Pesquisadores brasileiros vão recrutar 15 mil moradores de Ribeirão Preto para estudo que vai identificar pessoas com maior ou menor risco de desenvolver o câncer. Com o material, será feita a genotipagem do DNA para entender a soma dos fatores hereditários, que são chamados de escore poligênico. Dessa forma, a pesquisa poderá impactar na prevenção de precisão para cada pessoa, de acordo com suas características genéticas.
No futuro, esses escores permitirão identificar quem são as pessoas que precisam de rastreamento mais intenso para câncer e ao mesmo tempo pessoas que precisam de menos exames, o que terá grande impacto na racionalização dos recursos de saúde tanto públicos como privados. Outro destaque do trabalho é que os resultados vão permitir ter dados genéticos da população brasileira.
O projeto Coorte Dinâmica Genômica Oncológica (CoDiGO) integra o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon). A realização e coordenação são da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (FMRP/USP), com participação do Hospital das Clínicas (HC), Fundação de Amparo ao Ensino, Pesquisa e Assistência (Faepa) e pela prefeitura.
O projeto envolve mais de 50 pesquisadores e teve início há dois anos em Ribeirão Preto. Agora avança para nova fase e os dados clínicos coletados, nos núcleos de saúde básica, serão pareados com coleta de material para genotipagem. Ao final de três anos, será formatado um grande banco de dados clínicos, epidemiológicos e moleculares para responder questões de oncologia e até de outras áreas.
“É necessário aprimorar os métodos de rastreamento do câncer diante do conhecimento recente que pessoas podem ter maior ou menor risco hereditário para desenvolver câncer”, diz Leandro Colli, professor da FMRP, médico oncologista e um dos coordenadores do projeto.
“O rastreamento ainda é realizado praticamente do mesmo modo para todas as pessoas. Assim, indivíduos com maior risco de desenvolverem câncer podem não estar recebendo todo investimento em prevenção necessário e aquelas com menor risco, mais do que o necessário”, explica.
Os pesquisadores estão recrutando pacientes maiores de 18 anos, atualmente acompanhados pelas equipes de Saúde da Família no Distrito Oeste de Ribeirão Preto, para a coleta de sangue. Outro destaque do trabalho é que os resultados vão permitir acesso a dados genéticos da população brasileira.
“Esse tipo de estudo é realizado há mais de dez anos no mundo, mas são raros no Brasil por causa do custo de milhões de reais por tipo tumoral. Pela diversidade genética da nossa população, estudos europeus e norte-americanos não podem ser extrapolados para o Brasil”, revela João Paulo Dias de Souza, também professor da FMRP, médico epidemiologista e um dos coordenadores do projeto.
“Nós propomos utilizar os dados clínicos do excelente cuidado dos núcleos de saúde básica pareado com coleta de material para genotipagem. Ao final de três anos, teremos um grande banco de dados clínicos, epidemiológicos e moleculares para responder questões de oncologia e até de outras áreas”, conta o professor João Paulo Dias.
No futuro, o estudo permitirá identificar quem são as pessoas que precisam de rastreamento mais intenso para câncer e ao mesmo tempo pessoas que precisam de menos exames, o que terá grande impacto na racionalização dos recursos de saúde tanto públicos como privados. Outro destaque do trabalho é que os resultados vão permitir ter dados genéticos da população brasileira.
“O projeto em construção nas nossas unidades de saúde é a construção e um grande avanço científico na prevenção e combate ao câncer e coloca nossa cidade, mais uma vez em posição de destaque em medicina, saúde e pesquisa no Brasil e no mundo”, diz o secretário municipal da Saúde, José Carlos Moura.