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Pets sem raça definida são os prediletos  

Levantamento de clínicas veterinárias do Brasil com uma das maiores plataformas de gestão do segmento pet aponta raças mais presentes nos lares do país  

O estudo analisou os dados de pouco mais de 4,4 milhões de cães e gatos, os sem raça definida ficou 29,39% da preferência (Maurício Protetor)

Por Adriana Cristofoli

 

Pets sem raça definida (SRD) lideram a preferência do brasileiro, segundo análise feita pela VetFamily e OnePet, sistema de gestão de pet shops e clínicas veterinárias, que avaliou dados dos últimos cinco anos.  

O volume de SRDs (29,39%) é praticamente o dobro do segundo colocado no ranking – os cães da raça Shih Tzu (14,57%) – e quase quatro vezes maior que o terceiro colocado – os cães da raça Poodle (7,66%). O estudo analisou os dados de pouco mais de 4,4 milhões de cães e gatos cadastrados na plataforma utilizada por empresas do segmento pet em mais de 500 cidades brasileiras. 

Entre os top 10 cães e gatos cadastrados estão: Sem Raça Definida (29,39%); Shih Tzu (14,57%); Poodle (7,66%); Yorkshire Terrier (5,87%); Spitz Alemão (3,68%); Pinscher miniatura (3,40%0; Siamês (2,74%); Maltês (2,35%); Lhasa Apso (1,81%); e Pit Bull (1,67%). Raças populares como Golden Retriever, Buldogue Francês, Persa e Labrador se encontram em 11º, 13º, 15º e 16º lugares respectivamente. 

Outro dado importante levantado pela plataforma é o percentual de consultas realizadas entre maio de 2023 e abril de 2024: na média nacional, apenas 8,87% dos animais cadastrados passaram por consulta veterinária. 

ONG – Para Cristina Dias, diretora da ONG Associação Vida Animal, existe um aspecto importante sobre os números desta pesquisa, o modismo. “Atualmente existe o modismo de que nós preferimos os vira-latas”. Segundo ela, existe muito marketing envolvido por trás dessa predileção. “Artistas e influenciadoras preocupados de verdade, mas muitos pegando carona nessa onda também”, declarou dizendo que muitas vezes essa preocupação é superficial.  

Cristina Dias, no centro, com sua equipe de trabalho “Minha raça preferida é o adotado, foi slogan da Associação no ano passado”  (Arquivo pessoal)

Outra observação feita pela protetora é sobre os problemas característicos das raças definidas, pois este animal é como um produto feito para ser comercializado. “Num animal de raça você escolhe a cor, a pelagem, o tamanho, se late muito, se é bravo, se gosta de criança…. Mas junto com essas características vem os problemas ortopédicos, problemas respiratórios, problemas de ouvido, entre tantos outros, característicos de cada raça”, diz. 

Para ela, o grande erro de quem cria e comercializa esses animais é não passar essas informações fundamentais para quem está adotando. É preciso ter uma noção dos gastos para os cuidados básicos necessários para cada raça antes de se fazer uma escolha. “Quando os problemas aparecem, as pessoas abandonam os de raça e optam pelos sem raça definida”, comenta. 

Cristina conta que a Ava recebe cerca de mil animais por mês, de todas as raças e todos judiados. Muitas pessoas compram o animal, mas depois querem ganhar o dinheiro que gastou e coloca o cachorrinho para cruzar e começar a revenda. Segundo ela, “o comércio indiscriminado está jogando nas ruas animais totalmente destruídos”, principalmente os de raça definida. “Temos uma lei atual, do governados Tarcísio de Freitas, que não atende toda as questões da causa animal, mas vai mudar muita coisa se ela for regulamentada”, diz. Para ela quem deve ajudar a fiscalizar a lei, somos nós. “Quem tem que denunciar somos nós, sejam os maus criadores, os maus vendedores e até os maus compradores”, argumenta. 

Cristina enfatiza sempre que é importante ter consciência que qualquer animal de raça ou SRD, sente dor, sente fome, frio, medo. “E principalmente saber de que ficaremos com ele cerca de 15 anos”, finaliza.  

Protetor – Para o protetor Maurício Garcia, a predileção por vira-latas se deve a saúde e ao temperamento “É raro uma notícia de ataque de um vira-lata ao seu dono” 

Maurício Protetor: “É raro uma notícia de ataque de um vira-lata ao seu dono” (Arquivo pessoal )

Maurício tem 50 animais no abrigo e luta diariamente para mantê-los, afinal eles precisam de castração, ração, remédios, vacinas e outros cuidados. 

Segundo ele, as pessoas lembram dos protetores ou de Ongs, quando estão precisando. Muitos mudam para apartamentos, ou mesmo de cidade, e logo pensam nos protetores. “Também nos procuram quando veem um animal atropelado. Aí se lembram que existem ONGs. Mas não lembram que precisamos de ajuda financeira e também de pessoas para serem voluntárias”, desabafa. Até para a organização das feiras de adoção, existe em grande trabalho, de banho, tosa, transporte… e tudo isso muitas vezes é custeado pelo próprio protetor. 

 Lar temporário  

Ellen Formaggio, fornece além da hospedagem, também um lar temporário com todos os cuidados necessários (Alfredo Risk)

O hotel/abrigo Pata Amada de Ribeirão Preto, resgata e recebe cães, oferendo hospedagem, como se fosse um lar temporário. “Os animais ficam aqui, até conseguirem um lar definitivo”, explica Ellen Formaggio, diretora do hotel.  

O local aceita cães de outros protetores e até mesmo de pessoas que encontram animais abandonados nas ruas e não podem levar para casa. Para custear a hospedagem é cobrada uma mensalidade, que é revertida nos cuidados com os animais, como alimentação, limpeza, consulta veterinária, castração e vacinação. “Temos também animais mais idosos, no nosso asilo”, diz. Ela afirma que, mesmo pequena, existe procura por este tipo de cão. 

 

 

 

 

 

 

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