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Pedro II fica iluminado contra a hanseníase

ALFREDO RISK

O Theatro Pedro II de Ri­beirão Preto, terceiro maior tea­tro de ópera do Brasil, entra na campanha “Todos contra a han­seníase”, da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), duran­te o Janeiro Roxo, dedicado a ações de conscientização sobre a hanseníase. A doença está na lista de Doenças Tropicais Ne­gligenciadas (DTN) e os espe­cialistas alertam para a endemia oculta de hanseníase no país. A fachada do teatro ficará ilumina­da de roxo até o dia 10.

Segundo o médico derma­tologista e hansenólogo, Clau­dio Salgado, presidente da SBH, existem de três a cinco vezes mais casos de doentes de hanse­níase no Brasil sem diagnóstico. Isso porque o bacilo causador da hanseníase afeta os nervos e os sinais são confundidos com os de doenças como infarto, diabe­tes, problemas ortopédicos, ar­trite, artrose, fibromialgia, trom­bose etc. O diagnóstico é clínico – o médico avalia vários sinais e sintomas no paciente e pode solicitar exames adicionais. Por ano, cerca de 30.000 novos casos são notificados.

É comum o diagnóstico tardio da doença – o paciente convive com a hanseníase por vários anos sem ser percebido. Hanseníase é uma doença infec­ciosa, causada por um bacilo. A recomendação das autoridades de saúde é que todos os familia­res e pessoas que convivem com um paciente diagnosticado com hanseníase sejam examinados. A chance de diagnóstico chega a ser até oito vezes maior entre os comunicantes.

O presidente da SBH aler­ta que é preocupante o índice zero ou próximo a isso de no­vos diagnósticos em inúmeras localidades brasileiras. “O Bra­sil um país de alta endemicida­de para a hanseníase e a falta de diagnóstico em muitos mu­nicípios implica em pacientes não descobertos, transmitindo a hanseníase. É o que caracte­riza a endemia oculta”.

Na grande maioria das ve­zes, o paciente chega com relato de dores no corpo, formigamen­to ou dormência nos pés ou braços. As manchas esbranqui­çadas ou avermelhadas na pele e que já apresentam diminuição de sensibilidade ao frio, ao calor, ao toque ou mesmo à dor – sinal importante da doença – não fo­ram avaliadas nas inúmeras visi­tas anteriores a serviços de saúde públicos ou particulares.

Os pacientes, geralmente, estão com hanseníase agravan­do dia após dia e transmitindo a seus comunicantes há vários anos – o paciente em tratamen­to regular não transmite mais a doença. Para Nicanor Lopes, presidente da Fundação Dom Pedro II, mantenedora do The­atro Pedro II, “é importante uti­lizarmos as ferramentas dispo­níveis para orientar a população sobre questões de saúde pública e o Pedro II é um instrumento cultural, educativo de inclusão e transformação social”.

O teatro foi inaugurado em 8 de outubro de 1930, so­freu incêndio em 1980 e, após cinco anos de restauração, foi reinaugurado em 1996, quan­do ganhou uma cúpula, com projeto assinado por Tomie Ohtake (1913-2015), e um lus­tre de cristal de 1.400 quilos. É tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histó­rico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

O Pedro II fica no Centro de Ribeirão Preto, no chamado Quarteirão Paulista. “A utiliza­ção de um patrimônio cultural de tamanha importância na campanha ‘Todos contra a han­seníase’ acontece em um mo­mento em que Ribeirão Preto registra aumento significativo de diagnósticos de hanseníase e a participação da sociedade civil em campanhas educativas é uma colaboração essencial no processo de aumento de diagnósticos para que consi­gamos chegar ao controle da doença na localidade”, diz o presidente da SBH.

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