Tribuna Ribeirão
DestaquePolícia

Pesquisa avalia trabalho das polícias paulistas 

  Aprovação é maior entre pessoas com mais poder aquisitivo, 60 anos ou mais, cor branca, ensino superior, homens e moradores do litoral e interior   

Aprovação é maior entre pessoas com mais poder aquisitivo, 60 anos ou mais, cor branca, ensino superior, homens e moradores do litoral e interior (Alfredo Risk)  

Por: Adalberto Luque 

Uma inédita pesquisa de opinião pública mostra que a atuação das Polícias Militar e Civil no Estado de São Paulo foi avaliada majoritariamente como “regular” (52% dos entrevistados). Porém, cerca de um terço das pessoas ouvidas considera o trabalho da polícia paulista muito eficiente ou eficiente (31%) e apenas 16% dos ouvidos classificam como ineficiente ou muito ineficiente o trabalho policial. 

O estudo é da Badra Comunicação. Realizada entre 10 e 15 de fevereiro deste ano, ouviu 1.501 moradores paulistas, divididos em duas macrorregiões, a Metropolitana e Grande São Paulo e Litoral/Interior. A pesquisa “Polícia de Cada Dia” teve por objetivo investigar as percepções da população em relação à atuação dos policiais e à violência policial que ocorre no Estado.  

Os dados foram coletados em entrevistas presenciais, com questionário contendo 28 perguntas, das quais 25 estruturais e 3 abertas. Os 1.501 entrevistados foram divididos nas duas macrorregiões e a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. 

O trabalho policial é mais bem avaliado entre pessoas com renda familiar acima de R$ 5 mil (47%), pessoas com 60 anos ou mais (42%), pessoas de cor branca (40%), com ensino superior (39%), do sexo masculino (39%) e moradores do interior/litoral (37%). 

Entre os que reprovam o trabalho policial, 21% são de cor preta ou parda, 20% têm até o ensino fundamental e 18% com idades entre 45 e 59 anos. 

Violência 

Um dos objetivos da pesquisa foi avaliar a percepção da população em relação à violência policial. Neste quesito, pelo menos 3 em cada 10 entrevistados já presenciaram esse tipo de episódio e 1 em cada 10 se diz vítima direta dessa violência. 

Em linhas gerais, 35% dos entrevistados disseram confiar muito no trabalho da polícia paulista, enquanto 41% confiam pouco e 23% não confiam. Em relação ao trabalho da polícia na comunidade ou região onde moram os entrevistados, 6% consideram muito boa, 29% boa, 44% regular, 14% ruim e 7% muito ruim. 

Abordagem 

Pelo menos 62% dos entrevistados disseram se sentirem completamente seguros ou relativamente seguros se forem abordados. Já 38% se manifestaram inseguros, muito inseguros e com medo. Pelo menos 87% dos entrevistados disseram jamais terem evitado passar por determinado lugar com medo de serem abordados pela polícia, enquanto 13% disseram já terem evitado alguma abordagem. Entre os que evitaram, a pesquisa constatou que 17,4% eram pretos, 13,7% pardos e 11,6% brancos. 

Dos entrevistados, 53% nunca foram abordados ou presenciaram abordagem, enquanto 47% já foram abordados ou viram alguma abordagem. Entre os abordados, 58,8% consideraram a ação respeitosa e 40,2% disseram ter sido uma ação desrespeitosa. 

Força excessiva 

Os entrevistados também avaliaram a força excessiva na abordagem. Cerca de 13% disseram que a polícia sempre usa força excessiva nas abordagens, 63% acham que isso ocorre às vezes e 23% nunca ou quase nunca. Metade dos entrevistados acredita que a violência policial afeta mais algumas pessoas do que as outras. Entre as consideradas mais afetadas, 35,9% disseram acreditar que negros sejam os mais prejudicados, enquanto 23,5% consideram pessoas de baixa renda as maiores vítimas.  

Causas da violência 

Entre os fatores que motivam violência, 22,5% apontam a falta de treinamento, 15,3% abuso de autoridade e 1,3% baixos salários. A violência policial reflete negativamente na imagem da polícia para 85% dos entrevistados, enquanto 12% acham que não afeta em nada. Quando a imprensa noticia atos de violência policial, 64% dos entrevistados recebem o fato com indignação, 23% com indiferença e 4% apoiam a polícia. 

Governo 

Os entrevistados também opinaram em relação à atenção do Governo do Estado no combate à violência policial e 26% acham que a equipe de Tarcísio de Freitas tem feito o suficiente para evitá-la. Outros 74%, todavia, acreditam que o governo não tem feito o suficiente para mudar o quadro. Dos entrevistados, 77% acreditam que a polícia deveria ser mais fiscalizada em suas ações, o que poderia coibir atos violentos por parte dos agentes públicos. 

Confiança 

A pesquisa também procurou saber como anda a confiança dos entrevistados em relação à polícia paulista. Nesse quesito, 76% dos entrevistados afirmaram confiar muito ou pouco e apenas 23% manifestaram desconfiança. 

Na conclusão das entrevistas, os pesquisadores pediram uma avaliação do trabalho da polícia paulista. Muito eficiente ou eficiente foi a opinião de 15% dos entrevistados, enquanto 51% acham regular e 32% consideram ineficiente ou muito ineficiente. Independente de concordarem ou não, as Polícias Militar e Civil têm mais um instrumento para avaliar seu trabalho e direcionar suas ações, buscando combater excessos. 

 

Resultado Positivo 

Especialista em Segurança Pública e coronel da reserva da Polícia Militar, Marco Aurélio Gritti se disse satisfeito com a avaliação da pesquisa feita pela Badra Comunicação. Para ele, o resultado, de forma geral, foi positivo sobre a imagem das Instituições policiais, sobretudo o trabalho mais próximo da comunidade, o realizado nas ruas, inserido na realidade social.  

“71% disseram nunca ter presenciado um ato de violência policial”, observa o especialista em Segurança Pública, Marco Aurélio Gritti, que considerou o resultado positivo (Alfredo Risk)

“As Polícias Militares sofrem há décadas com a tentativa de enfraquecimento de sua imagem institucional por partidos políticos e pessoas de ideologia progressista, que buscam, sem critérios técnicos, questionar sua formação e investidura militares. O questionamento é meramente ideológico, pois interessa doutrinar as instituições por meio do sindicalismo e da atuação político partidária, temas esses proibidos aos militares pela Carta Constitucional”, explica. 

O especialista entende que, no cenário progressista, importa mais a ênfase aos desvios de conduta que, pontualmente, ocorrem e merecem ser punidos, do que as milhares de ações diárias que visam preservar o patrimônio e proteger vidas. 

“Além disso, o país atravessa a maior crise de impunidade de sua história, mercê da falta de adequação da lei penal à covarde e violenta ação dos criminosos, impondo terror e tortura às vítimas, agravada pela ramificação do crime organizado em todas as esferas sociais”, diz Gritti. 

O coronel aposentado da PM acredita que as instituições policiais foram eficazes no sentido de promover a percepção de credibilidade e segurança para a maioria dos entrevistados, quando analisados alguns números. 

“Na pesquisa, consta que 87% dos entrevistados disseram jamais terem evitado passar por determinado lugar, com medo de serem abordados pela polícia. Não obstante, quando se trata de percepção de desvios de conduta, os quais, friso, não são tolerados e merecem ser punidos, a maioria dos entrevistados nunca os presenciou. Na pesquisa, 71% dizem nunca terem presenciado um ato de violência policial”, observa Gritti. 

Ele também analisa que os resultados encontram lastro no trabalho das polícias na proteção social e cita como exemplo números expressivos da PM em 2024, veiculado no perfil do Facebook da Corporação, quando 18 milhões de chamadas pediram ajuda através do telefone 190, além da prisão de 129 mil pessoas e da apreensão de 193 toneladas de drogas. 

“Creio que mesmo diante do complexo cenário enfrentado pelas forças policiais a maioria dos entrevistados reconhece e acredita no trabalho policial, por entender que fortalecer as polícias implica enfraquecer os criminosos.” 

O especialista em Segurança Pública lembra que, tão importante quanto reconhecer e confiar nas polícias, é integrar-se a elas e participar de suas decisões através dos Conselhos de Segurança comunitários e demais entidades representativas da sociedade, na busca do aperfeiçoamento técnico dos profissionais e da melhoria da prestação de serviço às pessoas. 

 

SSP não comenta estudos 

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que não comenta estudos cuja metodologia desconhece. A pasta garantiu acompanhar de perto os dados de criminalidade, reiterando seus compromissos com a redução da violência. 

“As forças de segurança paulistas têm trabalhado em ações de combate aos crimes de roubos e furtos com foco na prevenção e no aumento da presença policial nos pontos mais vulneráveis do Estado e da Capital. As polícias paulistas reafirmam seu compromisso inabalável com a legalidade, a ética e o respeito aos direitos fundamentais de todos os cidadãos.” 

O órgão, responsável pelas polícias Militar e Civil, afirma que o trabalho integrado, com o uso de sistemas de inteligência e reforços no policiamento ostensivo, permitiu aumento na produtividade policial em janeiro. A SSP destaca que, em todo o Estado de São Paulo, houve aumento de detenções, apreensões de armas e drogas e de veículos recuperados. 

“No primeiro mês do ano, 18.690 infratores foram presos ou apreendidos. O total representa um aumento de 11,2% na comparação com janeiro do ano passado. O índice de veículos recuperados cresceu 3,8%, chegando a 4.930 automóveis. Também foram retiradas das ruas 1.118 armas de fogo ilegais, 5% a mais no comparativo. Desse total, 33 eram armas de guerra, como fuzis, que estavam nas mãos de criminosos”, conclui a SSP. 

 

 

Postagens relacionadas

Palocci pediu US$ 40 mi à Odebretch

Redação 1

Palmeiras conquista o tri do Paulistão

Redação 10

Piloto de RP é campeão da 8ªEtapa do Superbike Brasil

Redação 2

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade. Aceitar Política de Privacidade

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com