Estudo considera índice de infectados baixo, mas requer cautela quanto ao relaxamento das medidas de distanciamento: pesquisa estima 8,3 mil pessoas com covid-19 em Ribeirão Preto
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP) apresentou, em coletiva para a imprensa, na tarde desta quarta-feira, 6 de maio, o resultado da avaliação da prevalência de marcadores virológicos e sorológicos do novo coronavírus (Sars-CoV-2) na população de Ribeirão Preto.
Pelo levantamento, a cidade tem 8.305 pessoas com covid-19, segundo estimativa do Hospital das Clínicas e prefeitura de Ribeirão Preto, com apoio do Instituto Butantã. O estudo foi realizado no feriado prolongado do Dia do Trabalho, entre sexta-feira (1º) e domingo (3), com mais de 700 pessoas – uma de cada residência, em diversos bairros.
Segundo o estudo, feito com amostras de sangue e nasal (swab de nasofaringe) de moradores de todas as regiões da cidade – Central, Leste, Oeste, Norte e Sul –, 1,21% dos habitantes de Ribeirão Preto estariam com o novo coronavírus. O relatório preliminar aponta que a prevalência estimada de infecção pelo novo coronavírus na população ribeirão-pretana é muito baixa.
Diz ainda que a doença ainda não circulou amplamente pela cidade e a baixa prevalência provavelmente reflete as medidas preventivas implementadas até o momento, como o isolamento social, com a imposição de quarentena. Porém, também indica a existência de grande parte da população ainda susceptível ao vírus, o que requer cautela no relaxamento das medidas preventivas, segundo o superintendente do HC, Benedito Carlos Maciel.
A divulgação foi acompanhada pelo secretário municipal da Saúde, Sandro Scarpelini, e pelo médico infectologista do Hospital das Clínicas que participou do levantamento, Fernando Belíssimo. Quarenta e cinco profissionais foram treinados para visitar mais de 700 casas sorteadas em todos os bairros da cidade, onde foi aplicado um questionário, colhida amostra de sangue e a coleta de amostra do nariz com um cotonete de uma das pessoas residentes nessa casa.
A partir desse método, foi possível estimar quantas pessoas existem atualmente em Ribeirão Preto infectadas pelo coronavírus, ou que se infectaram no passado. Essas informações serão fundamentais para planejar as próximas atividades que a prefeitura e o Hospital das Clínicas tomarão com relação a doença, sua evolução e asa medidas a serem tomadas no futuro.
Trata-se de um inquérito epidemiológico por meio de amostragem estratificada por sexo, idade e local de residência. O estudo vai ajudar a administração municipal a definir estratégias para a retomada das atividades comerciais, industriais, educativas e de lazer.
Todo o processo será repetido após quatro semanas, com os mesmos participantes por acesso à plataforma digital do HC. Os dados globais anonimizados serão de imediato divulgados ao órgãos de vigilância epidemiológica do município, estado e federação para, posteriormente, serem prepara dos para divulgação em periódico científico.
Segundo os responsáveis pelo estudo, para avaliar 20% de uma população de 706.552 habitantes, foi necessário pesquisar ao menos 685 pessoas distribuídas proporcionalmente pelos distritos sanitários, mas foram avaliadas 728 por causa das perdas.
A covid-19 se manifesta em 20% da população e cerca de 80% são assintomáticas, por isso o estudo, para saber qual a incidência do vírus na cidade. Apesar de eficazes, as medidas de distanciamento causam impactos negativos na economia, agravando a situação financeira principalmente das pessoas mais pobres e vulneráveis.
Três fotos 01, 02 e 03: Alfredo Risk
O superintendente do HC, Benedito Carlos Maciel, o secretário da Saúde, Sandro Scarpelini, e o infectologista Fernando Belíssimo: cautela
