“Ver com palavras” é a marca da Lívia Motta, que se debruça em estudos sobre Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Ela é a profissional convidada pela Cia. Pé na Tábua para guiar o encontro “Dança e acessibilidade: experimentos em audiodescrição”, que faz parte do Projeto Tripé, de autoria da companhia.
O encontro acontecerá nesta sexta-feira, 28 de maio, e prossegue no sábado (29), na plataforma Google Meet, onde Lívia Motta irá dialogar com artistas interessados na audiodescrição para espetáculos de dança, com foco em possíveis caminhos e aplicações práticas dessa acessibilidade comunicacional.
A audiodescrição se faz cada vez mais necessária entre os produtos artísticos, para que um público diverso possa acessar esse tipo de bem cultural. Dessa maneira, pessoas que por diversos fatores (como faixa etária, genética e doenças crônicas) possuam a experiência de viver com baixa visão ou cegueira, poderão usufruir de um espetáculo de dança, rompendo com o senso comum de que espetáculos de dança se tratam de uma experiência apenas visual.
Este encontro é a segunda atividade do Projeto Tripé, que começou no dia 22, pelo Youtube da Cia. Pé na Tábua, com a mesa temática “Dança e acessibilidade: ensaios para uma prática mais acessível”, com o artista e pesquisador da dança Gabriel Sousa Domingues e a audiodescritora Lívia Motta. Esta mesa temática está disponível no canal do Youtube da Pé na Tábua.
Para simplificar, a audiodescrição pode ser entendida como uma “tradução do visual para o verbal”, na qual o profissional descreve, com riqueza de detalhes, os acontecimentos da cena, como o movimento corporal, expressões faciais, figurino, cenário, iluminação, efeitos especiais ou qualquer mudança no tempo e espaço para que pessoas videntes e não-videntes possam ter uma experiência única da obra assistida.
A Cia Pé na Tábua, que está comemorando 13 anos de trabalho, deseja aprender e compartilhar como espetáculos de dança podem se tornar mais inclusivos e como a audiodescrição pode contribuir nesta mediação, entre obras artísticas, acesso e público com necessidades singulares.
“Com humildade, entendemos que estamos (Cia. Pé na Tábua) chegando agora em discussões há muito tempo levantadas por pessoas que sofrem por reconhecerem que seu acessos estão limitados. O que aparentemente é uma ‘deficiência física ou visual é também uma deficiência social, por estarmos demorando para construir cidades e obras artísticas mais acessíveis por si só, com audiodescrições e língua de sinais fazendo parte do cotidiano de todos”, disse Ana Luiza Yosetake, durante a primeira mesa temática.
O projeto Tripé, que se estende até agosto, com diversas atividades remotas, oferecidas de forma gratuita, tem apoio do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura, Lei Aldir Blanc e Governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Com o objetivo de contribuir na expansão das noções de acessibilidade importantes para o contexto nacional em Dança, a Cia. pretende atuar no campo da comunicação acessível, colocando em foco, principalmente, o uso da língua brasileira de sinais e da audiodescrição em trabalhos artísticos-culturais.
Para seguir nesse caminho plural e consciente, o projeto Tripé engloba ações urgentes para os próximos processos de criação da Cia, e que podem impactar diretamente na inclusão social, tão ou mais urgentes nesse tempo de pandemia.
Além disso, o projeto prevê ações de partilha de processos criativos, uma vez que o pensamento e o debate sobre dramaturgia no campo do sapateado são extremamente escassos. A companhia também se debruça no processo criativo do seu mais recente trabalho cênico, intitulado “Atalhos”, também com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.
A trilha sonora é assinada pelo músico carioca João Callado e o processo conta com a colaboração do percussionista corporal Charles Raszl, do Grupo Barbatuques. Para acompanhar todas as ações em andamento da Cia Pé na Tábua, basta acompanhar as redes sociais @ciapenatabua (Instagram, Facebook e Youtube).