Equipes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP) vão visitar nesta semana, no feriado de Corpus Christi, quinta feira, 11 de junho, e no sábado (13), as mais de 700 pessoas que participaram da primeira etapa do inquérito de avaliação da prevalência de marcadores virológicos e sorológicos do novo coronavírus (Sars-CoV-2) na população de Ribeirão Preto.
Dessa vez, serão colhidas apenas amostras de sangue dos voluntários. Segundo o coordenador, somente as pessoas que apresentarem sintomas da doença terão amostras coletadas do nariz. Elas também serão encaminhadas ao Polo Covid-19, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da avenida Treze de Maio, para avaliação médica mais criteriosa.
“O exame de sangue detecta a presença de anticorpos contra o vírus causador da covid-19. Assim, a gente fica sabendo quem são as pessoas que já tiveram a doença em um período recente. Ele não detecta a presença do vírus propriamente dito, apenas dos anticorpos”, afirma o médico infectologista Fernando Belissimo Rodrigues, coordenador da pesquisa, em vídeo divulgado pela assessoria do HC.
Por causa evolução de mortes e casos de Sars-CoV-2 na cidade, a expectativa do infectologista é de que o número de moradores que já foram expostos ao novo cornavírus tenha subido para até 20,5 mil, o que representa aproximadamente 3% dos 703.293 ribeirão-pretanos. O resultado foi considerado positivo, mas também preocupante, pois um percentual pequeno adquiriu imunidade. Os resultados podem ajudar a nortear as decisões das autoridades sobre as medidas de enfrentamento à doença.
Na primeira fase do levantamento, realizado entre os dias 1º e 3 de maio, com mais de 700 pessoas – uma de cada residência, em diversos bairros –, o estudo constatou que a cidade tinha 8.305 pessoas com covid-19, 1,21% da população. A pesquisa do Hospital das Clínicas conta com o apoio da prefeitura de Ribeirão Preto e do Instituto Butantã.
Segundo o estudo, feito com amostras de sangue e nasal (swab de nasofaringe) de moradores de todas as regiões da cidade – Central, Leste, Oeste, Norte e Sul –, 1,21% dos habitantes de Ribeirão Preto estariam com o novo coronavírus. O relatório preliminar aponta que a prevalência estimada de infecção pelo novo coronavírus na população ribeirão-pretana é muito baixa.
Diz ainda que a doença ainda não circulou amplamente pela cidade e a baixa prevalência provavelmente reflete as medidas preventivas implementadas até aquele momento, como o isolamento social, com a imposição de quarentena. Porém, também indica a existência de grande parte da população ainda susceptível ao vírus, o que requer cautela no relaxamento das medidas preventivas, segundo o superintendente do HC, Benedito Carlos Maciel.
Quarenta e cinco profissionais foram treinados para visitar mais de 700 casas sorteadas em todos os bairros da cidade, onde foi aplicado um questionário, colhida amostra de sangue e a coleta de amostra do nariz com um cotonete de uma das pessoas residentes nessa casa. A partir desse método, foi possível estimar quantas pessoas existem atualmente em Ribeirão Preto infectadas pelo coronavírus, ou que se infectaram no passado.
Trata-se de um inquérito epidemiológico por meio de amostragem estratificada por sexo, idade e local de residência. Segundo os responsáveis pelo estudo, para avaliar 20% de uma população de 706.552 habitantes, foi necessário pesquisar ao menos 685 pessoas distribuídas proporcionalmente pelos distritos sanitários, mas foram avaliadas 728 por causa das perdas.
A covid-19 se manifesta em 20% da população e cerca de 80% são assintomáticas, por isso o estudo, para saber qual a incidência do vírus na cidade. Apesar de eficazes, as medidas de distanciamento causam impactos negativos na economia, agravando a situação financeira principalmente das pessoas mais pobres e vulneráveis.