e Segu­rança Pública, Flávio Dino, para apurar os responsáveis pela crise humanitária na Terra Indígena Yanomami. Serão investigados crimes de genocídio, omissão de socorro, crimes ambientais e pe­culato. A investigação tramitará em Roraima, sob sigilo.

Em coletiva realizada na última segunda-feira, 23 de ja­neiro, Dino disse ver “fortes in­dícios” de genocídio por parte da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro disse que “assassinar crianças é forma óbvia de levar a um extermínio de um povo”. De acordo com a pasta, mais de 500 crianças indígenas mor­reram por causas evitáveis nos últimos quatro anos na região.

O ministro também apon­tou para indícios de corrupção e disse que “milhões de reais foram alocados” a atendimen­to aos indígenas, “mas não encontraram eficácia”. Outro eixo de ação do ministério, de acordo com Dino, será a “de­sintrusão” de terras invadidas por garimpo ilegal.

Procuradores do Ministério Público Federal (MPF) afirmam que a situação de saúde dos in­dígenas yanomami foi causada pela omissão do Estado brasi­leiro na proteção das terras indí­genas. A conclusão está em uma nota pública divulgada pela Câ­mara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF, que fez um relato his­tórico do trabalho realizado na Terra Indígena Yanomami, lo­calizada em Roraima.

Limitadas
De acordo com a nota, ape­sar dos esforços feitos pelo ór­gão, as providências tomadas pelo governo Jair Bolsonaro (PL) foram limitadas. “No en­tendimento do Ministério Pú­blico Federal a grave situação de saúde e segurança alimentar sofrida pelo povo yanomami, entre outros, resulta da omis­são do Estado brasileiro em assegurar a proteção de suas terras”, diz o MPF.

Garimpo
“Com efeito, nos últimos anos verificou-se o crescimento alarmante do número de garim­peiros dentro da Terra Indígena Yanomami, estimado em mais de 20 mil pela Hutukara Asso­ciação Yanomami”, declara o Ministério Público Federal na nota. Cita ainda deficiência na oferta de serviços de saúde, fal­ta de distribuição de remédios e a presença de garimpeiros na região como fatores que contri­buíram para a situação.

Crianças
Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) declara que a situação dos povos yanomami foi de­nunciada pelo menos 21 vezes à Justiça. Segundo a entidade, cerca de 100 crianças morreram em 2022. O governo federal des­tituiu 43 ocupantes de cargos de comando da Funai.

As 38 exonerações e cinco dispensas atingem coordena­dores nacionais e regionais. No mesmo dia, o governo federal exonerou os responsáveis por comandar as equipes de onze dos 34 distritos sanitários espe­ciais indígenas (Dsei), subordi­nados ao Ministério da Saúde.

Funai
A Fundação Nacional do Índio (Funai), antes vinculada ao Ministério da Justiça e Segu­rança Pública, agora está subor­dinada ao Ministério dos Povos Indígenas, pasta criada este ano, pelo governo Lula. Militares da Força Aérea Brasileira (FAB) co­meçaram a montar, em Boa Vis­ta, o primeiro dos hospitais de campanha que o governo fede­ral planeja utilizar para atender índios da etnia yanomami.

Na segunda-feira havia 583 pessoas alojadas na unidade de saúde de Boa Vista (RR), para onde parte dos yanomami doen­tes está sendo transferida para re­ceber tratamento médico adequa­do. Do total, 271 indígenas eram pacientes; 257 acompanhantes e 55 índios que já receberam alta médica e aguardam uma oportu­nidade de voltar a seus territórios.

Crime
Quatro deputados federais do PT protocolaram, no domin­go (22), representação criminal na Procuradoria-Geral da Re­pública (PGR) contra o ex-pre­sidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos e senadora eleita Damares Alves (Republi­canos-DF). Eles são suspeitos de crime de genocídio contra os povos Yanomami em Roraima.

A representação também inclui todos os ex-presidentes da Funai durante o governo Bolsonaro – no período de ja­neiro de 2019 a dezembro de 2022. Assinam a representação os parlamentares Alencar San­tana (SP), Maria do Rosário (RS), Reginaldo Lopes (MG) e Zeca Dirceu (PR).

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