Calendário definido, candidatos se organizando para disputar o voto do eleitor e surge a pergunta mais intrigante na corrida eleitoral: quanto custa ganhar uma eleição? Um estudo do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD) ajuda a responder essa pergunta e revela como os vencedores utilizaram os recursos financeiros.
Elaborada com informações da base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes às prestações de contas dos candidatos que disputaram a eleição de 2018, a pesquisa mostra o custo médio das campanhas vitoriosas aos governos estaduais, Senado, Câmara dos Deputados e assembleias legislativas em todo o País.
A pesquisa se baseou na análise da informação das 1.652 pessoas que venceram as eleições de 2018. Além da média, a pesquisa mostra o investimento mínimo e o investimento máximo necessário para vencer uma eleição em cada um dos cargos. O valor médio das campanhas foi corrigido pela inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de outubro de 2018 a janeiro de 2022.
Para se ter uma ideia, a média nacional de gastos de uma campanha vitoriosa ao governo do estado foi de R$ 6,8 milhões. Para o Senado, o custo médio foi de R$ 2,1 milhões, para a Câmara dos Deputados, R$ 1,3 milhão e para uma assembleia legislativa, R$ 373 mil.
A pesquisa também detalhou como foram gastos os recursos na produção do material de campanha. A produção dos programas de rádio e televisão foi o que consumiu o maior percentual de recursos das campanhas ao Governo (29,8%) e do Senado (22,09%). Mas quando se analisa as campanhas à Câmara dos Deputados e às assembleias legislativas, o maior volume de recursos colocado em publicidade foi o para material impresso: 22,09% e 21,56%, respectivamente.
Na era da internet o estudo revelou que os concorrentes aos diferentes cargos ainda investiram menos de 5% dos recursos totais nessa área. Candidatos ao governo usaram em média 3,18% com impulsionamento de conteúdos na web. Concorrentes ao Senado, 3,18%, à Câmara, 2,10% e às assembleias legislativas, 1,95%. Tudo indica que os investimentos em campanhas digitais devem subir nas eleições de outubro, assim como os investimentos em pesquisas, que começam a ser vistos como ferramentas importantes para uma campanha mais assertiva.
“Para alcançar o sucesso em uma eleição é fundamental compreender a realidade, a dinâmica do eleitorado e como conquistá-lo. Há algumas ferramentas que facilitam esse caminho. Sabendo quanto custa uma campanha vitoriosa e quais são essas ferramentas, o candidato consegue fazer um planejamento adequado, com gastos direcionados a ferramentas que podem melhorar o seu desempenho nas urnas”, explica Max Stabile, diretor do IBPAD.
Veja como regularizar seu título de eleitor
Os eleitores que pretendem votar nas eleições de outubro têm dois meses para regularizar a situação na Justiça Eleitoral. A partir de 4 de maio, o cadastro eleitoral será fechado e nenhuma alteração poderá ser feita.
A regularização do título de eleitor pode ser feita no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O prazo também vale para quem vai pedir a primeira via do documento para votar pela primeira vez, fazer a transferência de local de votação ou a atualização de dados pessoais.
Para verificar sua situação, o eleitor deve entrar no site do TSE e checar se há algum débito em seu nome pela aplicação de multa por não ter votado em eleições anteriores, caso mais comum de irregularidade. O voto no Brasil é obrigatório e quem não comparece no dia da eleição paga multa de aproximadamente R$ 3,50 por cada turno se não justificar a falta.
Após fazer o pagamento, por meio da Guia de Recolhimento da União (GRU), é preciso esperar a Justiça Eleitoral identificar o pagamento da multa e baixá-la no sistema, que acusará que o débito foi pago.
O eleitor que estiver com o título cancelado pela ausência consecutiva em três eleições, além de pagar a multa, deverá requerer a revisão do cancelamento ou a transferência de domicílio para ficar em dia com a Justiça Eleitoral.
Transferência
O pedido de transferência do local de votação também pode ser feito pelo site do TSE. A medida se aplica aos brasileiros que mudaram de cidade. Entre as regras, é necessário que o eleitor esteja morando no município há pelo menos três meses.
Quem mora no exterior deve fazer o pedido de transferência na embaixada ou consulado do Brasil. Os brasileiros no exterior só votam para o cargo de presidente da República.
Levantamento por estados
A pesquisa também revelou informações detalhadas de cada unidade da federação. Dependendo da região ou estado em que o concorrente está, se vai disputar a reeleição ou não, o custo de uma campanha vitoriosa pode variar muito.
São Paulo teve a campanha mais cara ao governo do estado do país: um investimento de R$ 26,8 milhões. A média de gastos para se eleger ao Senado foi de R$ 3,4 milhões. Para a Câmara, a média de gastos ficou em R$ 1,3 milhão e para a Assembleia Legislativa, R$ 537 mil. Na corrida para a Câmara, a campanha que registrou gasto máximo, de R$ 2,9 milhões, foi 13,8 vezes mais cara do que a campanha que teve gasto mínimo, de R$ 19,2 mil.
O estudo mostra que no Espírito Santo, onde houve a menor média de gastos de um vencedor, o investimento foi de R$ 154 mil. A disputa pela mesma vaga em São Paulo, onde houve a maior média, custou quase 3,5 vezes mais, um investimento de R$ 537 mil para quem se elegeu.
Já quem sonha com uma das 513 vagas da Câmara dos Deputados será necessário gastar em média R$ 1,3 milhão. Mas quando se faz a comparação por estados, novamente há variações. Quem conquistou uma das cadeiras da bancada do Rio de Janeiro, o estado com a menor média de gastos, investiu R$ 914 mil.
Mas para ser dono de um dos mandatos de deputado federal por Goiás, o estado com a maior média, o investimento foi quase duas vezes maior, de R$ 1,6 milhão. Para conhecer a íntegra da pesquisa, de forma gratuita, basta acessar o site www.ibpad.com.br.
Lei das Fake News ainda não foi votada
O Projeto de Lei 2.630, conhecido como projeto de lei das Fake News, enfrenta resistência na Câmara dos Deputados e não deve ter impacto nas eleições de 2022. Após dois anos da aprovação no Senado, a dificuldade em alcançar um consenso na Câmara trava a possibilidade de avanço do projeto. O novo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), José Alberto Simonetti afirma que a entidade atuará com firmeza contra as notícias falsas e em defesa da transparência eleitoral nas eleições deste ano.