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Pedido de cassação vira caso de polícia

ALFREDO RISK

A vereadora Duda Hidal­go (PT) registrou boletim de ocorrência (BO) na tarde desta quinta-feira, 20 de maio, em que pede apuração criminal por fal­sidade ideológica por acreditar que o pedido de cassação de seu mandato, protocolado na Câ­mara de Ribeirão Preto em 22 de abril, pode ser falso. A parla­mentar afirma que, após investi­gações feitas por seu gabinete, foi constatada a fraude.

O boletim foi lavrado às 15 horas, no 1º Distrito de Polícia de Ribeirão Preto. A parlamen­tar estava acompanhada do de­putado federal Carlos Zarattini (PT). O pedido de cassação de Duda Hidalgo foi protocolado virtualmente por causa da sus­pensão do atendimento pre­sencial por parte do Legislativo, devido à pandemia de corona­vírus. O documento é assinado pela munícipe Maria Eunice Machado da Silvana, dona do Cadastro de Pessoa Física (CPF) número 775.688.931-20.

Ela afirma residir em um apartamento na rua Niterói, no Jardim Castelo Branco, Zona Leste da cidade. Entretanto, a vereadora decidiu investigar quem é a munícipe. O gabine­te de Duda Hidalgo afirma ter descoberto que o número do CPF, segundo a Receita Fede­ral, pertence a Ana Maria Ma­chado e estaria cancelado. Já o endereço que a autora passou também não existiria.
“Registrei o boletim de ocorrência porque estou sendo vítima de perseguição política”, diz a petista.

“Os documentos apresen­tados no pedido de cassação são, no mínimo, questionáveis e estou pedindo para a polícia in­vestigar”, afirma Duda Hidalgo. A indignação da petista foi com­partilhada pelo deputado Car­los Zarattini. “A vereadora está sendo perseguida simplesmente por manifestar suas opiniões. Em um país ‘fake’, com um go­verno federal ‘fake’ e uma direita ‘fake’, não vamos nos calar e cabe a polícia investigar este caso”, diz o deputado Carlos Zarattini.

O pedido de cassação foi enviado para a Coordenadoria Jurídica da Câmara, que verifi­cou sua admissibilidade técnica e jurídica exigida neste tipo de procedimento. No parecer, foi constatado que faltou a com­provação de a autora se tratar de cidadã – ela não protocolou o número do título de eleitor. Em seguida, o relatório e a de­núncia foram encaminhados para o Conselho de Ética do Legislativo arquivar ou adotar as providências necessárias.

O Conselho de Ética, então, decidiu pedir esclarecimentos prévios a Duda Hidalgo para depois decidir o que seria feito. A defesa prévia da parlamentar já foi encaminhada esta sema­na. O colegiado é presidido por Maurício Vila Abranches (PSDB). O vice-presidente é Brando Veiga (Republicanos) e conta ainda com os vereadores Renato Zucoloto (PP), Judeti Zilli (PT, Coletivo Popular) e Sérgio Zerbinato (PSB).

A parlamentar é acusada de utilizar espaços públicos – dois viadutos de Ribeirão Preto – para instalar faixas contra o presidente Jair Bolsonaro por causa de sua atuação no com­bate ao coronavírus. Maria Eu­nice Machado da Silvana diz que outra faixa seria em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por causa da de­cisão do Supremo Tribunal Fe­deral (STF) que o tornou ele­gível para as próximas eleições.

Segundo o pedido de cassa­ção, além de questionar o uso dos espaços públicos em des­cumprimento a Lei Cidade Lim­pa, a munícipe argumenta que um dos assessores da parlamen­tar teria participado do evento em horário em que deveria es­tar trabalhando no Legislativo. Duda Hildalgo também é ob­jeto de uma ação popular im­petrada na 1ª Vara da Fazenda Pública pelo advogado Ale­xandre Ferreira de Sousa, que já foi candidato a prefeito em 2016 pelo PTdoB e a deputado estadual em 2018 pelo Patrio­ta, duas siglas bolsonaristas.

Ele afirma que “no dia 13 de abril e em outras datas, a vere­adora e um de seus assessores parlamentares, durante expe­diente e em descumprimento de suas funções legais, promo­veram a fixação em diversos pontos elevados de dois (via­dutos), sobre vias importantes na cidade de Ribeirão Preto, de faixas com mais de dez metros de comprimento com frases de ataques ao presidente da Re­pública Jair Bolsonaro e outras de apoio ao ex-presidente e ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva”, diz o texto.

A ação também questiona a utilização dos viadutos em desacordo com a lei municipal Cidade Limpa. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) deu parecer pelo acolhimento do pedido inicial da ação. Em abril, Duda Hidalgo disse que “não vamos nos amedrontar, somos mais fortes juntos nessa luta! Continuarei lutando pelos direitos da população e me po­sicionando diante desse cenário tão catastrófico que vivemos hoje. Agradeço a todo apoio que venho recebendo, vocês me fa­zem mais forte!”

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